Photo: Sergio Araujo

Brassavola tuberculata Hook
Sinônimos:
- Brassavola perrinii (Rchb.f.)   Lindl.
- Brassavola fragrans Lem.
- Brassavola gibbsiana Williams.

  Photo: Sergio Araujo  A Brassavola tuberculata Hook crescia em toda a costa da cidade do Rio de Janeiro, onde se deu sua descoberta por Harrison, por volta de l825, em uma pedra em Botafogo.
Suas flores são branco-esverdeadas ou branco-amareladas e seu labelo é verde claro em sua base. Cada inflorescência pode trazer 1 ou 2 flores e têm um agradável perfume no período noturno.
Sua floração começa no inverno podendo se estender até meados primavera. Eventualmente, floresce fora de época.
Suas folhas, dependendo das condições climáticas, variam de comprimento e de espessura, a partir de 12cm até 24cm. Elas são roliças, profundamente sulcadas e carnosas, conhecidas vulgarmente como "rabo de rato", embora este termo se aplique também a outros gêneros.

 
Ainda hoje,
em plena
Avenida Atlântica,
no bairro do Leme,
na cidade do Rio de Janeiro,
mais precisamente no Morro do Leme,
uma população de Brassavola tuberculata resiste bravamente,
Photo: Sergio Araujo
  Photo: Sergio Araujo  

 

crescendo ora diretamente nas pedras
íngremes expondo suas raízes e folhas,
ora nos sulcos de pedras, sem substrato
ou num amontoado de detritos vegetais
retidos por uma espécie de cacto que é
seu companheiro neste habitat.
Cresce como rupícola ao sabor do sol,
mas o vento e umidade marinhos
compensam a hostilidade do ambiente.
Photo: Sergio Araujo
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  Photo: Sergio Araujo
É interessante notar que o lado do morro que faceia o mar, conseqüentemente, mais exposto ao vento marítimo direto, não apresenta, atualmente, nenhum indivíduo, fazendo-nos crer que, se não for pelo fato de ser menos íngreme e portanto mais exposto à coleta, não aprecia o forte vento direto.

  A parte oposta a esta, de parede muito íngreme, recebendo sol o dia inteiro é mais rica em indivíduos apresentando uma população ainda bem grande, de pequenos e grandes tufos que brotam da rocha e ficam ali pendurados. Photo: Sergio Araujo
  Photo: Sergio Araujo  


  Photo: Sergio Araujo Logo abaixo e dando frente para esta face da rocha, uma pequena mata ajuda também a manter a umidade do ambiente. Na face intermediária (entre que a dá diretamente para o mar e que dá para mata) há também ocorrência a partir de aproximadamente 4 metros de altura, embora sem a mesma quantidade de indivíduos encontrada na face mais rica.

  No passado, a Brassavola tuberculata foi coletada no morro do Pão do Açúcar, Pedra da Urca, na Praia Vermelha, em morro no Flamengo e de Botafogo, nas restingas do Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá e nos arredores da cidade do Rio.
Em estudo datado de l966, Pabst cita material examinado originado da Pedra da Urca, na Praia Vermelha, florindo de maio a junho.

 

  Alguns estudiosos consideram a Brassavola perrinii como sinônimo de Brassavola tuberculata. Outros, embora admitindo que sejam bem próximas e suas flores sejam idênticas, acham que, do ponto de vista botânico, elas são diferentes.
Se para os botânicos, ainda existe este dúvida, para seus cultivadores, ela não se coloca. Para eles, as diferenças constatadas se suficientes para se separar uma espécie da outra, tratando-as culturalmente de outra forma.

