Em l828, o gênero Encyclia foi descrito, por Hooker que fez sua publicação no Botanical Magazine mas somente em l914, sua revalidação foi proposta por Schlecther.

Em l838, o gênero Prosthechea foi proposto e descrito por Knowles & Westc. No entanto, não foi utilizado até ser reestabelecido, em l997, por W.E. Higgins.

Toda a controvérsia em torno deste gênero faz-nos remontar ao princípio da história da classificação da orquídeas, com Linnaeus quando estabeleceu, em 1753, o gênero Epidendrum (que quer dizer vivendo em cima das árvores) abrigando um número muito grande de plantas que, morfologicamente, eram muito diferentes. Assim, ele, como muitos outros que vieram depois, colocou uma quantidade enorme de orquídeas dentro deste gênero. No decorrer dos séculos, com o avanço dos estudos, novos gêneros foram sendo criados e as espécies foram sendo dele transferidas para fazerem parte dos gêneros mais adequados às suas características. Assim aconteceu com a Cattleya amethystoglossa inicialmente descrita como Epidendrum amethystoglossum, com a Cattleya dolosa, Cattleya aurantiaca.

Muitos outros gêneros já tiveram suas espécies classificadas como Epidendrum como, por exemplo, espécies de Stelis, Vanilla, Oncidium, Schomburgkia, Cochleanthes, Coryanthes, Cyrtopodium, Sophronitis, Lockhartia e Bletia.
Com estas modificações, pouco a pouco, dentro do gênero Epidendrum, só ficaram as espécies realmente bem próximas, as mais distantes migraram todas para o seu adequado gênero. Assim muitas espécies que foram posteriormente transferidas para o gênero Encyclia (e, algumas, mais recentemente para Prosthechea) ali permaneceram por muito tempo, não satisfazendo completamente os estudiosos que, embora reconhecendo a proximidade destas espécies, viam nelas diferenças suficientes para novas modificações e continuaram na busca de novos caminhos para uma classificação mais adequada. Dos novos gêneros eram propostos, uma grande parte não conseguiu se estabelecer realmente como podemos constatar no resumo histórico a seguir:

Em l828, Encyclia Hooker mas não foi utilizado até sua revalidação por Schlecther.

Em l838, o gênero Prosthechea foi proposto e descrito por Knowles & Westc. Não foi utilizado.

Em 1841, Heynold adotou um nome proposto por Lindley (retirado de Epidendrum subg. Hormidium Lindl.), Hormidium e nele colocou apenas uma espécie [Hormidium uniflorum (Lindl.) Heynh, hoje Prosthechea pygmaea (Hook.) W.E. Higgins]. Depois disto, e até l982, outras espécies foram sucessivamente classificadas dentro deste gênero, mas continuavam a serem chamadas de Epidendrum ou Encyclia.

Em l842, o gênero Anacheilium foi proposto por Reichenbach (ex Hoffmanns) mas não foi utilizado, permanecendo como sinônimo (ver 1981).

Em 1914, Schlechter propôs a revalidação do Encyclia Hook "...transferindo para ele plantas com labelo totalmente livre ou quase, geralmente trilobado abraçando a coluna, e clinândio pouco desenvolvido..."(Guido J. F. Pabst, José Luiz de Araujo Moutinho& Antonio Ventura Pinto, em Reestabelecimento do gênero Anacheilium e revisão do gênero Hormidium Lindl. ex Heynh.).

Em 1939, Acuña tenta revalidar o gênero Anacheilium proposto por Reichenbach (ex Hoffmanns) e transfere o Epidendrum fragrans Sw. para o gênero [Anacheilium fragrans (Sw.) Acuña].
Novamente, não há aceitação desta nomenclatura.

Em l952, Hoehne transfere o Epidendrum tripartitum Vell. com o nome de Encyclia tripartita (Vell.) Hoehne.

Em l955, Lemée coloca o Epidredrum fragrans Sw. como Encyclia fragrans (Se.) Lemée.

Em l961, Dressler transfere espécies para o gênero Encyclia, como, por exemplo, Epidendrum pygmaeum Hook que passa a se chamar Encyclia pygmaea (Hook.) Dressler [hoje Prosthechea pygmaea (Hook.) W.E. Higgins].

Em l972, Pabst continua o trabalho e transfere muitas espécies brasileiras antes classificadas como Epidendrum para o gênero Encyclia.

Em l981, Guido J. F. Pabst, José Luiz de Araujo Moutinho & Antonio Ventura Pinto, restabelecem o gênero Anacheilium Rchb. ex Hoffmanns e fazem uma revisão gênero Hormidium Lindl. ex Heynh. Mas o gênero Anacheilium permaneceu desconhecido da maior parte das pessoas. Elas continuavam a chamar de Epidendrum plantas já transferidas para este e para outros gêneros. Como aconteceu com Epidendrum fragrans, vespa e outros.

