ON:
Dr. Jean Koenig, há quanto tempo o senhor vem estudando
as orquídeas?
JK: Eu venho estudando as orquídeas
há mais de 50 anos. Eu peguei o virus muito cedo. Meus
pais eram interessados em orquídeas e costumava observar
habitats com eles quando eu ainda era um garoto.
ON: Quantos gêneros e espécies de orquídeas
ocorrem na França?
JK: Nós temos 27 gêneros
e mais de 160 táxons. Em minha opinião, nem todas
são espécies válidas.
ON: Em sua palestra, em Dijon, durante a 18a. WOC, o senhor
falou que as orquídeas parecem menos numerosas do que a
50 anos atrás. Poderia nos explicar por que?
JK: Comparando o número de orquídeas
de 50 anos atrás, eu acho que, agora,
temos um conhecimento
maior sobre os diferentes gêneros, o que nos permite distinguir
melhor as espécies do que antes destes novos critérios
de distinção. Por outro lado, há 50 anos
atrás, por exemplo, nós tínhamos menos de
20 espécies de Ophrys na França, atualmente,
temos mais de 50 devido à evolução dos critérios
taxinômicos.
ON: Em sua opinião, as leis francesas de proteção
às orquídeas são suficientes? De que modo
estas leis atuam?
JK: Na França, as listas de proteção
tem dois níveis: a nível nacional, 20 espécies
(algumas são agora distribuídas em diversos táxons)
estão na lista vermelha. A nível regional, 77 espécies
adicionais figuram na lista de proteção: para a
região do Auvergne, mais dez espécies foram incluídas.
Mas isto não é suficiente: os habitats também
tem que ser protegidos. A regulamentação européia
Natura 2000 que deveria permitir a proteção das
áreas ricas em termos de biodiversidade está sendo
trabalhada muito lentamente.
ON: Quais são as espécies de orquídeas
mais ameaçadas na França?
JK: As mais ameaçadas são
aquelas que crescem em áreas úmidas, especialmente
em áreas de baixa altitude porque mais e mais áreas
são drenadas para a agricultura. Deixe-me nomear algumas
ameaçadas: as espécies de Dactylorhiza, D. incarnata,
D. praetermissa, D. sphagnicola, as espécies
de Anacamptis (=Orchis) como A. palustris,
Anacamptis (=Orchis) laxiflora, ou outras
espécies como Spiranthes aestivalis.
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Dactylorhiza
incarnata L. |
Anacamptis palustris
(Pridgeon & Chase) |
Anacamptis laxiflora
(Pridgeon & Chase) |
Spiranthes aestivalis L. |
Cypripedium
calceolus L.
|
A
mais famosa orquídea européia, emblema da
Sociedade Francesa de Orquídea (SFO), Cypripedium
calceolus L. que faz parte da lista das orquídeas
protegidas mas que talvez já não seja tão
ameaçada atualmente. Esta espécie cresce principalmente
nas regiões alpinas. |
As
espécies de Serapias não são
comuns na França e assim as seguintes espécies
estão sendo incluídas nas listas de proteção
regional: Serapias lingua que ocorre no sul da França
está se tornando rara por causa da drenagem de seus
habitats.
Serapias cordigera, crescendo na região mediterrânea,
muito freqüentemente em solos ácidos.
As espécies seguintes são mais comuns embora
elas sejam, algumas vezes, protegidas a nível regional. |
Serapias
lingua |
Serapias
cordigera |
Ophrys
apifera L. |
Ophrys
insectifera L |
Entre
as espécies de Ophrys
species, a orquídea abelha (ophrys apifera
L.) é uma das mais frequentes orquídeas francesas
que crescem em todo o território até mesmo
colonizando os gramados particulares. Ophrys insectifera
L. não é tão freqüente talvez
por causa de seu tamanho pequeno mas está presente
em quase todo o território. |
ON: Tem alguma espécie que pode ser considerada
com extinta em seu habitat?
JK: Aparentemente apenas uma espécie
desapareceu nos últimos 20 anos: Anacamptis (=Orchis)
collina que era endêmica para o sul da França
e hoje subsiste em territórios estrangeiros.
ON: Em sua palestra, senhor também disse que o mapeamento
das orquídeas francesas estava sendo efetuado há
mais de 20 anos. Qual o organismo que está executando este
trabalho?
JK: O mapeamento das orquídeas
é uma importante tarefa assumida pela SFO com o suporte
financeiro do Ministério da Ecologia. Cada departamento
ou distrito tem um cartógrafo com coordenadas de prospecções
computando os dados que são enviados para o nível
nacional. Os mapas nacionais serão confeccionados pelo
Museu Nacional de História Natural.
ON: Quais são as conclusões obtidas por este
mapeamento?
JK: As conclusões não foram
ainda validadas até o momento porque nem todas as regiões
tiveram seus levantamentos finalizados.
ON: Em sua opinião, de que maneira, as mudanças
climáticas e as ações humanas provocam variações
nas populações?
JK: Algumas espécies estão
em extinção enquanto outras são mais raras
devido, provavelmente, devido às ameaçadas citadas
nas zonas úmidas. Algumas áreas de ocorrência
estão em expansão talvez devido às mudanças
climáticas: Este é o caso, por exemplo, da espécie
Himantoglossum (=Barlia) robertianum que
existia anteriormente somente nos distritos do Mediterrâneo
e agora está atingindo a área de Lyon.
ON: Estas conclusões já foram publicadas e já
estão disponíveis para as pessoas interessadas nas
orquídeas francesas?
JK: As conclusões não foram
ainda publicadas mas espero que o sejam em breve.
Pelo menos, um atlas das orquídeas francesas será
publicado dentro do prazo de 2 anos com a interpretação
dos resultados do mapeamento.
ON: Obrigado.
Literatura
Bournerias et al Les orchidées de France, Belgique, Luxembourg
second edition December 2005.
Biotope editor
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