Luciano de Bem Bianchetti e João A. N. Batista vêm se dedicando ao levantamento das orquídeas do Planalto Central Brasileiro com ênfase para o difícil gênero Habenaria e Cyrtopodium. Nesta entrevista, temos a oportunidade de conhecer um pouco deste trabalho e das dificuldades enfrentadas pelos dois pesquisadores, enquanto aguardamos um livro sobre o resultado destas pesquisas.
Trabalhando na Embrapa e destinando as horas de lazer e descanso para este estudo, eles vêm acumulando um considerável conhecimento deste habitat tão específico, com descoberta inclusive de novas espécies, algumas das quais têm sua fotografia publicada pela primeira vez, na presente entrevista.

Luciano de Bem Bianchetti é biólogo, com concentração nas áreas de Botânica e Ecologia, formado pela Universidade de Brasília onde também fez seu mestrado em Botânica. Trabalha há 22 anos na Embrapa - Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília e há cerca de 25 anos se dedica às pesquisas da família Orchidaceae.

João A. N. Batista é graduado em Biologia com mestrado e doutorado em Biologia Molecular.
Apesar do interesse pessoal pelas orquídeas (há 15 anos se dedica ao seu estudo), optou por uma outra área de atuação profissional, trabalhando atualmente com biologia molecular de plantas na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.


 
ON: Vocês vêm se dedicando há bastante tempo ao estudo deste grupo bastante mal conhecido, Spiranthinae, embora ele seja bem representativo em nossa flora orchidaceae e é sobre ele, entre outros, que gostaríamos também de falar.
Mas antes de entrarmos neste assunto propriamente dito, gostaríamos de saber um pouco mais sobre vocês, sobre sua profissão, como começaram a se interessar sobre orquídeas e principalmente como iniciaram este trabalho.