Em l997, restabelecimento do gênero Prosthechea Knowles & Westc. por W.E. Higgins.

Destas modificações todas, a que permaneceu foi o conceito do gênero Encyclia mas quando as pessoas estavam se acostumando a classificação de algumas espécies dentro deste gênero (especialmente Encyclia fragrans (Sw.) W.E. Higgins e Encyclia vespa (Vell.) W.E. Higgins], estas e outras espécies foram transferidas para o gênero recentemente revalidado: Prosthechea.

Para confundir um pouco mais, certas espécies são tão próximas umas das outras que, muitas vezes, o registro da ocorrência não é o adequado, toma-se uma pela outra. Em razão do leque de variedades encontradas em algumas espécies e isto muitas vezes, dentro de uma mesma população, supõe-se que se trata de uma espécie nova e como tal é descrita. Quando se constata que, na verdade, é apenas uma variedade de uma espécie já descrita, o nome mais recente (em geral) cai para sinonimia e conserta-se o equívoco através de uma nova publicação. Muitas vezes também, o botânico é levado pela boa fé, como parece ter acontecido com Hoehne quando descreveu Encyclia doeringii que lhe foi entregue como se tivesse sido coletada no estado de São Paulo. Mais tarde, constatou-se que a planta em questão não ocorre no Brasil e já havia sido descrita portanto Encyclia doeringii Hoehne cai para sinonimia. Tratava-se na verdade de Encyclia cordigera (H.B.K.) Dressler que ocorre do México até a Venezuela.

É por estas e outras razões e também porque a botânica não é uma ciência exata e vive em constante mutação que se espera ainda outras alterações. Apesar destas modificações todas, o gênero ainda continua controverso e todo este remanejamento de espécies e sobretudo a questão do sinônimos não obtiveram ainda um consenso dos botânicos e estudiosos. Em nossa listagem, consideramos os estudos feitos por Vitorino Paiva Castro Neto e Marco Antonio Campacci publicados em Icones Orchidacearum Brasiliensis I e posteriores publicações.

Resumidamente o que distingue a Encyclia da Prosthechea é o labelo é soldao à base da coluna na primeira e na segunda é soldado até a metade da coluna. Na Encyclia, a antera é colada lateralmente e na Prosthechea as políneas ficam encaixadas por cima, formando um terceiro elemento.

Alagoas

Encyclia
advena (Rchb. f.) Pôrto & Brade
amicta (Lindl. & Rchb. f.) Schltr
bohnkiana V. P. Castro & Campacci
dichroma (Lindl) Schltr
flava (Lindl.) Porto & Brade
gallopavina (Rchb. f.) Pôrto & Brade
oncidioides (Lindl) Schltr
osmantha (Barb Rodr) Schltr
patens (Hook) Porto & Brade
tripartita (Vell.) Hoehne

Prosthechea
alagoensis (Pabst) W.E. Higgins
fragrans (Sw.) W.E. Higgins
glumacea (Lindl.) W.E. Higgins
pygmaea (Hook.) W.E. Higgins

Minas Gerais

Encyclia
advena (Rchb. f.) Pôrto & Brade
alboxanthina Fowl
amicta (Lindl. & Rchb. f.) Schltr
argentinensis (Speg.) Hoehne
bracteata (Barb. Rodr.) Schlt.
bragrancae Ruschi
dichroma (Lindl) Schltr
duveenii Pabst
euosma (Rchb.f.) Pôrto
flava (Lindl.) Porto & Brade
gallopavina (Rchb. f.) Pôrto & Brade
oncidioides (Lindl) Schltr
osmantha (Barb Rodr) Schltr
patens (Hook) Porto & Brade
pauciflora (Barb. Rodr.) Pôrto & Brade
seidelii Pabst
vellozoana Pabst
widgrenii Lindl

Híbridos Naturais
Encylaelia x intermedia Miranda [Encyclia seidelii Pabst x crispata Lindl (Thunb.) Miranda]
Encyclia x verboonenii V. P. Castro & Campacci [Encyclia osmantha (Barb. Rodr.) Schltr. X Encyclia argentinensis (Speg.) Hoehne]


Prosthechea
allemanii (Barb. Rodr.) W.E. Higgins
allemanoides (Hoehne) W.E. Higgins
bulbosa (Vell.) W.E. Higgins
caetensis (Bicalho) W.E. Higgins
calamaria (Lindl.) W.E. Higgins
faresiana (Bicalho) W.E. Higgins
fragrans (Sw.) W.E. Higgins
moojenii (Pabst) W.E. Higgins
papilio (Vell.) W.E. Higgins
pipio (Rchb. f.) W.E. Higgins
pygmaea (Hook.) W.E. Higgins
regnelliana (Hoehne & Schltr.) W.E. Higgins
sessiliflora (Edwall) W.E. Higgins
suzanensis (Hoehne) W.E. Higgins
vespa (Vell.) W.E. Higgins

