<> Orchid News # 20



 
   
 

Palavras-chave: Orchidaceae, Sophronitis, Sophronitis alagoensis, Sophronitis cernua, Alagoas, Brasil.

Resumo:
Uma nova espécie de Sophronitis Lindley, originária do nordeste do Brasil (Alagoas) é descrita.

Em outubro de 2002, nós encontramos, no meio de uma coleção de orquídeas, uma pequena população de Sophronitis, parecida com Sophronitis cernua. As diferenças morfológicas, que abordaremos em detalhe mais tarde, são suficientes para tratar esta população como uma entidade taxonômica distinta. Além disto, os períodos de floração são muito diferentes: abril-junho para Sophronitis cernua, setembro-novembro para estas plantas, o que impede a interfecundação das duas entidades, nos parecendo, conseqüentemente, preferível tratar como espécies separadas.


Foto/Photo: G. Chiron

 
Sophronitis alagoensis V. P. Castro & Chiron, III (2) Abril 2003 – Richardiana

 

Sophronitis cernua Lindley similis est, sed magnitudine duplo minore, foliis rotundatioribus, floris valde minoribus, minus apertis, petalis sepalis latioribus, labello trilobato cum lobo medio ½ longo, callo columnaque longioribus differt.


 

Etimologia:
O nome faz referência à Alagoas, estado de origem do tipo.

Discussão:
De início, as plantas de Sophronitis alagoensis fazem pensar em pequenas Sophronitis cernua Lindley. Entretanto, um exame mais profundo, efetuado em uma população de uma dezena de exemplares, mostrou, por um lado, que esta população era muito homogênea e, por outro lado, revelou muitas diferenças que são abaixo discutidas.


Guy CHiron
Comparação de Sophronitis cernua e Sophronitis alagoensis

  O porte das plantas é, aproximadamente, duas vezes menor do que o daquele da Sophronitis cernua e o tamanho das flores é, pelo menos, 50% menor. As folhas são claramente mais arredondadas: a relação largura/comprimento é de 0,8 aproximadamente ao invés de 0,6 como na Sophronitis cernua. As pétalas são visivelmente mais largas do que as sépalas (aproximadamente 1,6 vezes mais), enquanto que na Sophronitis cernua, pétalas e sépalas são “sub-iguais”. O labelo é claramente trilobado e um pouco mais alongado do que na Sophronitis cernua.A parte amarela do labelo é mais estendida. O calo e a coluna são, guardadas as devidas proporções, muito mais longos: a relação comprimento do calo e comprimento do labelo é de 0,45-0,5 (ao invés de 0,3) e a relação comprimento da coluna e comprimento do labelo é de 0,7 (ao invés de 0,4-0,45).

Holótipo:
Brasil – Alagoas, coletada por Erwin Bohnk, em dezembro de 1999, a 20km do litoral, em direção a Maceió, a 150m de altitude, na vertente oriental das colinas, floresceu, regularmente, em cultivo em outubro-novembro (Holótipo- SP).

Descrição:
Planta epífita sobre arbustos em floresta aberta, caespitosa, com raízes relativamente espessas (aproximadamente 1,5mm de diâmetro); pseudobulbos ovóides, ancípites, aproximadamente 8-13 x 5-9mm, verde avermelhado, com dois entrenós, ligeiramente enrugados longitudinalmente, unifoliados no ápice, cercados de 3-4 bainhas apergaminhadas, inicialmente verde-amareladas, rapidamente secas; folha consideravelmente oval a sub-circular, espessa, coriácea, verde, ligeiramente colorida de púrpura,
  Foto/Photo: G. Chiron principalmente ao longa do veio mediano e das margens, 11-18mm x 6-15mm; inflorescência em racemo de 2-4 flores, com pedúnculo muito curto, avermelhado; flor pequena, aproximadamente 1cm de diâmetro, vermelho-escalarte; ovário pedicelo de 12-18mm de comprimento, intumescido, avermelhado; sépalas oblongo-lanceoladas, agudas, ligeiramente apiculadas, sépala dorsal com 8-9mm de tamanho e 3,6-3,7mm de largura; pétalas ovo-rombóides, agudas, com as margens superiores ligeiramente onduladas, de 8-10mm de comprimento por 5,5-5,8mm de largura; labelo trilobado, amarelo na base, o disco e a base dos lobos laterais, vermelho-escalarte no lobo mediano e margens dos lobos laterais, comprimento de 7,0-7,5mm, largura de 5,2-5,6mm estendidos, os lobos laterais arredondados, comprimento de 3mm, largura de 1mm, curvados em direção ao alto e envolvendo a coluna, lobo mediano triangular, arredondado, ápice com terminação aguda, comprimento e largura de 2,5-3,0mm; calo situado na base do labelo, comprimento de 3,1-3,4mm e constituído de uma crista transversal abaxial, ondulada, espessa, carnuda, altura de 1,3mm,
  e de duas cristas longitudinais, finas, flexíveis, ligeiramente pendentes,colocada de cada lado de um sulco mediano estreito; coluna sub-direita, encorpada, rosa, de seção semi-circular, flanqueadas no ápice por duas asas arredondadas, espessas, púrpura-escuras; antera pontiaguda, branco-acinzentada; cavidade estigmática mais larga do que comprida, 8 políneas amarelas, comprimento de 0,8mm. Ver figura 1.

 

  Guy Chiron
Fig. 1
Sophronitis alagoensis
V.P.Castro Neto & Chiron



A - planta

B - flor

C - sépala dorsal

D - sépala lateral

E - pétala

F - labelo
     (F1 - visto de perfil, em posição natural, com a
      coluna;
      F2 - visto de frente, estendida;
      F3 - corte longitudinal mostrando o calo;
      F4 - ápice, com a antera)

G - coluna, antera retirada
     (G1- vista de 3/4 com o pedicelo-ovário
      G2 - vista de frente)

  Distribuição:
Alagoas. Clima úmido. Floração de outubro a novembro. Fora do local da planta-tipo, Erwin Bohnk encontrou outras plantas na mesma região, em altitude 840m, aproximadamente.

Mapa/Map: Sergio Araujo


  Desenhos e fotografias: G. Chiron
Mapa e tratamento digital: Sergio Araujo

Foto/Photo: G. Chiron


 
  (*) Rua Vicente Galafassi, 549
     S. B. Campo, SP
     CEP 09700-480
     E-mail: vpcastro@terra.com.br
(**) 2, rue des Pervenches
      F38340 Voreppe
      France
      E-mail: g.r.chiron@wanadoo.fr



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