LUCIANO: Sou biólogo formado pela Universidade de Brasília, com concentração nas áreas de Botânica e Ecologia. Fiz mestrado em Botânica, também na UnB. Trabalho há 22 anos na Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. Esse interesse pelas orquídeas começou quando ainda fazia graduação. Como muitos, apreciava as formas e cores, porém nunca havia visto uma orquídea em ambiente natural. Eu idealizava um tipo de ambiente especial, ou seja, acreditava que só pudessem sobreviver em um ambiente como o da Mata Atlântica, rico em umidade, e extremamente protegidas por uma vegetação luxuriante. Um dia, conversando sobre o assunto com o arquiteto Paulo Martins, ele me disse que havia coletado algumas orquídeas nas proximidades de sua casa, em Brasília, e me convidou para vê-las no campo. Qual não foi a minha surpresa quando, encontrei a primeira orquídea terrestre vegetando no cerrado e em pleno sol. Esse fato desencadeou uma curiosidade cada vez maior para o assunto e, aliado ao fato de encontrarmos muitas espécies na nossa região, já que fazia matérias de botânica e ecologia, comecei a dirigir os estudos para esse grupo de plantas. No início, o que mais sentia falta era saber o nome científico das plantas, pois não havia especialistas na Universidade. Por outro lado, na Universidade existia uma boa biblioteca com muitos livros sobre o assunto, entre eles a Flora Brasiliensis, que apresentava muitas ilustrações. Então, comparando as plantas que coletava com aquelas ilustrações, comecei a identificar as plantas e a enveredar para a taxonomia vegetal. Também, no início, me ressentia da falta de pessoas que gostassem do assunto para uma troca de idéias. Com o tempo, fui conhecendo essas pessoas, Cilulia M. Maury, Ana Julia Heringer Salles e Fernando Thomé, e chegamos a formar um grupo. Cada um dos componentes contribuía com informações específicas relacionadas com suas atividades, profissões ou experiências, como por exemplo: geografia, cultivo, ecologia, taxonomia, entre outras; um dos pontos fracos do grupo era a falta de uma documentação fotográfica das espécies. Até então, não conhecíamos o João. Por um acaso, o João, que também já vinha independentemente trabalhando e documentando as orquídeas, ficou sabendo da existência do nosso grupo e levou algumas de suas fotos para que déssemos uma olhada. Era o que faltava, não só pela qualidade de suas fotos, mas pela quantidade de espécies que ele já havia registrado. Também com o tempo, e de acordo com os interesses pessoais (embora todos continuem de alguma forma ligados ao assunto das orquídeas), o grupo se desfez. O João e eu continuamos mais voltados para o tema taxonomia e mantemos essa parceria até hoje.
JOÃO: Sempre tive um interesse maior por plantas do que por animais e enquanto a maior parte dos amigos de infância tinha um animalzinho de estimação, eu cuidava das plantas da casa. É difícil dizer exatamente quando começou o interesse especifico pelas orquídeas, mas acho que em boa parte foi devido às informações que fui encontrando em livros sobre orquídeas, onde o contraste de extremos, a diversidade de formas, cores, adaptações ecológicas e estratégias reprodutivas, me deixaram fascinado e despertaram a curiosidade para este grupo de plantas. Quando comecei a graduação em biologia em Brasília e as saídas em campo eram freqüentes, passei a ter um contato crescente com as espécies nativas do DF e passei a registrar na forma de anotações e fotografias todas as espécies que fui encontrando. Em 1989 encontrei numa destas revistas semanais uma entrevista com o Luciano e a Ana Julia Heringer, onde descreviam o trabalho com as orquídeas locais. Procurei os dois e a partir do interesse em comum pela taxonomia comecei em conjunto com o Luciano o trabalho e a amizade que se estendem até hoje. Apesar do interesse pessoal pelas orquídeas, optei por uma outra área de atuação profissional e depois de ter feito mestrado e doutorado em Biologia Molecular, atualmente trabalho com biologia molecular de plantas na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Finalizando, acho importante ressaltar que apesar do interesse em comum pelo tema, nem eu nem o Luciano nos dedicamos profissionalmente à taxonomia de orquídeas. Todo o nosso trabalho com as orquídeas é realizado nas horas vagas e as despesas custeadas com o próprio bolso. Conquanto esta situação nos exima de uma responsabilidade maior e da obrigação de publicar na área (só recentemente começamos a transpor para publicações o conhecimento acumulado ao longo destes anos), por outro lado a pouca disponibilidade de recursos e, principalmente, de tempo, tem sido o maior obstáculo à concretização de uma série de estudos e projetos.

  ON: Qual é o objetivo maior de vocês com relação a este estudo?
 

LUCIANO: Existe uma razoável quantidade de informação voltada para as orquídeas da Mata Atlântica e da Amazônia, principalmente da Mata Atlântica que é a região brasileira com maior diversidade e riqueza. Por outro lado, existe muito pouca informação sobre as orquídeas do bioma Cerrado. O bioma Cerrado cobre cerca de 23% do território nacional, abriga cerca de 500 a 600 espécies de orquídeas e vem sofrendo uma violenta antropização. Segundo dados oficiais, mais de 50% da vegetação natural já foi alterada. O nosso principal objetivo é conscientizar as pessoas através da divulgação de informações sobre a família, de tal forma que essas informações possam subsidiar a tomada de decisões voltadas para atividades conservacionistas, principalmente por parte dos órgãos competentes. Ninguém conserva aquilo que não conhece. Estamos contribuindo para o conhecimento dessa família no Cerrado registrando, documentando, descrevendo, trazendo esclarecimentos sobre essas espécies e esperamos, em um futuro próximo, apresentar esse trabalho em forma de um livro.


Notostheles acianthiformis

 
ON: De que consiste exatamente o estudo de vocês?

LUCIANO: Como já dissemos, consiste em registrar, documentar, descrever e trazer esclarecimentos sobre as espécies de orquídeas ocorrentes no bioma Cerrado. Basicamente o nosso trabalho concentra-se na área de taxonomia.

 
ON: Qual a área abrangida? É só o Distrito Federal?

LUCIANO: Nós começamos com o Distrito Federal, por razões práticas como proximidade, facilidade de deslocamento, etc. Com o tempo fomos expandindo para outras áreas próximas como a Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis, por exemplo.
 
