Brazilian Orchids  - Orchid News



Roberto Agnes é o cultivador, hibridador e diretor técnico do orquidário Aranda.
Italiano, nasceu em Londres, mas foi criado na Cidade do Cabo, na África do Sul, onde fez seus estudos e residiu até os 24 anos quando se apaixonou pela cidade do Rio de Janeiro e aqui veio morar.
Um dos fundadores da OrquidaRio onde foi, sucessivamente, diretor de exposições, de julgamento, diretor técnico, membro do Conselho Deliberativo, editor da revista Orquidário e um dos responsáveis pela introdução de modernos conceitos de julgamento de plantas no Brasil.





ON: Roberto, por que você começou a cultivar orquídeas? Qual foi o momento mágico da atração?


RA: Eu diria que foi amor à primeira vista.
Eu tinha onze anos de idade quando vi uma orquídea pela primeira vez. Foi na Cidade do Cabo, na África do Sul, onde morava. Numa excursão escolar, entramos no estufa do Jardim Botânico e vi uma planta exótica, tirei um pedaço e botei na minha mochila. Ao chegar em casa, levei uma bronca grande de meus pais por ter feito isto. A planta era um Epidendrum fragrans (Prosthechea fragrans). Depois de pesquisar e descobrir que era do Brasil, coloquei num vaso com terra preta e regava de duas em duas horas. Claro que a planta morreu em uma semana, virou uma maçaroca podre. Meus pais me disseram que fosse à biblioteca ler a respeito e tentasse de novo. Foi o que fiz, comecei a ler muito e fui até proibido de falar sobre orquídeas à mesa, pois só falava nelas.
Nas férias de inverno, eu trabalhava na fábrica de meu pai para ganhar uma mesada a mais para poder comprar algumas plantas.
Vi um anúncio de um orquidário que estava vendendo bulbos traseiros de Cymbidium já brotados que custavam, digamos, 2 dólares cada e eu tinha 20 dólares. O dono me deixou escolher dez, mas pediu que eu voltasse no mês seguinte quando me entregaria as plantas. Todo feliz da vida, esperei e guardei o dinheiro. Quando voltei, ele tinha separado 10 plantas pequenas, que não eram mais traseiras e um Cymbidium com 120 flores. Fiquei alucinado, sem saber o que fazer, imagine, eu só tinha onze anos!
Meu pai comprou a planta grande e eu, as pequenas e a minha coleção começou assim. Desde criança sempre gostei muito de planta, na casa das minhas avós, ajudava a plantar, a colher.
Engraçado que, quando morávamos na Cidade do Cabo, éramos vizinhos da Embaixada brasileira, minha primeira orquídea era brasileira e vim morar no Brasil.



ON: Além daquela primeira atração, houve algum outro fator de influência (pessoa ou fato) na sua relação com orquídeas?

RA: Diversas pessoas. Gosto de falar daquela que foi a minha madrinha orquidófila, Frieda Duckitt. Foi ela quem me deu um grande empurrão. Nós nos demos super bem, eu a ajudava no orquidário dela e ganhava plantas em troca. Na Exposição Mundial de 1981, em Durban, África do Sul, ajudei nos stands de Cidade do Cabo e de Vacherot & Lecoufle (orquidário francês,) quando conheci o senhor Maurice Lecoufle. Ele me deu várias plantas de presente, Paphiopedilums lindos.
Sempre tive muita sorte com estas coisas. Na mesma ocasião, também conheci Eric Young. Ele voltava da fazenda da Frieda quando sofreu um pequeno acidente de carro e lhe dei uma carona de volta à Cidade do Cabo. Acabei ganhando uns Paphios que, naquela época, eram o sonho de consumo de qualquer colecionador do gênero. Um deles, o Paphiopedilum Orchilla 'Chilton', era uma das plantas mais desejadas. Ainda tenho todas estas plantas. Foi aí que começou esta loucura que tenho por Paphio.
Nesta época me tornei representante de Vacherot & Lecoufle na África do Sul e foi assim que, aos vinte e um anos de idade, mudei o enfoque das plantas que cultivava. Comecei a comercializar Cattleya, Phalaenopsis e, quando alguém procurava a Frieda (cuja especialidade é Cymbidium) para adquirir estas plantas, ela me indicava. Realmente, ela me deu a maior força.

ON: Você não teve muita escolha, a orquídea caiu sobre sua cabeça. Como se deu sua formação como cultivador? Há quanto tempo você cultiva orquídeas?

