Foto: Sergio Araujo

Jorge Verboonen, uma paixão pelas orquídeas.

por
Delfina de Araujo

Jorge Luiz João Verboonen nasceu em Petrópolis, em 20 de novembro de l922 e nos deixou em fevereiro de 2000. Teve uma vida que pode ser resumida na frase de sua esposa, Maria de Lourdes Ferreira Verboonen: "Foi um homem feliz, trabalhou, ganhou sua vida e sustentou sua família com aquilo que mais gostava, as orquídeas. Viveu para a família e para as orquídeas, suas duas alegrias".
Sua paixão pelas orquídeas era tamanha que dona Lourdes diz terem sido elas suas únicas rivais. Jorge Verboonen costumava dizer que não saberia fazer outra coisa na vida que não fosse ligada às orquídeas. Muitas vezes se levantava durante a noite, para, com auxílio de uma lanterna, sair à procura de alguma lagarta ou lesma que estivesse atacando suas plantas.
Sua dedicação à família era tamanha que, no último Natal, embora bastante debilitado pela doença que o maltratou nos últimos quinze anos, fez questão de que houvesse a tradicional ceia da família reunindo filhos, netos, noras, genros e os seus familiares.
De sua boca, ninguém jamais ouviu uma reclamação ou queixa pelo sofrimento que lhe era impingido, amava a vida e lutou por ela o quanto pode.
Há dois anos atrás comemorou suas Bodas de Ouro e como havia prometido à dona Lourdes ir a Paris na passagem desta data, cumpriu sua promessa embora estivesse recém saído de uma séria cirurgia.
Seu amor pelas orquídeas era de tal grandeza que no domingo anterior ao seu falecimento, pediu para dar uma volta pelo orquidário, como para se despedir. Foi até a estufa onde cultivava as espécies de Masdevallia (sua preferida entre todas) e examinou os vasos, admirando as mais bonitas, tecendo seus comentários. Admirou a bancada das Cattleyas e pediu para ver de perto as flores que mais lhe chamaram atenção. Foi até a estufa onde está sua coleção, como não tinha como entrar, pediu à sua esposa que lhe trouxesse as mais bonitas pois ele queria vê-las de perto, tê-las em suas mãos. Visitou a nova estufa e elogiou as condições de cultivo dos vasos que encontrou. Naquela tarde de domingo fez sua despedida de suas plantas. Depois disso, voltou para seu quarto e descansou. Na quarta-feira de manhã, despediu-se de todos.