Brassavola considerada como perrinii
  Brassavola tuberculata parece ser mais tolerante aos raios solares, suas folhas são menores em comprimento e em espessura e apresenta apenas uma ou duas flores em rácimo curto.
Por outro lado, a considerada como Brassavola perrinii vegeta no estado do Rio de Janeiro, próxima ao mar, em área de restinga mas bastante protegida pelas copas das árvores e apresenta de 3 a 6 flores por haste, suas folhas são mais longas e mais grossas atingindo mais de 25cm podendo chegar até 50cm.
Na restinga de Massabamba, no estado do Rio do Janeiro, vegeta como epífita (*) crescendo dentro de moitas com muita luz mas pouco sol direto.
De qualquer modo não se pode falar simplesmente que a Brassavola tuberculata é rupicula e a Brassavola perrinii é epífita pois Hoehne, que as considerava como duas espécies válidas, descreve esta última como ocorrendo em enormes maciços de granito em Santa Catarina (Iconografia das Orchidáceas do Brasil, página 72), assim como em terreno de cerrado típico em Minas Gerias, não deixando claro qual seu hábito vegetativo (Idem - página 105).
Considerando-as como sinônimos e não como duas espécies válidas, a literatura nos informa que no estado do Rio de Janeiro, ocorre nas restingas de Cabo Frio e Araruama. Fora deste estado, tem sua ocorrência confirmada em, pelo menos, 10 outros estados: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe.
No Espírito Santo ocorre ao longe de toda a sua costa desde a divisa ao sul com o estado do Rio de Janeiro até ao norte com o estado da Bahia (e também em área de restinga).
Segundo Pabst, ocorre nas províncias ecológicas I, II e III, geograficamente, no Brasil, a província I abrange a Serra do Mar. A província II abrange as regiões quentes da costa à bacia da Amazônia e é caracterizada pelo clima tropical quente e úmido e a terceira se localiza no Planalto Central, região típica de cerrado (planaltos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso).
Acredita-se que seja endêmica para o Brasil, embora haja relatos não confirmados de sua ocorrência na Bolívia e Paraguai.
Curiosamente, Hoehne, em Iconografia das Orchidaceas do Brasil, fala da ocorrência de híbrido de Brassavola perrinii com Laelia purpurata, em Florianópolis, Santa Catarina, em área rochosa de 20-30m de altura. Pabst, em sua grande obra, não cita este híbrido.
No estado de Alagoas, foi constatada também a ocorrência de um híbrido com Cattleya granulosa Lindl. e em Pernambuco também há relato de nova ocorrência.

Apresenta um índice alto de híbridos naturais intergenéricos:
Brassocattleya X araujoi Pabst & Mello (l977) (com a Cattleya forbesii Lindl.) - Rio de Janeiro
Brassocattleya X fregoniana L. C. Menezes (2000) (com a Cattleya guttata Lindl.) - Espírito Santo
Brassocattleya X lindleyana (Rchb. f.) Rolfe (com a Cattleya intermedia Grah. ex Hook) - Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Brassocattleya X miranda L.C. Menezes (l988) (com a Cattleya warneri T. Moore)
Brassocattlyea X tramandahy Hort. (com a Cattleya leopoldii Verschaff. ex Lem.) Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Considerada como uma planta de fácil cultivo, no entanto, requer certos cuidados pois, apesar de vegetar a pleno sol, colada na pedra, seu ambiente é muito ventilado pela brisa do mar e pela queda de temperatura noturna, mantendo assim a umidade ambiental necessária para a boa saúde de suas raízes, protegendo-as da secura extrema ou da umidade excessiva.
Em cultivo, o ambiente deve claro ou levemente sombreado, com muita umidade.
Precisa ser bastante regada no período de crescimento, com redução durante o inverno.
É necessário muito cuidado para prover à planta alternância de secura/umidade em suas raízes, a exemplo do que ocorre na natureza.
Em geral é cultivada em placas, palitos de xaxim ou tocos de madeira com casca, de preferência rugosa. Em árvores vivas, desenvolve-se muito bem em mangueiras, mulungus e outras espécies. Ao cultivá-la em árvores, assentá-la em um pouco xaxim desfibrado para facilitar seu enraizamento inicial.
Levando-se em consideração que as condições em que vegetam nas pedras e nas restingas são muito diferentes com relação à incidência de luz, torna-se necessário saber a sua origem para que se propicie uma luminosidade adequada, embora grande parte dos cultivadores reconheçam exatamente do que se trata, só de ver o crescimento vegetativo.


  Bibliografia:
- Revista Orquídea, Setembro-Outubro l966, página 277, G.F. J Pabst.
- Ecologia, Fitogeografia e Conservação das Orchidaceae da Restinga do Estado do Espírito Santo, Claudio   Nicoletti de Fraga, Pós-graduçaão em Ciências Biológicas (Botânica) da UFRJ, ano 2.000.
- Jim & Barbara McQueen, Orchids of Brazil,
- João Siegrfied Decker, Cultura das Orquídeas no Brasil, Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado   de São Paulo.
- Orchidaceae Brasiliensis - G. F. Pabst & F. Dungs, Alemanha, l977, Vol. I
- (*) Maria da Penha Fagnani e Carlos Ivan da Silva Siqueira "Orquídeas da Restinga" - Revista Orquidário
   Volume 6, nº 2, l992



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