Waldemar Schelliga
Orquidófilo há mais de 30 anos, possui um orquidário no Rio de Janeiro e outro em Petrópolis.

Sabemos que o senhor tem uma boa experiência no uso do coxim, o senhor poderia falar um pouco sobre isto?

Eu introduzi o uso do coxim em meus orquidários há 5 anos. Isto está sendo feito de uma maneira gradativa. Para cada vaso que eu abro, faço um novo com xaxim e outro com coxim.
Devo dizer que os resultados obtidos são idênticos. Quanto à adubação, também não vejo diferença, uso adubo idêntico para os dois tipos de substrato. Eu só uso a mistura granulada de farinha de ossos, torta e mamona e cinza de madeira nos meses de setembro, janeiro e abril, não aplicando no inverno. Não há outro complemento.
Primeiro eu mergulho o vaso na água, coloco a mistura, rego ligeiramente de modo que o adubo penetre no substrato e não saia totalmente na primeira rega. Tenho atualmente 20% de meus vasos plantados com coxim em cubos.

Qual seriam as vantagens deste substrato?

A aeração das raízes. Ele não pode ser colocado de maneira ordenada, é preciso ser jogado, sem socar, permitindo com isto que o sistema radicular fique devidamente arejado, o que não acontece com o granulado, por exemplo. Com esta apresentação, eu não acho que funciona.
Uma outra vantagem que vejo no coxim é facilidade com ele se desprende das raízes quando começa a se deteriorar, no reenvasamento. Com um jato de água, ele é completamente eliminado das raízes. Elas ficam limpas e então vai-se colocando os cubos novos entre as raízes, nos espaços vagos. Neste caso é extremamente simples. Hoje mesmo eu troquei o coxim de uma Vanda instalada num cachepot de madeira.
É um substrato de longa duração e pode ser usado por 5 anos, praticamente não apodrece ou leva muitos anos para se deteriorar e mantém o pH 5,4 até o fim e neste sentido, ele é superior ao xaxim.

Qual seria a maior desvantagem?

As desvantagens são perfeitamente contornáveis.
Em primeiro lugar, é preciso deixar o coxim de molho, pelo menos 8 dias, trocando a água diariamente para eliminar o tanino, presente na casca do coco. O tanino é altamente prejudicial às raízes mas esta lavagem vai livrar o coxim completamente dele e depois disto estará perfeitamente adequado para o uso, sem acidez e umedecido.
Por outro lado, mesmo com o xaxim, embora não precise deixar de molho tanto tempo, eu tenho praticamente o mesmo cuidado. Primeiro, peneiro para tirar bem o pó e depois lavo muito bem para eliminá-lo totalmente. O ruim do xaxim é justamente a poeira que retém muita umidade e faz apodrecer as raízes. Esta desvantagem, o coxim não tem.
Com relação ao seu uso em si, é preciso aprender a colocar a orquídea nele, a maneira de plantar é diferente. O xaxim, por exemplo, segura mais a planta, ela fica mais amparada. No coxim, é preciso prendê-la bem para que não fique instável. Dá um pouco mais de trabalho. Eu uso os orifícios laterais do vaso para amarrá-la, coloco a traseira da planta bem junto à parede do vaso, entro com um fio pelo orifício próximo, passo-o em torno da planta, saio com ele no mesmo lugar que entrei e amarro em torno do vaso. Faço o mesmo com um dos outros orifícios e se é um vaso que vai ser dependurado, o arame também serve para ajudar a firmá-la.
Sei que tem outros métodos, mas para mim este é eficiente. Como disse, as desvantagens são perfeitamente contornáveis e não inviabilizam a utilização do coxim.

E a retenção de umidade, é boa?

Quanto à retenção de umidade, ela é boa desde que se mantenha a regularidade de rega para conservá-lo sempre úmido. Ele exige uma rega um pouco diferente, este é um cuidado que temos que ter. Contrariamente ao xaxim, por exemplo que precisamos esperar secar para regar novamente, o coxim precisa ser mantido sempre úmido, a superfície seca muito rapidamente. É por esta razão que, no meu entender, ele não é adequado para plantar orquídeas de raízes muito finas tipo Miltonia, Oncidium etc... Neste caso, eu prefiro usar a casca de árvores, tipo corticeira, por exemplo.

E do ponto de vista de nutrição, o senhor o considera eficaz?

Considero o coxim tão eficiente como o xaxim, ambos exigem uma adubação adequada. E, como já disse, eu tenho apenas um sistema de adubação para ambos os substratos e obtenho o mesmo resultado.

O que o senhor acha do uso do coxim granulado e em placas de coxim?

Eu só uso os cubos. Em pó, eu não acho aconselhável pois prejudica a aeração, fica muito compacto e neste caso retém umidade demais. No caso das placas, é justamente o contrário, fica muito ressequida comprometendo as raízes. É muito complicado mantê-la úmida. Para mim, coxim é cubo.

E o que o senhor pensa a respeito das outras opções que temos?

A casca de corticeira, como já disse, é muito boa para Oncidium. Tem outros que são completamente inertes, por exemplo, o cascalhinho, a piaçava e precisam de muita adubação.
O cascalhinho tem retenção zero de umidade, a piaçava conserva pouquíssima umidade, são insuficientes, a umidade tem que ser uniforme.
A piaçava tem uma característica interessante, ela gasta, acaba mas não se deteriora, inclusive ela é usada no norte para fazer amarras de barcos. A casca de pinus me inspira preocupações, a usada aqui não é desinfetada e pode trazer muitas doenças. É muito usada nos Estados Unidos mas a vendida lá é esterilizada.

O senhor consideraria o coxim substituto ideal para o xaxim?

Considero o coxim um substrato perfeitamente adequado e com o qual temos obtido um bom resultado. Com exceção das orquídeas de raízes finas, no meu entender, o coxim é, pelo menos por enquanto, o substituto ideal para o xaxim. Se eu for obrigado a mudar todo o substrato dos orquidários, de uma maneira geral, eu mudo para o coxim mas enquanto houver xaxim, eu vou continuar usando e fazendo como tenho feito até agora, grande parte em xaxim e outra em coxim.




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