RA: Há 33 anos. É um bom tempo, eu nunca parei.
Da minha primeira orquídea até conhecer Frieda, foram vários anos, eu diria que minha formação veio muito da minha determinação, ia muito às bibliotecas, copiava à mão tudo que era importante, tudo que dizia respeito a cultivo e às espécies. Tenho um Sanders copiado assim.
Também tive uma formação de julgamento muito rígida na África do Sul.


ON: Qual a sua planta preferida?




RA: A planta que estiver florescendo no momento.
Falando sério: espécies brasileiras que eu adoro; Paphios tanto faz que seja espécie ou híbrido; adoro Phragmipedium, mas não posso dizer que prefiro uma coisa ou outra.
Na última exposição, fiz, por exemplo, uma ilha inteira de Phragmipedium em homenagem ás plantas sul- americanas.

ON: Como é formada sua coleção? Só espécies brasileiras?

RA: Todo mundo é fascinado por coisas raras, mas tenho um gosto bastante peculiar, é preciso que a flor tenha um "algo", seja na cor ou na forma. Não gostaria de definir minha coleção como sendo somente de espécies brasileiras ou só Paphio ou só Cattleya. A meu ver, todas elas têm uma peculariedade. Ás vezes, as pessoas olham e não vêem a menor graça naquilo que gosto. Veja Neolauchea pulchella alba (Isabelia pulchella), as flores são tão delicadas, acho uma das coisas mais lindas.
A minha primeira orquídea não foi nem Cattleya, nem Cymbidium, não foi nada óbvio, foi um Epidendrum. A maioria das pessoas teria passado por essa planta sem percebê-la, nem teria achado que aquilo era uma orquídea. Quando a vi disse "uau" e acabei tirando um pedaço da planta. Por isso, digo que, na minha coleção, não há plantas óbvias.

ON: Mas se você tivesse que fazer uma coleção só com 10 plantas?

RA: Pergunta difícil. Espécies, com certeza, alguns Phragmipedium, Paphiopedilum, Cattleyas que eu fiz (ver os seedlings florescendo me deixam muito feliz).
É muito difícil responder pois existem tantas flores lindas. Há pouco tempo floresceu um Eriopsis biloba, que me deixa de queixo caído, só a conhecia em foto até então. Minha coleção é bastante abrangente e bem eclética. Teria grande dificuldade em escolher uma única planta.
Tenho amigos que só colecionam Cattleya walkeriana, acho fantástico que a pessoa consiga fazer isto, acho que ficaria entediado.
Nos últimos anos tenho feito alguns híbridos de Phalaenopsis com bons resultados.




FOTO/PHOTO: SERGIO ARAUJO

ON: Você tem condições de cultivo diversificadas, como está distribuída a sua coleção?


RA: Já cometi este erro de colocar várias plantas num único espaço, a gente acaba juntando plantas que não têm a mesma necessidade cultural e que não são do mesmo clima.
Hoje em dia, prefiro manter pequenos núcleos em cada estufa. Separo, na bancada, um pequeno espaço onde as plantas melhor se adaptam. Na Aranda 1 (onde começou, em Teresópolis), temos a estufa de coleção onde são cultivados os híbridos de Cattleya, em outra, ficam as plantas selecionadas de Laelia tenebrosa ou Cattleya walkeriana. As de Cattleya granulosa estão numa outra estufa aquecida. Atravessando a rua, tem uma outra estufa com todas as plantas selecionadas de Cattleya loddigesii, C. intermedia e Laelia purpurata. Elas florescem muito melhor lá do que se as tivesse mantido dentro da estufa de coleção por ela ser quente demais para estas espécies.







ON: Você está se referindo à Teresópolis? Isto quer dizer que a Cattleya granulosa você cultiva lá em cima?

RA: Não, em geral são cultivadas em Guapimirim pois esta espécie é de calor. Eu mantenho duas ou três super granulosas em Teresópolis numa estufa aquecida. Assim controlo melhor o cultivo destas plantas e, a cada floração, elas acabam sendo usadas em cruzamentos. As outras plantas selecionadas de Cattleya granulosa para o uso em exposição estão em Guapi onde faz calor e elas crescem magnificamente bem. Então, prefiro mantê-las num local com condições climáticas adequadas para a espécie.

ON: Quais as condições em Guapi?

