ORCHID NEWS
número 1

Edição especial de Brazilian Orchids


Reabertura do Orquidário do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro


Programa Orquídea

Entrevista com Marta Leitman

Exposição de orquídeas






PROGRAMA ORQUÍDEA

 Reconhecendo a urgente necessidade de dados científicos sobre a fascinante e diversificada flora de orquídeas brasileiras, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro resolveu estabelecer o Programa Orquídea, que visa realizar estudos sobre a reprodução, biologia e diversidade da família Orchidaceae, programa este a ser coordenado pelo Dr. Antonio Toscano Brito, PHD em sistemática de orquídeas, pós graduado pela Universidade of Reading Royal Botanic Garden, Kew, Inglaterra, supervisionado pela bióloga Marta Leitman, graduada pela Universidade do Rio de Janeiro e coordenado pela paisagista Esther Bonder.

Objetivos: Os principais objetivos do Programa Orquídea encontram-se distribuídos em duas fases cronologicamente dependentes:

Fase 1: Set 96 - Set 98
I - Restauração e Ampliação da Estrutura Física do Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Considerando a porção mais interessante aos quase meio milhão de pessoas que visitam anualmente o Jardim Botânico, o Orquidário é composto por uma centenária estufa de vidro orchidary e um ripado em anexo, além de áreas internas.
Após ostentar um período de glória durante a primeira metade deste século, atualmente se faz necessária a completa restauração da estufa de vidro, reforma do ripado, além do tratamento paisagístico e do contorno do orquidário.
Par dar início ao Programa Orquídea , o Governo Federal, através do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA participa com uma importante contrapartida financeira a ser utilizada na reforma do orquidário, sobretudo da imponente estufa de vidro.

II - Recuperação e identificação da coleção de orquídeas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Como componente da campanha "Adote o Jardim Botânico e entre para a história", o Orquidário do Jardim Botânico foi recentemente adotado pelo joalheiro Antonio Bernardo, o qual através de um considerável aporte financeiro, se responsabilizará pela recuperação e manutenção da coleção de orquídeas, assim como pela remuneração de jardineiros, supervisor técnico e coordenador científico.

III - Enriquecimento da coleção de orquídeas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O principal objetivo desta etapa é a edificação da Coleção Nacional de Orquídeas, a ser baseado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Através de intercâmbio com instituições científicas, doações por colecionadores e, sobretudo, através de expedições científicas a vários ecossistemas brasileiros, a Coleção será continuamente enriquecida com novos exemplares e servirá como laboratório vivo a todos aqueles interessados no estudo científico das orquídeas ou simplesmente desejosos de admirá-las. Abrigará, também matrizes produtoras de sementes visando a reprodução de espécies nativas ameaçadas de extinção ou de alto valor científico ou ornamental.

Fase 2: (início out 99)

Esta segunda fase do programa, a ser realizada com recursos próprios do Jardim Botânico, institutos de fomento à pesquisa e parceria com a iniciativa privada, tem como principais objetivos:

I - Reprodução de espécies nativas por sementes, sobretudo espécies raras ou ameaçadas de extinção e daqueles de alto valor ornamental, visando a reintrodução das mesmas ao seu habitat natural e fornecimento de sementes a produtores.
II - Desenvolvimento de pesquisa sobre vários aspectos científicos das orquídeas, sobretudo taxonomia, biologia reprodutiva e aspectos horticulturais.



Clique aquí para ver mais fotos do
Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.



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Entrevista com Marta Leitman



