TIPOS DE SUBSTRATOS E SUPORTES
PARA ORQUÍDEAS EPÍFITAS
por Delfina de Araujo
Não existe um substrato ideal para todas as orquídeas mas até agora o que mais se aproximou foi o xaxim. O grande desafio atual do cultivo de orquídeas é encontrar-lhe um substituto, pois o xaxim está em vias de ter sua comercialização proibida em razão do processo de extinção da Discksonia selowii que, apesar de vir sendo replantada, ainda apresenta um consumo maior do que a produção, pois seu crescimento é muito lento. Ele é também extraído de espécies do gênero Osmunda, Cyathea e outros.
A proposta é colocar aqui em discussão esta questão através das opiniões de diversos estudiosos, cultivadores amadores e profissionais.
Todo substrato precisa ter algumas propriedades. Ele tem que reter a umidade durante algum tempo sem ficar encharcado, ser capaz de manter a planta firme (uma planta que fica solta nunca terá raízes saudáveis), ser de fácil uso e de longa duração. Outro fator importante é o pH do substrato, a eficácia da absorção do adubo depende de sua acidez.
Certos meios de cultivo tais como cascalhinho, isopor, cortiça, espuma de nylon e a piaçava são inertes pois não apresentam valor nutritivo para a planta, são considerados como mero suportes. A planta precisa receber integralmente os nutrientes através do adubo. Outros meios de cultivo, tais como o xaxim, osmunda, cascas de árvore, esfagno e coxim, são considerados verdadeiros substratos pois apresentam algum valor nutritivo muito embora a planta continue precisando receber um complemento de nutrientes através de uma adubação regular.
Meios de Cultivo inertes
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Argila expandida é o meio de cultivo inerte que exige bastante adubação. Não é recomendado para vasos pequenos (seedlings) pois seca muito rapidamente mas é bastante aconselhada para os vasos grandes e médios, no lugar de pedra brita para formar o fundo de drenagem.
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Cascalhinho: Usado em vaso de barro, de plástico ou de xaxim, misturado ao xaxim desfibrado, indicado para a Cattleya em geral e também para Dendrobium Phalaenopsis mas não é indicado para clima seco pois não retém a umidade.
- Corticeira: Certas espécies de Cattleya, as mesmas indicadas acima e também para Oncidium e Coelogyne.
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Piaçava: A utilizada para o cultivo é sobra do fabrico de vassouras. É um substrato que seca muito depressa, não havendo necessidade de se colocar um fundo de drenagem. Quando se trata de uma planta que necessita de muita umidade, não é possível cultivá-la apenas com piaçava, é preciso misturá-lo com esfagno na proporção de 1/3 de esfagno para 2/3 de piaçava.
Este meio de cultivo não tem valor nutritivo mas sua vantagem reside no seu poder de não reter água, gordura e sujeira em geral, assim como não apresenta resíduo de poeira (como o xaxim desfibrado, por exemplo). Sua decomposição é lenta e permite uma boa aeração desde que não comprimido em excesso quando for feito o reenvasamento.
Indicado principalmente em locais de índices de umidade muito elevados como Petrópolis, por exemplo.
No Rio de Janeiro, não é muito indicado, muitas vezes a planta se recusa a florir. Não se deve mudar uma planta diretamente do xaxim para piaçava pura, é preciso fazer uma adaptação, usando-o primeiramente acompanhado de outro substrato e depois sozinho. É um suporte que foi considerado como promissor mas há orquidários que o haviam adotado e que agora estão em processo de retorno ao sistema antigo de envasamento em xaxim pois não obtiveram a eficiência esperada. Pode ser que em coleção muito pequena apresente um resultado melhor.
substratos
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Carvão vegetal: obtém-se excelente resultado em lugar que chove muito. Não se decompõe e não fica encharcado. Seu defeito é ser muito leve, não segura a planta e em razão de sua porosidade tende a acumular sais minerais sendo esta uma das razões pelas quais tem que ser regado com água pura, com freqüência. Misturado ao xaxim controla um pouco sua acidez , conservando-o por mais tempo pois ele funciona como um filtro.
Bom para plantas que não gostam de água acumulada nas raízes tipo Vanda, Ascocenda, Rhynchostylis e Renanthera.
