Foto/Photo: Francisco Miranda
(foto:FM)
CERRADO (SAVANA)

  Abrange quase 25% do território brasileiro, ou seja, aproximadamente 2 milhões de km² e se situa no planalto central do Brasil, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, atingindo parte de diversos outros estados como Paraná, Maranhão, Piauí, São Paulo. Em seu interior nascem os rios do Pantanal e também parte dos rios da Amazônia.
Possui duas estações bem definidas: uma chuvosa e uma extremamente seca que pode durar até sete meses. Neste período, o sereno da noite é a fonte de umidade.
Sua vegetação é composta de formações arbustivas e herbáceas. Suas árvores são de porte médio (indo de 3 a 6 metros e, eventualmente, a 10m de altura), retorcidas e de folhas coriáceas. Possuem uma casca espessa, rugosa que as protege contra as freqüentes queimadas. De solo arenoso e profundo, seus lençóis freáticos são relativamente rasos, 20m de profundidade, permitindo que as árvores lancem suas raízes à procura de água. Tudo isto faz com apenas as espécies consigam sobreviver e a se adapar a este ambiente tão inóspito. É uma área sujeita a incêndios freqüentes (espontâneos e provocados), mas rapidamente que se recupera, tão logo começa a estação chuvosa.
Uma grande parte das orquídeas são terrestres que perdem suas folhas durante o período de seca e voltam a brotar logo após as chuvas.
  Foto/Photo: Francisco Miranda
Cyrtopodium saintlegerianum em palmeira (foto:FM)
Do Cerrado também vem um dos mais bonitos gêneros brasileiros, o Cyrtopodium.
"...o Cyrtopodium que, embora amplamente distribuído pelo continente americano, apresenta sua maior concentração na região centro-oeste do Brasil, particularmente no Planalto Central cuja distribuição geográfica tem aí seu centro com o maior número de espécies." (Lou Menezes, in Orquídeas, Genus Cyrtopodium, Espécies Brasileiras)

Algumas espécies de Cyrtopodium: blanchetii, braemii, brandonianum, eugenii, fowliei, gonzalezii, parviflorum, poecilum, saintlegerianum (epífita), triste, virescens, withenerii. Além deles, ocorrem também:
  Bletia catenulata, Bulbophyllum, Bifrenaria tyrianthina, Campylocentrum aciculatum e outras espécies, Catasetum ariquemense, barbatum, galeritum, longifolium, rooseveltianum, saccatum, spitzii, vinaceum,
 
Foto/Photo: Sergio Araujo
Cattleya walkeriana (foto:SA)

Cattleya nobilior, bicolor subs. brasiliensis, walkeriana, Cyclopogon (diversas espécies), Cycnoches haagii, Encyclia flava, patens, Erythrodes, Eulophia alta, Galeandra beyrichii, lacustris , Habenaria (grande concentração), Isochilus linearis, Lockhartia lunifera, Mormodes auriculata, sinuata, Notylia,
Foto/Photo: Sergio Araujo
Cattleya nobilior (foto:SA)
 
Foto/Photo: Sergio Araujo
Oncidium jonesianum (foto:SA)
Oncidium blanchetti, cebolleta, fuscopetalum, jonesianum, macropetalum, pumilum spilopterum, Pelexia (diversas espécies), Phragmipedium caricinum, longifolium, vittatum, Polystachya concreta, Sarcoglottis biflora e outras espécies, Sophronitis cernua, Stelis.
O cerrado também não é homogêneo e possui diversas fisionomias com
Foto/Photo: Sergio Araujo
Oncidium spilopterum (foto:SA)
  características florísticas diferentes. "É subdividido em quatro grupos de formação, Savana Florestada (Cerradão), Savana Arborizada (Campo cerrado), Savana Parque e Savana Gramíneo-Lenhosa" (extraído do Manual Técnico da Vegetação Brasileira, IBGE)
  Ainda com o objetivo de conhecer um pouco mais este ecossistema, vejamos o que Pabst teve a dizer a respeito desta área corresponde à chamada terceira província ecológica das orquídeas:
"...Estando situada no interior do continente, onde não há influência dos ventos marítimos, em altitude que variam de 500 a 1.000m , os terrenos são ligeiramente ondulados ou planos, com poucas serras de meia altura. As chamadas chapadas, elevações bem mais altas, isoladas nas florestas, planas como uma mesa, também fazem parte desta província. Climaticamente esta região é caracterizada por dias quentes e secos e noites muito frescas. A oscilação da temperatura entre o dia e a noite e entre o verão e o inverno é muito acentuada. Quedas de temperatura, em 12 horas de 35º C para Oº não são raridade. Se compararmos a oscilação de temperatura em outras províncias, 15º na Amazônia, 20º na Serra no Mar e 15º na região fria, veremos que se trata de uma região onde se alternam fortes extremos. As orquídeas epífitas preferem as estreitas matas ciliares que acompanham os rios por centenas de quilômetros. Estas matas funcionam como vias de migração de orquídeas
".