- Marta, gostaria que você nos falasse um pouco da história do orquidário, das dificuldades pelas quais ele tem passado e do empenho que vocês têm feito para recuperá-lo.
- Quanto à questão da estufa em si, não se sabe muito sobre a sua história, sabe-se que ela data do século passado. Temos umas fotos de como ela era antes de ser em vidro e ferro, quando tinha ainda sua estrutura em madeira, mas com o mesmo formato octogonal. A estufa em seu período áureo, tinha uma coleção bastante significativa.
Quando chegamos aqui, em l995, no começo do ano, o orquidário estava aberto mas muito abandonado. Basicamente só tinha samambaias, pteridófitas, que são as que agüentam este calor e esta umidade, as araceaes, antúrios, philodendron, algumas helicônias (da família da bananeira), era tudo que tinha. Havia muitas orquídeas mas presas em tronco, já muito velhas, as touceiras muito abandonadas, com casas de maribondo. Realmente muito abandonadas com apenas uma única pessoa para cuidar de tudo.
Este lugar tem uma manutenção muito difícil, é preciso ter uma quantidade de pessoas trabalhando o tempo todo, associada aos estudos científicos, assim como associada à visitação pública. Só foi possível agora porque o ministério pagou a reforma, e o Antonio Bernardo entrou com a mão-de-obra. Ele está pagando dois jardineiros, dois técnicos, eu e o Toscano, a Ester, que é uma paisagista e que ajuda na outra parte de produção. Enfim, eu acho que com esta estrutura que nós montamos aqui agora, nós vamos conseguir dar continuidade ao orquidário.
Nós temos um projeto, que é aumentar a coleção fazendo com ela seja significativa no universo de orquídeas brasileiras em especial. Em relação às plantas exóticas, nós vamos aceitar doações, mas a idéia não é ter uma coleção. O Jardim Botânico é o um lugar educativo e de conservação. Queremos ter as plantas brasileiras e mostrar isto para o público.
Agora vamos partir para um cronograma de viagens para coletar orquídeas nos diferentes habitats e trazer para cá.

- Como será a relação de vocês com os orquidários comerciais?
- Temos um intercâmbio com um orquidário comercial, a Quinta do Lago, que nos dá toda a parte de instruções e treinamento dos jardineiros. Eles têm também um laboratório, que não temos nem deveremos ter num futuro próximo pois é uma coisa cara, uma coisa muito específica, é realmente um empate de capital grande. Estamos começando e nós acreditamos que este intercâmbio vai nos satisfazer.
A idéia é que eles forneçam esta parte de subsídios na manutenção, no cultivo e na germinação das sementes que nós forneceremos, faremos trocas com espécies que venhamos a coletar, poderemos ceder exemplares, ao mesmo tempo els nós mantém com um pouco de plantas em flor, para o público é muito importante ver muita flor. A maioria das nossas plantas ainda não está em flor, não temos muito o que mostrar ainda e eu acho muito mais interessante, mesmo que não esteja em flor, a variedade de plantas que este universo das orquídeas tem. Desde as microscópicas até as plantas enormes, mas o público gosta de ver estas flores enormes.
De alguma maneira, a Quinta do Lago vai tentar manter um pouco desta mostra para o público e é o que estamos fazendo também com os outros orquidários.
Houve esta exposição para a inauguração e a princípio vamos tentar fazer uma grande exposição duas ou três vezes por ano.

- Vocês farão coletas e classificação de plantas?
- Com referência às coletas nos habitats, a idéia é ter, na coleção, plantas representativas de cada eco-sistema, mesmo que não sejam raras, que sejam comuns e também visamos buscar espécies novas, não catalogadas pois nós sabemos que ainda há muito coisa a ser descrita.
Não temos muita informação sobre a totalidade do acervo que temos no momento. Isto para a ciência é uma coisa muito complicada. Para você identificar uma planta, para ter certeza do nome que você está dando a ela, é importantíssimo saber a procedência e mesmo para entender se o que você está vendo é uma coisa realmente comum ou não é, se está ameaçada. Esta relação da ocorrência delas é super importante e nós não temos nenhuma informação das que temos aqui, não sabemos quem coletou , quando, aonde. É isto que nós queremos começar a fazer, um trabalho básico e bem fundamentado.

- Qual o acervo de vocês, no momento?
- As plantas que temos são as que encontramos aqui, tiramos as touceiras das árvores, pusemos em vaso, as touceiras que ainda estavam boas, nós penduramos o próprio toco, cortando a seção do galho, estamos fazendo um tratamento fito-sanitário pois estava cheio de pragas. Isto também é orientação da Quinta do Lago, de 3 em 3 meses nós fazemos uma pulverização. Praticamente nós já erradicamos as pragas existentes, os defeitos são reminiscências destes ataques. Estamos adubando toda semana e basicamente agora é rega, atenção, ver a que precisa mais luz e que está recebendo menos, ir trocando, sempre rearrumando.