Cyrtopodium hatschbachii
Hoje, trabalhamos com praticamente todas as áreas onde exista a vegetação de cerrado. O Distrito Federal, entretanto, possui uma série de particularidades, entre elas: a) está situado na área central do bioma Cerrado, b) possui uma diversidade considerável de ambientes distintos, pois todos os tipos fitofisionômicos de vegetação encontradas no bioma Cerrado estão aqui representados e, c) cerca de 50% das espécies já documentadas para o bioma Cerrado estão representadas no Distrito Federal. Concluindo, se você possui uma boa idéia sobre a representação das orquídeas no Distrito Federal, você possui uma boa idéia das orquídeas para o bioma Cerrado.
JOÃO: Para os grupos aos quais temos dedicado mais
atenção, Habenaria e Cyrtopodium, o estudo
 
deixou de ter um foco regional e passamos a coletar, dentro das nossas limitações de tempo e recursos, em outros pontos do país.
 

Habenaria lavrensis
Desse modo, já realizamos também algumas viagens de coleta às regiões sul, sudeste e nordeste.


ON: Há quanto tempo vocês fazem este trabalho?

LUCIANO: Há cerca de 25 anos.
JOÃO: A minha abordagem de forma mais sistemática no estudo das orquídeas data de 1989, de modo que são cerca de 15 anos.



ON: Em 1993, em artigo publicado na revista Orquidário, vol. 7(2), vocês concluíram que havia 8 gêneros do grupo Spiranthinae e cerca de 30 espécies ocorrendo no Distrito Federal, hoje mais de uma década depois, como está esta situação?

 
LUCIANO: O trabalho mencionado tratava das espécies pertencentes à subtribo Spiranthinae representadas no Distrito Federal. O Distrito Federal foi, desde a década de 50, muito coletado, pois havia botânicos, como o Prof. Ezechias Paulo Heringer entre outros, que sempre se interessaram por orquídeas. As primeiras listagens ou mesmo todas as informações relativas às orquídeas do DF, utilizadas por Pabst & Dungs no livro Orchidaceae Brasilienses, foram extraídas de coletas realizadas por eles. Por esse motivo, de 1993 para hoje, o número de espécies de Spiranthinae no DF, não aumentou muito, pois praticamente todas já haviam sido registradas, de uma forma ou de outra. Nesse intervalo de tempo, apenas um novo gênero (Eltroplectris) foi registrado para o DF. Entretanto, nesse período, alguns autores propuseram novos arranjos taxonômicos, como o desmembramento de alguns gêneros.
JOÃO: Além do registro de Eltroplectris, citado pelo Luciano, da divisão de Stenorrhynchus resultaram dois gêneros para o DF, Sacoila e Skeptrostachys, e da subdivisão de Cyclopogon, resultaram Stigmatosema e Cyclopogon, que junto com alguns novos registros de espécies totalizam hoje 11 gêneros e 36 táxons (34 espécies, uma variedade e uma forma) de Spiranthinae para o DF. Ou seja, aumentou um pouco e como ainda há vários locais no DF que não foram suficientemente amostrados ainda é possível que hajam mais descobertas a serem feitas localmente.

 

Cyrtopodium poecilum
ON: Qual o gênero que está melhor representado na área estudada?

LUCIANO: Os gêneros Cyrtopodium (cerca de 30 espécies) e Habenaria (cerca de 140 espécies) estão muito bem representados no Cerrado e, por esse motivo, concentramos nossos estudos nesses dois gêneros. Aqui se deve fazer uma ressalva para os trabalhos realizados com Habenaria.

Habenaria pabstii
 
Trata-se de um gênero com muitas espécies, todas muito parecidas e, a maioria, pouco vistosas. Talvez por apresentarem essas características, a taxonomia do gênero é confusa e existem poucos taxonomistas interessados. Nesse contexto, o trabalho do João é, sem dúvida, excepcional, pois ele vem trabalhando com esse grupo difícil há muito tempo e trazendo esclarecimentos consideráveis para a taxonomia do gênero. Espécies da subtribo Spiranthinae também estão bem representadas.
 