RA: A vantagem de Guapi é que faz calor quase o ano todo. Lá as Cattleyas, além de espécies de clima quente, reagem bem, crescem e florescem muito bem. As estufas ficam no raiz da serra onde tem um bom movimento de ar que ajuda muito no cultivo das plantas. Tiro proveito de duas condições climáticas bem diferentes ganhando assim tempo no cultivo. Levo as plantas de Teresópolis para Guapi logo depois de saírem do laboratório, assim os seedlings crescem mais rapidamente em função do calor. Mesmo no inverno, é muito raro que a temperatura cai abaixo de 14º C. A queda de temperatura noturna, no inverno, é acima de 10º e no verão, chega perto, cai de trinta e tantos graus para vinte e poucos graus. Essa queda da temperatura é benéfica para a planta. Claro que temos um problema quando a temperatura diurna sobe para 40, 42º e a noturna fica em torno de 25 , 26º. Essas temperaturas elevadas prejudicam um pouco o desenvolvimento das orquídeas, assim usamos ventiladores e borrifamos água para refrescar as estufas.

ON: E Phalaenopsis, está em Guapi também?

RA: : Os Phalaenopsis eram cultivados em Guapimirim. Acabamos optando por uma área que fica, mais ou menos, 150m acima de Guapi onde o clima é um pouco mais ameno. As plantas reagiram muito bem por uma série de fatores. As estufas ficam no meio da montanha e são bem ventiladas, ou pela brisa que desce a montanha ou através de ventiladores. A temperatura não é tão elevada quanto Guapi e a queda é um pouco mais acentuada, o que é muito importante para a floração de Phalaenopsis. Prefiro que a haste demore um pouco para se esticar, assim as flores acabam durando mais tempo. Picos de temperatura podem prejudicar a floração e para evitar perda de flores deixamos os ventiladores funcionando durante a noite também. Olhando a haste, sabe-se exatamente quando fez muito calor, pois os botões amarelam e acabam murchando. Neste local, tenho outras espécies que gostam de calor, mas que reagem bem a uma queda maior de temperatura.

ON: E em Teresópolis, mais frio, você cultiva híbridos de Sophronitis, espécies como Laelia purpurata, Cattleya loddigesii, Cattleya intermedia. Você acha que Laelia purpurata precisa de clima frio?

RA: Eu não chamaria de clima frio, é intermediário, temperado o que é ótimo para estas plantas. Você tem que lembrar que a Laelia purpurata é encontrada no Rio Grande do Sul, onde faz muito calor no verão e bastante frio no inverno.
Tenho ficado muito satisfeito com as florações dessas espécies e acho que a última estação teve a melhor florada de L. purpurata, cada haste carregava 4-6 flores. É claro que a qualidade das purpuratas melhorou, mas nós conseguimos criar uma estufa cujo clima é perfeito para o cultivo dela e outras espécies como C. loddigesii, neste caso obtivemos um mar de flores. Devemos ter umas duzentas plantas de C. loddigesii na coleção e não consigo me desfazer delas, gosto tanto de ver este mar rosado, em julho. Esta é a obsessão do colecionador e quando gosto de uma planta, me dá muito prazer ver várias plantas bem floridas. No caso da L. purpurata eu deixo a planta se entouceirar pois a floração é muito melhor. Já tivemos plantas com 60 flores, faz um show à parte, um belo espetáculo.

ON: E o que mais é cultivado lá em cima? Masdevallia, Cymbidium, Paphiopedilum?

