Waldemar Scheliga , orquidófilo de longa data e exímio cultivador, vem fazendo parte da família orquidófila fluminense desde os tempos da Sociedade Brasileira de Orquidófilos.
Foi um dos sócios fundadores da OrquidaRio e sempre foi um ativo da colaborador da revista Orquidário, desde o início de sua publicação, seja traduzindo do alemão para o português, artigos de Rudolf Jenny, Karlheinz Senghas, Irene Bock, seja escrevendo seus próprios textos sobre diversos gêneros, fazendo parte da comissão editorial e até dando dicas de cultivo contando seus segredos de adubação.
Vide sua Calista densiflora (ou Dendrobium densiflorum) que floriu maravilhosamente como mostra a foto depois de quase vinte anos de espera.
Que paciência.
 
Foto/Photo: Sergio Araujo


 

 

 
Pequeno perfil profissional:

Durante 47 anos, eu fui gerente de vendas da Bayer do Brasil. Eu me aposentei em l982 e desde então me dedico a cultivar orquídeas.
 
- Por que começou a cultivar orquídeas? Qual foi o momento mágico da atração?

Eu comecei em l944. Eu tinha acabado de construir minha casa em Teresópolis. Encontrei lá uma velha pereira cheia de orquídeas, uma orquídea amarela, miúda que eu nunca cheguei a classificá-la.
 
Na mesma ocasião minha mulher plantou um pé de jacarandá que se desenvolveu muito bem e, um belo dia, apareceu lá em cima, espontaneamente, um Oncidium crispum, muito bonito.
Eu quis tirar para cultivar em casa e tive que arranjar uma escada da companhia telefônica. Eu não conhecia orquídea e esta planta acabou morrendo, pois não teve o trato necessário na hora em que foi retirada e replantada.
Daí em diante comecei me interessar.
  Photo/Foto: Coleção Carlos Eduardo

  - Quantas plantas possui?

 
Atualmente possuo, mais ou menos, 2.500 plantas sendo que 1.000 aqui no Rio e 1.500 em Petrópolis.
Estou com 87 anos e a idade já não me permite tomar conta de reenvasamento e fazer outros trabalhos necessários, então estou procurando reduzir a quantidade de orquídeas.
Uma boa parte eu já passei adiante, mas me sobraram muitas.

  - Quais as orquídeas que você mais cultiva?

Arpophyllum spicatum  
Praticamente cultivo de tudo, de muitas espécies, muitos híbridos.
Possuo uma coleção eclética.
Callista densiflora (Wall) Brieg.  

  - Qual a planta preferida, entre as suas?  
  A que eu mais gosto é a Cattleya maxima.  
 
Também gosto muito de uma que se desenvolveu muito bem em Petrópolis:
o Phaius tankervilleae.
Cheguei a ter 26 vasos dele.
Esta é uma das que passei adiante, pois são vasos muito grandes e não tenho condições de reenvasar.
Phaius tankervilleae

- Quanto tempo você gasta cuidando das orquídeas, por dia?

Quando vou a Petrópolis, gasto praticamente o dia todo. Aqui no Rio, uma tarde, uma vez por semana.


- Houve alguma inspiração ou alguém que lhe inspirou a começar a cultivar orquídeas?


Eu tinha um tio, Abílio, que fazia parte da sociedade orquidófila e ele ia para lá e levava suas plantas bonitas para mostrar. Um dia ele me levou para ajudá-lo com duas plantas. Ele levava uma planta e eu levava outra. Fomos de bonde, todo mundo olhando. Este meu tio português era muito falante e começou a falar para todo mundo ouvir, fazendo um verdadeiro comício sobre as orquídeas. Este foi meu primeiro contato com as orquídeas, na década de 20.
Depois, nunca mais pensei nisto e só vim a ter contato de novo com as orquídeas quando fiz a casa em Teresópolis e aí sim, comecei a me interessar em seu cultivo.



Há quantos anos cultiva orquídeas?

São 57 anos de cultivo.


Existe alguma história ou caso ligado à sua relação com as orquídeas que você queira nos contar?

Uma vez, Ivana me pediu para reenvasar as plantas dela, junto com Alex Sauer. Foi uma semana de convivência e de ajuda. Isto é que é interessante: a ajuda que um presta ao outro.


Quais são as condições climáticas encontradas em seu ambiente de cultivo?

Eu procuro manter as plantas de acordo com as condições exigidas. Lá em Petrópolis, as plantas de clima frio e aqui no Rio, as de clima mais quente. Aqui eu tenho, principalmente, Ascodenda, Vandas, Aerides, Phalaenopsis e algumas híbridas. Uma híbrida que floresce muito bem aqui é Lc Molly Tyler.
Lá em Petrópolis, uma outra orquídea que se desenvolveu muito bem foi o Phragmipedium longifolium, que floresce continuamente, durante o ano inteiro. É uma touceira enorme que está no momento com 7 inflorescências.



- Diz-se que a orquidofilia é uma manifestação branda de loucura.
Você já fez alguma loucura orquidófila?


Já. Paguei R$ 700,00 por um planta. Foi a maior loucura que fiz. Uma Cattleya schilleriana var. coerulea. Valeu a pena.

 
Você teria alguma dica de cultivo sua que pudesse compartilhar conosco?

Poderia ser o sistema de adubagem que emprego, que foi o que deu mais resultado. Desde que o uso , o cultivo levantou muito. Basicamente seria 1 medida de torta de mamona, 1 de farinha de ossos e 1 de cinza. Misturo tudo e depois eu ponho um pouco de água.
Hoje em dia cheguei à conclusão de que não precisa de muita água, apenas o suficiente para ficar granulado, tipo farofa. Dentro de poucos dias, a mistura seca, mas não deixo secar completamente pois fica muito difícil de ser umectada. Quando está úmida, bate a água da rega e vai para baixo, para o substrato. Uso em setembro, dezembro e março e não uso no inverno.




- Muito obrigado, Waldemar Scheliga.
Phragmipedium x schroederae. Foto/Photo: F. Miranda
     

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