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  Palavras Chaves:
Galeandra chapadensis, Chapada dos Veadeiros, Goiás, Die Orchidee, Galeandra curvifolia.

Resumo:
Este artigo mostra uma espécie recentemente descrita para a Chapada dos Veadeiros, Goiás. Seu nome é Galeandra chapadensis Campacci e foi encontrada pelo autor, em setembro de 2000. Floresceu em cultivo em dezembro do mesmo ano e teve sua descrição publicada na revista Die Orchidee, de setembro/outubro 2001.


 

Considerações Gerais:

Apresentamos a seguir uma espécie de Orchidaceae do gênero Galeandra, por nós descoberta no Planalto Central Brasileiro, mais propriamente na Chapada dos Veadeiros, no norte do estado de Goiás. Esta espécie já aparecia em algumas coleções de orquidófilos, ficando sempre em dúvida a sua identificação. Com o levantamento por nós realizado das plantas desse gênero, principalmente as brasileiras, chegamos à conclusão que se tratava realmente de uma boa espécie, apresentando apenas algumas semelhanças no aspecto geral com a Galeandra curvifolia Barb. Rodr., esta uma espécie da região amazônica. Difere principalmente no labelo, com calcar mais fino e longo, e também no tamanho total, sendo mais comprido e mais estreito que o labelo daquela espécie. Sua antera e também o conjunto formado pelo retináculo, caudículo e polínias são muito mais curtos e largos que as partes correspondentes da Galeandra curvifolia Barb. Rodr.


. Descrição:

Planta epífita, cespitosa com pseudobulbos fusiformes, atingindo até 13,0 cm de comprimento por 1,5 cm de diâmetro na sua parte mais larga; inicialmente foliados e depois cobertos por restos de bainhas foliáceas.
Folhas linear-lanceoladas, verde acinzentadas, dísticas, um pouco plicadas, articuladas, decíduas, de tamanho variável, as maiores com até 20,0 cm de comprimento por 1,5 cm de largura na sua parte central.
Inflorescência apical, com racemo arqueado, ostentando normalmente 5 a 6 flores simultâneas.
Sépalas de cor ocre esverdeada, com 2,7 cm de comprimento por 0,4 cm de largura, sendo a dorsal lanceolada e as laterais levemente falcadas.
Pétalas falcadas, da mesma cor das sépalas, com 2,5 cm de comprimento por 0,6 cm de largura.
Labelo infundibuliforme, obscuramente trilobado, com 4 quilhas internas no seu centro, sendo as duas externas bem mais altas que as centrais; dotado de calcar estreito; quando explanado medindo 6,00 cm de comprimento por 3,5 cm de largura; tubo esbranquiçado, ápice purpúreo e calcar amarelado.
A coluna é esbranquiçada e tem 10,0 mm de comprimento por 3,0 mm de largura.
  Antera esbranquiçada, com 3,0 mm de comprimento, dotada de apêndice superior filiforme, terminando em extremidade verrucosa, alargada e bifurcada.
Apresenta 1 par de polínias amarelas com caudículo curto.

 

Distribuição:
Goiás, na Chapada dos Veadeiros, próximo à cidade de Alto Paraíso de Goiás.

Floração:
Verão brasileiro.

Hábitat:
Matas ralas de cerrado do Planalto Central, em altitudes superiores a 900 metros.


Etimologia:
Trata-se de uma referência ao local de origem da espécie, a Chapada dos Veadeiros.

Holotypus:
SP.

Coletor:
Marcos Antonio Campacci, número MAC-633, em setembro de 2000, sobre galhos mortos de árvores baixas dos cerrados.


 

  Considerações finais:

O gênero Galeandra é muito bem representado no Brasil, com espécies epífitas, como é o caso desta planta e também com espécies terrestres ou rupícolas. Algumas das nossas espécies são confundidas com outras estrangeiras por vários motivos, sendo o principal deles a dificuldade de acesso aos materiais de herbário fora do Brasil, valendo essa afirmação também para muitos outros gêneros. Por esse motivo julgamos que um estudo mais profundo se faz necessário para melhor compreendermos e identificarmos as nossas espécies.
No caso específico do gênero Galeandra, pudemos contar com várias informações importantes trazidas por João Batista Fernandes da Silva e também por Gustavo Romero, o que nos ajudou muito na comparação das espécies. Agradecemos a ambos pelas informações.
A publicação original, feita na revista Die Orchidee - September/October 2001, só foi possível de ser concretizada graças à versão para a língua alemã e pelos contatos feitos pelo Dr. Waldemar Scheliga, do Rio de Janeiro, um grande entusiasta da orquidologia brasileira.


Fotos e desenho: ©Marcos A. Campacci

* E-mail: campacci@cpo.org.br


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