Entre as plantas
brasileiras que mais variedades apresentam se destaca sem dúvida nenhuma
a Cattleya intermedia e dessas uma das mais lindas e exóticas é
a variedade 'Aquini'.
Nos anos de 1874 a 1876, Antonio J. da Silva Valadares, morador em Porto Alegre,
recebeu de diversos lugares, principalmente arredores de sua cidade, troncos ou
partes de galhos repletos de C. intermedia que instalava em árvores
de sua chácara. A maioria dos troncos era de corticeira (para os gaúchos;
para nós suinã e cientificamente Erytrina) pois, embora elas
também sejam encontradas em grandes touceiras nos pés de butiá,
também conhecida como coqueiro-jataí, muito comum no litoral sul-riograndense,
é aí de difícil coleta, dada a forma como se enraiza nessas
plantas.
Com isso, Valadares enfeitava sua chácara e montava seu orquidário,
um dos primeiros do Rio Grande. Entre as plantas por ele recebidas floresceu uma
diferente, exótica, que chamava a atenção pelo desenho, fugindo
bastante da intermedia tipo. Dos que a viram florida quem mais gostou foi
o apaixonado orquidófilo de então, Francisco D'Aquino, que se mostrou
por demais interessado pela planta. Dada a grande amizade que os unia, a planta
lhe foi oferecida, tendo o Aquino dividido a sua em diversas mudas, que foi aos
poucos distribuindo a outros amigos. Creio que até o Urbano Kley tenha
recebido um corte.
O Francisco D'Aquino
era também amigo e colaborador do Dr. Barbosa Rodrigues, então Diretor
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a quem enviou uma muda para o acervo
e para que fosse classificada.
A planta foi descrita e classificada por Barbosa Rodrigues e registrada em "Plantas
Novas Cultivadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro", como uma nova
espécie (não como variedade), recebendo o nome de Cattleya aquini,
em homenagem ao Francisco D'Aquino, em 1891.
Note-se que o próprio Barbosa Rodrigues a achava muito semelhante à
Cattleya intermedia, o que mais tarde se comprovou, passando a ser classificada
como variedade 'Aquini'.
Essa planta causou grande sucesso na Inglaterra com a sua publicação,
com a respectiva gravura, pela revista "Gardeners' Chronicle", no ano
de 1900. Em 1904 foi exposta pela primeira vez em Londres pelo orquidófilo
amador Lawrence, recebendo um Certificado de Mérito.
Hoje está provado cientificamente tratar-se de uma das inúmeras
variedades de intermedia, que transmite aos seus descendentes os maravilhosos
caracteres, comprovados por enorme quantidade de híbridos, acreditando-se
que o primeiro a aparecer florido foi da firma Stuart Low Co.
Note-se que o grande intervalo de tempo havido entre seu aparecimento, registro
e divulgação universal, deveu-se aos difíceis meios de comunicação
de outrora. Posteriormente apareceram muitas intermédias flameadas (pelória
que aparece nas pétalas), algumas sem a forte coloração,
semelhante ao colorido do lóbulo central do labelo. Falaremos ainda sobre
elas. |
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