Não deve ser usado o carvão para a churrasqueira pois não é adequado em razão do tratamento químico que recebe para facilitar a combustão.
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Casca de árvore: Nos trópicos, decompõe-se facilmente por causa da umidade, calor e bactérias. Uma outra preocupação é alta concentração de tanino, elemento prejudicial, que precisa ser eliminado antes de usá-la.
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Casca de peroba: Indicado para certas espécies de Cattleya tais como walkeriana e nobilior.
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Casca de pinus eliottii: É preciso ferver antes de usar para eliminar o tanino e a resina.
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Coxim: é a casca de coco tratada industrialmente e parece conter muitos nutrientes. Antes de usá-lo é preciso que fique imerso em água, renovada diariamente, por, pelo menos, 8 dias para eliminar o tanino. Depois de lavá-lo bem manter em saco plástico, ele não vai se deteriorar mesmo que se leve meses para o seu uso.
O coxim acumula muito adubo em seus tecidos retendo sais minerais em excesso. Só adubar com nitrogênio e aplicar, de 3 em 3 meses, um colher de sopa de uréia dissolvida em 10 litro de água ou uma colher de sobremesa da mistura de farinha de ossos com torta de mamona. Ele precisa estar sempre úmido, ao contrário dos outros substratos que em geral precisam secar entre as regas. Apesar disto requer muito atenção pois ele retém (segundo informações do fabricante) duas vezes o seu peso em água. A camada superior seca e as inferiores conservam a umidade.
Aparentemente tem longa duração (4 anos em lugares de clima muito úmido e até 8 anos em clima mais seco) e é encontrado em cubos, granulado, tiras, placas e bastões, cada um deles tem uma necessidade específica no tocante o número de dias que deverá ficar de molho. Aparentemente tem um resultado mais satisfatório quando usado em vaso de plástico e não de barro dependendo das condições climáticas de cultivo. As instruções que acompanham o produto são bastante satisfatórias.
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Esfagno: ou musgo, especialmente indicado para plantas que gostam de umidade, Odontonia, Sophronitis, Miltonia, Paphiopedilum (na composição do substrato).
Pode-se ser usado para Phalaenopsis, desde que o vaso seja de argila, misturado com xaxim desfibrado e colocado junto à camada de drenagem. Seu uso na parte superior do substrato, é muito perigoso pois pode provocar a podridão da base do caule pela excessiva umidade no local. É de uso fácil e tem uma excelente capacidade de reter umidade mas sua decomposição rápida especialmente quando a planta é fertilizada com freqüência (como é o caso do Phalaenopsis), tornando-se muito difícil mantê-lo vivo. Só pode ser usado em locais fechados para poder-se proporcionar uma rega controlada ou arrisca-se apodrecimento das raízes pela excessiva umidade, em razão das chuvas. Quando começa a esfarelar é sinal de que precisa ser trocado.
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Osmunda: (ou samambaia real) tem a vantagem da longevidade mas tende a levantar-se quando molhado. Muito usada pelos americanos e europeus mas entre nós, nunca foi usada (ou raramente).
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Toco de madeira: é fácil de usar e as plantas dificilmente sofrerão por umidade excessiva apenas amarre as plantas em torno da madeira e estará pronto. Não é ideal para quem vive em regiões secas, pois quase não há retenção de água.
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Xaxim (em placa, palito ou desfibrado): é o mais conhecido e continua como um dos substratos mais usados no Brasil Segura com eficácia a planta e libera alguns nutrientes à medida em que se decompõe. É um ótimo substrato mas é preciso muito cuidado com os fungos que podem ser desenvolver em caso de umidade elevada.
Para conseguir melhores resultados, só usar o desfibrado (ou fibra de xaxim), previamente peneirado para que o pó que se desprende dele seja totalmente eliminado já que pela sua rápida decomposição e retenção de água em demasia pode provocar o apodrecimento das raízes em pouco tempo. Pela mesma razão nunca usar pó de xaxim vendido em pacotes. Após 2 anos de uso, três anos no máximo, deve-se trocá-lo pois ele fica tóxico, tornando-se prejudicial ao cultivo.
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Semente de açaí e semente de pêssego: têm que ser fervidas antes de usar (para não brotarem) e trocadas a cada dois anos, np máximo, pois se deterioram muito rapidamente
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