Sarcoglottis uliginosa
JOÃO: Em relação a Spiranthinae, o gênero com o maior número de espécies no DF e também possivelmente em todo o Cerrado é o Sarcoglottis com 10 espécies e outros dois táxons ainda em estudos no DF.
Em relação à família como um todo, o gênero com o maior número de espécies no DF é Habenaria, seguido de Cyrtopodium.
Vários outros gêneros como Cyanaeorchis, Galeandra, Liparis e Cranichis, têm um número menor de espécies, mas incluem uma grande parte das espécies que ocorrem no Brasil e são, por isto, localmente importantes

Sarcoglottis curvisepala
 
ON: Em número de plantas, qual a espécie que está mais presente?

LUCIANO: Acredito que, em determinadas situações propícias, já tenhamos encontrado populações de Habenaria com várias centenas de exemplares.

JOÃO: Possivelmente, a espécie de mais fácil observação no DF é Epistephium sclerophyllum, que tem as flores muito vistosas e é relativamente comum em campos secos e cerrado, os tipos de vegetação mais comuns no DF. Em relação as Spiranthinae, a espécie mais comum é provavelmente Sacoila lanceolata (Stenorrhynchus lanceolatus), que ocorre em vários tipos de habitat e às vezes aparece em grande número.

Sacoila lanceolata
 
Sacoila lanceolata (habitat)
ON: O Planalto central não é homogêneo, este grupo ocorre predominantemente em que tipo de habitat?

LUCIANO: Tanto espécies de Cyrtopodium, de Habenaria e da subtribo Spiranthinae ocorrem predominantemente em ambientes abertos, com muita insolação, como os campos limpos e sujos.



ON: Existem muitas espécies endêmicas para a região?

LUCIANO: Se estivermos falando do DF, a resposta é não.
 
Se estivermos falando do bioma Cerrado, a resposta é sim. As informações pertinentes às espécies nada mais são do que resultados de coleta. Como já dissemos, o DF é uma região muita bem coletada, ao contrário do bioma Cerrado como um todo. Diversas espécies já foram descritas para o DF, entretanto, coletas adicionais mostraram que essas espécies não são exclusivas do DF. Por outro lado, existe uma região do Planalto Central, que engloba o DF, Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis, que possui diversas espécies endêmicas em comum.
JOÃO: Para o DF são conhecidos atualmente aproximadamente 17 táxons endêmicos, que correspondem a apenas 6,7% do total de espécies locais. Importante é que o reconhecimento destes táxons como endêmicos do DF é função da amostragem atual, que é alta para o DF e baixa para o bioma Cerrado. Certamente, coletas mais intensivas em outras regiões terminarão por localizar uma boa parte destes táxons em outras localidades do Cerrado.

 
ON: Com relação às alterações nomenclaturais e migrações para outros gêneros, como vocês se posicionam com relação a Beadlea e Cyclopogon?

LUCIANO: Esse não é um dos grupos que estudamos intensivamente. Porém, de modo geral, aceitamos os trabalhos de Garay (A generic revision of the Spiranthinae, de 1980). Gêneros muito grandes, como Cyclopogon, por exemplo, sempre serão passíveis de divisão para facilitar o trabalho dos taxonomistas. Entretanto, todas as sugestões e alterações não passam de hipóteses que devem ser testadas. No caso de Beadlea, entre outras alterações, Garay usou a estrutura da coluna (mais especificamente do rostelo e clinândrio), para separar um grupo de espécies que pertenciam a Cyclopogon. Na nossa região existem poucas espécies dos gêneros tratados e, por esse motivo, não tivemos muita oportunidade de examiná-las ao vivo. Para as espécies que conseguimos examinar, as características levantadas por Garay foram concordantes.
JOÃO: Esta é uma questão que tem de ser analisada caso a caso em função dos dados e evidencias disponíveis. Considerando um outro caso, como ocorreu com Laelia, a mudança era claramente necessária, uma vez que ficou claro que as espécies brasileiras e mexicanas eram muito distantes e o nome foi originalmente usado para as plantas mexicanas, não cabendo o mesmo nome para as espécies Brasileiras. Entretanto, o que ainda pode ser questionado, pois não deixa de estar sujeito a uma certa dose de subjetividade e escolha pessoal, foi a solução adotada pelos diversos autores que tem trabalhado com este grupo, uma vez que várias opções de transferência e rearranjo eram possíveis.