Campos de Altitude
  Foto/Photo: Francisco Miranda
Chapada de Diamantina (foto:FM)
A Serra (Cadeia) do Espinhaço que vai do estado de Minas Gerais (desde Ouro Preto) até a Bahia, dela também fazendo parte a Chapada da Diamantina(e serra do Sincorá), abriga os chamados "campos de altitude" ou "campos rupestres".
São lugares com altitude superior a 1.000 m. e localizados nas serras encravadas em região de cerrado.Sua vegetação é característica e composta de gramíneas e plantas baixas, sobretudo da família Melastomatacea, Ericaceae, Bromeliacea, Asteraceae, Myrtaceae, Poaceae, Velloziaceae, Fabaceae, tendo espécies em comum com a vegetação do cerrado, que ocorre
  Foto/Photo: Francisco Miranda
Serra do Sincorá (foto:FM)
próximo, porém em altitudes mais baixas.
"Essas serras são do período pré-cambriano, quer dizer, muito antigas, do início da formação do mundo e já foram muito erodidas. Podemos ver que temos nestes campos de altitude, areia, como se fosse areia da praia, porque a decomposição da rocha, a lixiviação vai tirando os outros elementos e ficando só o quartzo"
(Extaído da palestra de Carlos Eduardo de Britto Pereira, palestra sobre habitats brasileiros, no Jardim Botânico, em setembro 2002).
  Foto/Photo: Francisco Miranda
Serra do Sincorá (foto:FM)
Pelo fato de ser rochoso, arenoso, raso possibilita uma drenagem muito rápida mesmo em tempo de chuva ou do sereno da noite. É habitat de quase todas as Laelias rupícolas em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Nestes locais, elas vegetam sobre a pedra nua ou nas fendas onde há uma mistura de areia com matéria orgânica em decomposição. A variação de temperatura é muito grande chegando a mais de 40ºC durante o dia e queda noturna chegando 0° C.
 
Foto/Photo: Francisco Miranda
Oncidium spilopterum na serra do Cipó (foto:FM)
 
Inclui a Serra do Cipó,
Caraça (2.000m),
Moeda,
Ouro Branco,
Piedade (1.700m).
Foto/Photo: Francisco Miranda
Laelia crispa e Pleurothallis teres na serra da Piedade (foto:FM)
  Francisco Miranda, em "Orchids' Map Over the Continent", abordou 4 áreas , sendo as três primeiras em Minas Gerais:
A primeira, perto de Belo Horizonte; a 2a. na Serra do Cipó; a terceira em torno de Gouvea e Dimantina e a última na Chapada Diamantina, na Bahia.
 
Foto/Photo: Sergio Araujo
Laelia endesfeldzii (foto:SA)
Foto/Photo: Sergio Araujo
Laelia (rupícola) (foto:SA)
Foto/Photo: Sergio Araujo
Laelia fournieri (foto:SA)
  Neste artigo, ele relata a ocorrência das espécies abaixo (entre outras):
Bifrenaria thyrianthina, Bulbophyllum warmingianum, weddellii, Cattleya bicolor, walkeriana, espécies de Cleistes, Comparettia coccinea, Constantia cipoensis, cristinae, Cyrtopodium aliciae, parviflorum, Elleanthus sp. Epistephium sclerophyllum, Epidendrum campestre, ellipticum, filicaule,saxatile, Encyclia duvenii, Grobya amherstiae, espécies de Habenaria, Laelia angereri, bradei, caulescens, crispata,endsfeldzii, esalqueana, fournieri, ghinllanyi, hispidula, itambana, jongheana, kettieana, liliputana, longipes, lundi, milleri, pumila, reginae, sanguiloba, sincorana, Malaxis sp, Masdevalia infracta, Maxillaria ochroleuca e outras espécies, espécies de Octomeria, Oncidium blanchetti, gracile, hidrophyllum,,jonesianum, spilopterum, warmingii e espécies da seção walueva e crispa, Prosthechea faresiana, vespa, Pleurothallis grobyi, prolifera, teres, espécies de Prescottia, Promenaea, Sacoila lanceolata, Scuticaria irwiniana, Sophronitis brevipedunculata, espécies de Stelis, Sophronitella violacea, Sophronitis cernua, espécies de Stenorrhynchus, Vanilla sp. Zygopetalum mackay, microphytum.
 
Foto/Photo: Sergio Araujo
Laelia ghillany (foto:SA)
Foto/Photo: Sergio Araujo
Laelia briegeri (foto:SA)
  Sobre o cerrado consultar no Orchid News º 7, a entrevista com Lou Menezes e no Orchid New nº 9, uma entrevista com dona Maria Werneck, ilustradora botânica.
Sobre campos de altitude onde há minério de ferro - cangas - consultar Orchid News nº 13 e a Revista Orquidário, Volume 15/2 - 2001 - artigos de Kleber Lacerda


continua