Fernando Setembrino é advogado, especialista em contencioso, ou seja em causas na Justiça, nas áreas civil, comercial, família e eleitoral. Começou como estagiário no final de 1969 e intregrou o Tribunal Regional Eleitoral do Rio, como juiz, por 8 anos.
Tornou-se juiz em orquídea e atuou na 18ª Conferência Mundial de Orquídeas, na França, em 2005 e, apesar do pouco tempo de cultivo, suas plantas vêm se destacando nas exposições.

ON: Por que começou a cultivar orquídeas? Qual foi o momento mágico da atração? Houve algum fato ou pessoa que o tenha influenciado muito?
FS: Sempre gostei de flores. Todas as orquídeas que ganhava eu amarrava nas árvores da minha casa de campo. Passei a notar que as orquídeas ficavam em melhores condições nas estufas do que na natureza, sujeitas às intempéries e aos predadores naturais. A chuva acabava com as flores, os insetos e os bichos acabavam com as folhas. As plantas ficavam sempre com um aspecto geral feio. Um dia ganhei do meu amigo João Carlos de Almeida Braga (Quinta do Lago) uma fantástica touceira da Bc. Pastoral 'Innocence', criação de 1961 de Rolf Altenburg (Florália), ficando com a certeza que as orquídeas são mais bem tratadas pelo homem do que pela simples mãe natureza. Logo em seguida minha mulher ganhou uma Cattleya labiata, dada por uma amiga. A coleção já havia dobrado. Com essas duas plantas teve início uma verdadeira paixão
.

ON: Há quantos anos você cultiva orquídeas?
FS: Cultivo em estufa desde maio de 2004, parte em Nogueira, entre Petrópolis e Itaipava e outra parte na minha casa no Leblon, numa estufa no 3º andar.


ON: Quantas plantas você possui, aproximadamente?
FS: Atualmente tenho umas 800 plantas em Nogueira e umas 120 no Rio.


ON: Existe alguma planta que seja a preferida?
FS: Difícil escolher uma só planta. Vou, então, citar 3 pelas quais tenho uma leve preferência:

A Blc. Nobile's Bronze 'Caramelo';

o Oncidium enderianum ou crispum (ainda não consegui que me tirassem essa dúvida) 'Abril no Leblon'

e a Laelia purpurata werckhauseri superba, 'Leblon'.


ON: Que espécies que você mais cultiva? Você tem preferência por híbridos ou espécies?
FS: Eu comungo da opinião do meu amigo Raimundo Mesquita: orquídea boa é orquídea bonita, tanto faz se espécie ou híbrido.
O meu cultivo está meio a meio
.

ON: Quanto tempo por dia, você gasta cuidando de suas orquídeas?
FS: Gasto aproximadamente 1 hora por dia.

ON: Quais são as condições climáticas encontradas em seu ambiente de cultivo?
FS: As condições de Nogueira são fantásticas. Dias com muito sol e temperatura, em média, na faixa dos 22 a 28º C, caindo bastante durante a noite. O inverno chega a ser rigoroso. Às vezes a temperatura baixa dos 8 graus centígrados.
No Rio, eu tento contornar o clima, usando ventilador, umidificador e muita rega no chão da estufa.


ON: Você teria alguma dica de cultivo sua que quisesse compartilhar conosco?
FS: As dicas são inúmeras, variando sobre os temas substrato, rega, adubação, prevenção de doenças, combate a insetos. Porém, posso dizer que a canela em pó é um excelente fungicida natural, que os caracóis devem ser combatidos com metaldeído e que as orquídeas não gostam de ficar com o substrato molhado, sendo muito importante que as regas somente ocorram após elas ficarem um tempo com o substrato seco.

ON: Partindo de sua experiência, qual a dica para cultivar orquídeas de clima frio em clima quente como o da cidade do Rio de Janeiro.
FS: Como já disse antes, a dica é controlar a temperatura do ambiente a umidade relativa do ar. Consegui uma floração de 175 flores, em 3 hastes, do meu Oncidium enderianum ou crispum, no Leblon, graças a isto. Até as descendentes de Sophronitis nascem bem na minha estufa do Leblon.



ON: Existe alguma história ou caso interessante ligado à sua relação com as orquídeas?
FS: Tenho uma interessante. Apresentei numa exposição em Maricá um híbrido que comprei, ainda seedling, da Aranda, criado pelo Roberto Agnes. Coloquei a etiqueta oficial do certame com a identificação correta. Porém, ficou no vaso uma plaquinha de plástico com a identificação errada, pois houve uma troca quando da compra pela Internet. Pois bem, a planta não foi considerada para o julgamento e não foi premiada. Quem compareceu à exposição não entendia porque a planta estava sem premiação. Triste com o episódio, como as flores agüentaram bem, eu, na semana seguinte, levei, com a Marlene Paiva (OrquidaRio), a planta para a exposição da AOSP, do final do ano passado. Pois bem, lá em São Paulo, diante de um julgamento rígido e criterioso, a planta tirou um 1º lugar.

C. Dupreana x C. leopoldii

ON: Diz-se que a orquidofilia é uma manifestação branda de loucura. Você já fez alguma loucura orquidófila?
FS: Fiz. Com pouco tempo de orquidofilia e com apenas um curso de juiz (Carlos Espejo/OrquidaRio) e tendo participado do julgamento de apenas uma exposição, peguei minha mulher, fizemos as malas e partimos para Dijon (França), em março de 2005, conseguindo, dado o prestígio mundial da OrquidaRio, ser um dos juízes daquela magnífica exposição, ficando no grupo de juizes (6) que julgou o gênero Oncidium.

Fotos: Fernando Setembrino




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