Jorge
Luiz Abreu da Silva Bancário aposentado há 7 anos, pelo Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A. Associado da OrquidaRIO, mora em Itaboraí, estado do Rio de Janeiro, onde possui um orquidário. Após a aposentadoria, para não ficar parado, resolveu comercializar orquídeas em pequena escala e com algumas economias construiu uma estufa de 750 metros quadrados. Tem um ponto para venda no centro da cidade do Rio de Janeiro, no largo da Carioca, além de atender também em seu orquidário. |
ON:
Por que começou a cultivar orquídeas? Qual foi o momento
mágico da atração? Há dez anos, ganhei uma muda de um amigo, que trabalhava comigo e até então não conhecia e nem me interessava por orquídeas. Através desse amigo fui levado à exposição do MAM (Museu de Arte Moderna), em 1996, onde fiquei maravilhado pela diversidade de formas e cores das flores. Foi uma atração fatal! ON: Você considera 1996 como a data de início de seu cultivo? Já tinha algumas mudas que havia colocado em árvores na minha propriedade de Itaboraí. Com a minha ida a exposição de 1996, adquiri diversas plantas e me vi obrigado a fazer uma estrutura para colocá-las. Construí, se é que se pode dizer, uma estufa para abrigar minhas 40 ou 50 plantas. |
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ON:
Quantas plantas você possui, aproximadamente? Hoje, passados 8 anos, tenho entre seedling, mudas novas e plantas adultas algo em torno de 6.000 plantas em cultivo. |
ON:
Quais as orquídeas que você mais cultiva? Existe alguma que
seja a preferida? Híbridos de Cattleya, de Brassavola e vandáceas. Eu não tenho uma planta preferida, se pudesse falar sobre um gênero, eu diria que minha preferência é pelas vandáceas. |
ON:
Por que você tem preferência por híbridos? Acredito que eles são mais fáceis de cultivar. |
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ON:
Quanto tempo, por dia, você gasta em seu orquidário, cuidando
de suas orquídeas? Nunca me preocupei em contar o tempo que gasto para cultivo de minhas plantas, mas creio que em média fico umas 6hs diárias junto delas. |
ON:
Além daquela primeira atração, houve algum outro
fator de influência (pessoa ou fato) na sua relação
com as orquídeas? A disponibilidade de tempo a partir da minha aposentadoria. |
Quais são as condições climáticas encontradas em seu ambiente de cultivo? Itaboraí
está a nível do mar, é local muito quente, com queda
de temperatura a noite e de umidade alta acima de 60%. |
A
observação é tudo, pois nossas plantas é que
podem dizer se elas estão bem ou não, mas o que fez a diferença
maior para mim foi que há 3 anos troquei o xaxim pela casca de
pinus com pedra de brita. Demorei um certo tempo para acertar a proporção
entre os dois (1/1) e hoje as plantas respondem muito bem.
Com relação ao meu gênero de preferência (vandáceas), venho, ao longo do tempo, descobrindo que tudo que eu havia aprendido, em várias fontes de informação, nem sempre funcionam bem para mim. Vou dar alguns exemplos: |
Aprendi
que as vandáceas gostam de muita luz. Não é bem assim. Os Rhyncosthylis, por exemplo, são plantas que preferem mais sombra com uma quantidade de umidade maior e o mesmo vale para os Paraphalaenopsis, algumas Aerides e Vandopsis entre outros. Aprendi que as espécies de Vanda teres, Arachnis, Renantheras e seus híbridos podem ser colocados a céu aberto, desde que seja a partir do inverno para adaptação para o verão, mas não podemos deixar de dar, se possível, mais regas e adubação. |
Observei,
certa vez, em um orquidário na Thailandia, uma forma inusitada,
para mim, do cultivo de Vandas. Neste orquidário havia um grande
lago totalmente coberto por sombrite 50% (eu perguntei) e umas passarelas
de concreto acima do nível da água, fazendo uns desenhos
em forma de retângulos. O comprimento não me recordo, mas
a largura era pequena, talvez uns 2 metros. As vandáceas ficavam
peduradas no espaço desse retângulo com suas raízes
muito compridas quase que tocando a água. |
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Quando voltei de viagem e meu orquidário ficou pronto, tratei de
imitar o que vi para cultivar minhas vandáceas. Infelizmente não
deu certo, pois o clima não era favorável (umidade). Eu me esqueci (ou melhor, não sabia) de uma regra básica sobre umidade ambiente. Ela funciona retirando de onde o percentual é maior de umidade indo para onde ela é menor. Assim esse percentual se iguala em todas as direções. O efeito para as minhas vandáceas foi curioso e intrigante ao mesmo tempo, até eu descobrir a tal regra. Todas as plantas tinham suas raízes, não para baixo ao encontro da água, mas sim em direção para onde a umidade |
estava indo. As raízes ficavam quase que paralelas ao cachepot.
Assim que pude acabei com a água e coloquei areia e hoje as raízes
estão longas e perpendiculares aos vasos. |
ON: Diz-se que a orquidofilia é uma manifestação
branda de loucura. Você já fez alguma loucura orquidófila? Creio que “orquidoido” seria um sinônimo apropriado para orquidófilo e um exemplo disso aconteceu comigo. Minha filha, uma certa ocasião, teve à sua disposição duas passagens aéreas para qualquer parte do mundo e me perguntou se eu queria viajar com ela e para onde. Minha resposta foi imediata: Tailândia, a terra das vandáceas. Poderia ter ido a Paris, Nova York ou Londres, mas acabei indo para Bangkok, com a cara, a coragem e o inglês dela e é claro o endereço de vários orquidários naquela cidade. ON: Obrigado. |
Fotos: Jorge Luiz Abreu da Silva |
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