RA: Teresópolis tem a vantagem de um verão mais ameno. O inverno é frio demais para os Paphios de folhas machetadas que são cultivados numa estufa aquecida. Essas plantas se desenvolvem extremamente bem e dão uma ótima floração. Na exposição de verão tivemos uma grande quantidade deles floridos, num período em que se tem poucas flores. Com pequenos ajustes, obtêm-se resultados melhores. É muito mais fácil aquecer uma estufa do que tentar resfriá-la. No inverno, em algumas noites, a temperatura cai a 3, 4, 5ºC, e não poderia se cultivar estes Paphios sem aquecimento. As outras plantas de clima temperado não são afetadas por uma temperatura abaixo de 10ºC, desde que seja por um curto período, mas a permanência de baixa temperatura por algum tempo interfere em seu metabolismo.
Tentamos cultivar as espécias andinas de Masdevallia mas elas sofrem no verão pois a temperatura é elevada demais, durante tempo demais. No verão, elas sofrem muito e se recuperam magnificamente bem no inverno, mas é aquele jogo chato. Você só tem uma planta bonita durante alguns meses.
Tenho usado muita Brassia, Ada, estou curioso para ver o resultado com Ada aurantiaca. Os primeiros seedlings de Brassada deverão florir nos próximos seis meses, tudo isto é uma linha nova para mim, são experiências. Tenho me concentrado em híbridos mais tolerantes ao calor, por exemplo, Odontocidium, Wilsonara, usando espécies brasileiras e, usando Oncidium sphacelatum que dá aquelas hastes imensas, mas continua com muitas flores.
Fiquei muito satisfeito com a floração dos primeiros seedlings, principalmente com um onde usei uma planta da Fundação Eric Young, Wilsonara Bonne Nuit. Ela é um híbrido de Oncidium sphacelatum que cruzei com Oncidium Jorge Verboonen, um híbrido de espécies brasileiras (Oncidium crispum x Oncidium marshallianum).
O resultado foi ótimo, não tem aquela haste gigante com um monte de flores pequenas, a haste é mais curta e ramifica. Nos seedlings que floriram pela primeira vez, havia hastes com 30, 40 flores abertas ao mesmo tempo, um ótimo resultado. O que se procura fazer é algo que seja melhor que as matrizes usadas. Neste caso, as plantas são de fácil cultivo e robustas o suficiente para aguentar transportes. É horrível quando uma planta, que estava linda em seu orquidário, chega à exposição feia ou com a flor murcha.



ON: Vaso de plástico ou de barro?

RA: : Fizemos opção pelo vaso de plástico, é uma questão de escala pois em Guapi temos mais ou menos, 250 mil Cattleyas entre adultas e sementeiras de vários tamanhos. O vaso de plástico tem suas vantagens, é fácil de esterilizar para a reutilização, é mais leve para carregar, retem umidade por mais tempo e as estufas são todas cobertas. Com o uso vaso de barro, talvez seja preciso regar todo o dia no verão, com o de plástico, pode se regar a cada dois ou três dias, isso representa uma economia de água, tempo e energia. Além disso, como exportamos uma certa quantidade de plantas, o vaso de plástico permite retirá-las limpas e sem danificar as raízes.

ON: Então, no verão, a regra é regar a cada três dias, em Teresópolis?

RA: Eu não gosto desta coisa tão rígida, predeterminada. Nem sempre podemos seguir uma rotina pre-estabelecida. Este ano é um bom exemplo, o verão tem tido temperturas tão amenas que precisamos reduzir a freqüência da rega. Normalmente, regamos duas ou três vezes por semana mas, como tem chovido muito e há tanta umidade no ar que regamos somente uma vez. Em princípio, a regra estabelecida é regar uma vez por semana no inverno, aumentando até chegar a duas ou três vezes no verão. É claro que tem exceções como a que acabei de mencionar e o vaso de plástico possibilita a redução de rega. Quando começamos a cultivar orquídeas aprendemos que regar em excesso provoca a decomposição muito mais rápida do substrato e, conseqüentemente, o apodrecimento das raízes. Se tiver dúvida sobre a rega deixa para o dia seguinte.

ON: Com a proibição do uso de xaxim, como você está resolvendo a questão do substrato?

RA: : De São Paulo para o sul, você é multado se apresentar, numa exposição, uma planta cultivada com xaxim. A mudança de substrato é motivo de certa preocupação, estamos fazendo experiências usando fibra de coco, com cascalhinho e casca de pinheiro, por enquanto tem funcionado.

ON: Mas a fibra de coco não se deteriora com facilidade?

RA: Deteriora sim, por isto deve-se ter cuidado com seu fornecedor, saber de onde está vindo a fibra e ter certeza que ela foi tratada para extrair todos os sais. Um dos problemas acontece no processo de secagem é que as fibras passam por rolos gigantes para tirar a água e se a fibra for apertada demais, ela se rompe e acaba deteriorando mais rapidamente. Ela deve ser esponjosa. Por enquanto, as plantas estão reagindo muito bem, têm enraizado rapidamente todavia, são só dois anos de experiência. É muito pouco tempo para saber qual será o resultado a longo prazo. É preciso adaptar as proporções, para seedling, uso um pouco mais de fibra porque segura um pouco mais água e pedaços menores de casca. Existem várias gradações de casca, para planta adulta, uso pedaços maiores. No caso de Paphio, uso mais cascalhinho e casca do que fibra. Com Cymbidium, por exemplo, tem muito mais cascalho, com as rupícolas, quase não tem fibra de coco, o substrato é quase todo feito com cascalhinho e casca. Então, para cada tipo de orquídea, é usada uma mistura ligeiramente diferente que vou adaptando. Em geral o nosso substrato é composto de um terço de cascalhinho, um terço de fibra de coco e um terço de casca de árvore. Por enquanto não temos muitas escolhas, é o que tem disponível. Nós temos muita sorte de morarmos num país onde existem tantos habitats diferentes tão perto, o que nos permite tentar adaptar da melhor maneira possível o cultivo de nossas plantas. Quando se vê uma rupícola crescendo em seu habitat, percebe-se que estas plantas precisam ser cultivadas em pequenos vasos de barro com um substrato que seque o mais rápido possível.