Paraná

Encyclia
argentinensis (Speg.) Hoehne
oncidioides (Lindl) Schltr
patens (Hook) Porto & Brade
pauciflora (Barb. Rodr.) Pôrto & Brade
widgrenii Lindls
Prosthechea
bulbosa (Vell.) W.E. Higgins
fragrans (Sw.) W.E. Higgins
fausta (Rchb. f. ex Cogn.) W.E. Higgins
glumacea (Lindl.) W.E. Higgins
punctifera (Rchb. f.) W.E. Higgins
vespa (Vell.) W.E. Higginss

Tocantins

Encyclia
argentinensis (Speg.) Hoehne
flava (Lindl.) Porto & Brade
gallopavina (Rchb. f.) Pôrto & Brade
tocantinense V. P. Castro & Campacci

Híbridos Naturais

Encyclia x alcardoi Vitorino Paiva Castro Netto & Guy Chiron [Encyclia flava (Lindl.) Porto & Brade e Encyclia argentinensis (Speg.) Hoehne]

E mais:

1) Anna Luiza Ilkiu-Borges, André Luiz de R. Cardoso, Euzamar C da S. Lima, Noé C. B. bom Atzingen    "Carajás uma iniciativa de preservação" Revista Orquidário Volume 13 nº 5.
2) Augusto Fernandes Neves "Ao Longo da Chapada." Revista Orquidário Volume 5 nº 4, l991,
3) Eric A Christenson - Notes on Neotropical Orchidaceae II Lindleyana 11(1):12-26 (1996)
4) Eric A Christenson - Natural Changes in Neotropical Orchidaceae. Lindleyana 2(3): 221-223 (l998)
5) Francisco Miranda, Notas sobre Algumas Novas Espécies de Orquídeas" - Encylaelia. Revista    Orquidário 6 (2): (l992).
6) João Batista F. da Silva "Viajando pela Amazônia I a IV Boletim Caob
7) L.C. Menezes - diversos artigos em Revista Orquidário
8) Luiz de Araujo Pereira, Orquídeas de Alagoas.
9) Luiz de Araujo Pereira, Álbum das Orquídeas de Alagoas, Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2000
10) Pedro Ivo Soares Braga, in Bradea, 170/173- Orquídeas das Campinas da Amazônia Brasileira,  Novas      ocorrências para o Brasil e taxa novas para a Ciência.
11) Pedro Ivo Soares Braga, in Bradea 6(35): 293 (1994) - Orquídeas da Amazônia Brasileira - III
12) Vitorino Paiva C. Neto e Marcos Antonio Campacci , diversos artigos de revista Orquidário e CAOB
13) Vitorino Paiva C. Neto e Marcos Antonio Campacci "Uma Nova Espécie de Encyclia do Estado de      Tocantins" Revista Orquidário Volume 10 nº 3, l996
14) Vitorino Paiva C. Neto e Marcos Antonio Campacci "Uma Nova Espécie de Encyclia do Estado da      Bahia" Revista Orquidário Volume 12 nº 1, l998
15) Revista Orquidário volume 7, nº 3, l993, "Orquídeas do Mato Grosso do Sul"
16) Orquídeas de Carajás = Orchids from Carajás/ Companhia Vale do Rio Doce, pesquisas por Luiz C.      Nepoumuceno, Volmar da Silva Cedivanes, Euzamar C. Silveira, Jair Pereira da Silva, l996.
17) Orchidaceae Brasiliensis - G. F. Pabst & F. Dungs, Alemanha, l977, Vol. I e II.
18) Orchids of Venezuela, An Illustrated Field Guide, Dunsterville and Garay, 1979 , 3 volumes
19) Orquídeas do Estado do Espírito Santo, Augusto Ruschi, Ed. Expressão e Cultura, l986
20) Orquídeas do Alto da Serra da Mata Atlântica Pluvial do Sudeste do Brasil, David Miller & Richard      Warren, fotografias Isabel Moura Miller
21) Segundo Encontro Nacional de Orquidófilos e Orquidólogos, Pernambuco- Brasil (Exped)
     Levantamento das Orquidáceas do Nordeste Oriental do Brasil / A survey of the orchids of the Eastern      Brazilian Northeast, Augusto Burle Gomes Ferreira , Orquídeas do Estado do Mato Grosso, José      Guilherme Aires de Lima
22) Orchiids of Brazil - Jim & Barbara McQueen- The World of Orchids 2 - The Text Publishing Company      Melbourne Australia - 1993
23) The illustrated Encyclopedia of Orchids edited by Alex Pridgeon - Timber Press. .6


Todas as fotos desse artigo são © Sergio Araujo