- Haverá uma política de intercâmbio de informações?
- Sem dúvida, já existe um oferecimento. O Toscano fez doutorado em Kew e o orientador dele, Philipp Crib, um grande especialista em orquídeas, já abriu as portas para nós. Está nos mandando publicações, pois nós precisamos muito de bibliografia para poder identificar o que nós temos. Esteve aqui um especialista americano chamado Carl L, que levou muitas flores para identificar e nos manda os desenhos, as identificações.
Quanto à esta parte científica , o intercâmbio existe naturalmente e sempre existiu. O Jardim Botânico é muito considerado mundialmente em termos de sistemática, de modo que este intercâmbio já existe e vai continuar cada vez melhor.

- Vocês irão publicar os trabalhos desenvolvidos aquí?
- A idéia é que aqui se torne um centro de produção científica, como já é o Jardim Botânico, como é a linha da instituição. Nós estamos muito no começo, precisamos conseguir estagiários, equipamentos básicos, que é uma boa lupa com câmera clara para poder observar as flores todas e desenhá-las. Nós estamos começando com o básico que é catalogar o que nós temos aqui. Nós coletamos, descrevemos as características e as cores antes de colocar no álcool, etc. Estamos fazendo o básico mas a idéia é poder seguir nos trabalhos de sistemáticas.

- Como vai ser a captação de recursos para estes projetos?
- Por ser uma experiência pioneira para o Jardim, a parceira com Antonio Bernardo foi feita só por 2 anos mas ele mesmo queria fazer por 5 anos. O diretor achou mais prudente fazer um contrato mais curto e ver os resultados. Independente do patrocínio para manutenção da coleção, nós vamos ter que procurar patrocínio para as excursões, que são caras. Nós temos que ir à Amazônia, ir a lugares distantes e tem que ir com pessoal, isti implica em transporte, diárias, etc.
Nós vamos ter que conseguir também patrocínio para pesquisa porque nós precisamos de algum equipamento, isto a princípio o CNPq nos dá, é só uma questão de começar a pedir bolsistas, equipamentos mas que não é muito caro, um computador, uma lupa , com R$ 15.000, nós podemos ter tudo que precisamos. Não há ainda uma experiência de como tornar o orquidário lucrativo. Outros lugares do mundo o fazem, como por exemplo, o Orquidário do Jardim Botânico de Singapura que é uma coisa fenomenal, tem 5 andares, uma construção gigantesca, a entrada no Jardim Botânico é de graça e a do orquidário é paga. Não sei se eles vendem mudas mas acredito que sim.
Isto seria também uma possibilidade, mas isto tudo é muito recente. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro só teve autonomia do IBAMA agora. Tornou-se um instituto há poucos meses. Gerir a receita, buscar patrocínios, tudo é novidade. Nós estamos engatinhando neste processo mas eu acho que o potencial é enorme.



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Exposição de orquídeas


Para a reinauguração do orquidário foi organizada uma exposição com os criadores e orquidários do Rio de Janeiro.
 Participaram desta primeira exposição os orquidários:
Quinta do Lago
Aranda
Miranda Orchids
Orchid Castle
Central de Orquídeas e Bromélias
Vale Feliz
Florália
OrquidaRio
: que mostrou plantas dos seguintes associados: Raimundo Mesquita, Carlos Gouveia, Raul Sudré e Maria Lúcia.

Principais Prêmios desta 1a Exposição:

Melhor Planta: Cattleya bicolor Minasgeraisense - Quinta do Lago
Melhor Cultivo: Dendrobium - Central de Orquídeas e Bromélias
Melhor Dendrobium: Dendrobium Classic Gem - Central de Orquídeas e Bromélias
Melhor Expositor: Central de Orquídeas e Bromélias
 Melhor Oncidiinae: Beallara tropical - Raimundo Mesquita
Melhor Vandaceous (semiterete) - Aranda
Melhor Vandeaceous (Coerulea): Vanda Gordon Dillon Lea - Vale Feliz
Melhor Cattleya alba e semi alba: C. Empress Bells "Stephenson" - Aranda
Melhor Híbrido Cattleya púrpura : LC Floralia's - Florália
Melhor Paphiopedilum: Aranda



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