ON: Dica de cultivo, você teria alguma para dividir conosco?

RA: Dicas de cultivo todo mundo tem! A minha dica de cultivo seria sobre prestar atenção às necessidades de cada planta. Muitas vezes uma planta que não se desenvolve bem num canto da estufa passa a crescer melhor ao ser mudada para um outro canto que tem condições um pouco diferentes. È impressionante como pequenos focos de infestação passam desapercebidas numa estufa. Eu vejo isso nas nossas estufas, muitas vezes estes pequenos focos aparecem de um dia para outro e, se não são vistos a tempo, podem causar estragos nas plantas. Pode ter mil plantas sadias numa estufa, invariavelmente acabo encontrando a única que tem um pequeno foco de colchonilha, pulgão ou seja lá o que for. Acho tão importante você poder enxergar estes pequenos problemas. Às vezes, fico espantado de ver uma pessoa passando por uma planta e não perceber que tem alguma coisa errada. Não gosto de ver planta maltratada.
Eu acho que não tem nenhum segredo, tem tanta literatura, tanta informação disponível na internet. Quando tem segredo é para forçar a floração, algum hormônio, algum artifício, sou radicalmente contra isto.



ON: Diz-se que a orquidofilia é uma manifestação branda de loucura. Você já fez alguma loucura orquidófila?

RA: : Não é que já tenha feito, eu continuo fazendo. Às vezes, não tenho coragem de dizer quanto gastei numa planta. Pode ser por causa da raridade, da paixão por aquela flor tão bonita ou, às vezes, a gente percebe que tem um grande potencial como matriz. Claro que ao lidar com um outro profissional, existe a noção mútua do valor da planta. Eu não acho isto loucura, é a paixão, a compulsão de quem coleciona. Hoje em dia, eu consigo me controlar um pouco melhor para não comprar uma planta que, no momento seguinte, estar arrependido. Hoje em dia, consigo parar e, antes de cometer a loucura, analisar para saber se vale ou não a pena.

 

ON: Existe alguma história ou caso interessante ligado à sua relação com as orquídeas?

RA: : Com certeza foi das coisas mais estúpidas que fiz. Na primeira incursão à Serra dos Órgãos, subi numa árvore para fotografar uma linda touceira de Sophronitis. Quando olhei para baixo, me dei conta que estava num galho nem tão forte assim e que havia uma queda de mais ou menos 300 metros. Levei um susto tão grande que fiquei paralisado, não conseguia me mexer, com medo de cair, de despencar lá embaixo. Todo mundo que estava no grupo sabia disso, e não falaram nada, estavam todos às gargalhadas. Foi uma bela idiotice que, pelo menos, valeu uma ótima foto.


ON: Muito obrigado, Roberto Agnes.

Fotos: Roberto Agnes (todas) exceto a  foto do Roberto e dos Phalaenopsis que são ©Sergio Araujo

Identificação das orquídeas (de cima para baixo, esquerda para a direita):

Blc. Samba Coral
Blc. Samba Opera
Blc. Samba Parfait
Paph. Graham Robertson
Paph. (Red Glory x Pacific Magic)
Paph. (Schaetzen 'Bronzine' x Macabre)
Paph. (welleslianum x moquettianum)
Miltonia spectabilis var. moreliana
Paph. (Mistic Jewel x Hasta la Vista)
Galeandra chapadensis
Aspasia silvana
Cat. warneri
'Samba Perfection'
Dyackea hendersoniana

Phrag.
Hanne Popow
Cat. leopoldii
'Samba Tiger"
Phalaenopsis
Cat. granulosa
Laelia tenebrosa
Cat. intermedia
Cat. loddigesii
Laelia purpurata

Potinara Samba Amigo
Blc. Exotic Apricot
Blc. Shiniti Isikawa
Blc.
Peach Cobbler
Blc. (Eve Marie Barnett x Goldenzelle)
Slc. Coastal Sunrise 'Sunshine'
Sophronitis
Arizona

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