 
ON: Habenaria é um dos mais ricos gêneros da família e um dos mais disseminados pelos continentes. Das mais de 150 espécies que ocorrem no Brasil, qual o número de espécies vocês encontraram em suas áreas de pesquisas?
JOÃO: Só no Distrito Federal são 77 táxons, incluindo 74 espécies, duas variedades e uma forma. Destes, só não conhecemos uma espécie, H. ekmaniana, coletada em Brasília pelo Ezechias Heringer, em 1965, e depois nunca mais encontrada localmente. Quando começamos nossos estudos no DF, já eram conhecidas cerca de 40 espécies para a região, a este número acrescentamos mais umas 30 e com certeza ainda há descobertas a serem feitas localmente. Como o gênero está muito bem representado localmente, começamos a nos dedicar ao seu estudo taxonômico, coletando também em outras regiões.
Atualmente, em relação às espécies brasileiras como um todo, temos material de coletas nossas de aproximadamente 120 táxons, mas calculamos que o número total de
 
Habenaria leucosantha
espécies de Habenaria que ocorrem no Brasil deva chegar próximo de 200. Em relação ao número de espécies, Habenaria é o segundo maior gênero de Orchidaceae no Brasil, ficando atrás apenas de Pleurothallis.


Habenaria gourli
 
ON: Em trabalho publicado em Acta Botanica Brasilica (lista atualizada das Orchidaceae do Distrito Federal), vocês informam que são reconhecidos 72 gêneros e 254 táxons, somente para o Distrito Federal, com mais de 73% apresentando hábito terrestre, representando 51% de todas as orquídeas listadas para o bioma Cerrado. É surpreendente o número de Habenaria, 77 como João citou acima, de Cyrtopodium (17 espécies) e de Cleistes (13 espécies) sobretudo, como vocês mencionam, se considerarmos que Distrito Federal representa apenas cerca de 0,3% da área total do Cerrado. No caso de Habenaria, quais as espécies possuem um grande número de indivíduos?

JOÃO: Baseado na freqüência de coleta, as espécies mais comuns no DF são H.obtusa, H. longipedicellata e H. trifida.


Habenaria obtusa
  ON: Elas ocorrem em que tipo de habitat?

JOÃO: As três espécies mencionadas acima ocorrem principalmente em campos secos e em cerrado. As Habenaria são exclusivamente terrestres e ocorrem principalmente em formações campestres, incluindo campos inundados, campos úmidos e campos secos, mas também podem ser encontradas em cerrado sensu strictu e, em menor proporção, em formações florestais.
Algumas espécies crescem literalmente dentro d’água, enquanto outras crescem em encostas rochosas completamente secas. Uma chega a crescer sob a terra acumulada entre as bainhas das folhas de palmeiras a muitos metros de altura do solo, mas nenhuma espécie no gênero, ao menos entre as espécies americanas, é estritamente epífita.

 

ON: O Planalto Central é especialmente rico neste gênero, mas ele não ocorre só no Brasil. Quais os outros centros de ocorrência?

JOÃO: Os principais centros de diversidade de Habenaria são o Cerrado brasileiro e as savanas africanas e do sudeste Asiático. O número exato de espécies de Habenaria do Cerrado ainda não é conhecido, mas calculamos algo em torno de 140, incluindo também os campos rupestres associados ao bioma. As regiões mais ricas são aquelas com predominância de campos, localizadas em altitudes acima de 800 m, e com índice pluviométrico acima de 1000 mm anuais, como o DF, a Chapada dos Veadeiros e alguns pontos da cadeia do Espinhaço, principalmente na parte central de Minas Gerais.




 

cont.
 


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