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E
com o tempo descobri que a melhor forma de cultivar catasetum
é mesmo em recipiente transparente com depósito
de água ao fundo. Ou seja, PET. E a experiência mostrou
que xaxim não é o melhor substrato para catasetum.
Fibra de coco, sim. Dá ótimo resultado.
Logo, chegamos ao orquidário ecológico: reciclagem
de lixo de lentíssima decomposição (PET),
descarte de cocos após utilização da água,
reaproveitado.
Perfeito! |
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Novos
experimentos e a orquídea vai buscar seu suprimento de cálcio,
potássio e outros nutrientes mais diretamente do osso! |
Cattleya labiata entouceirando sobre uma 'sambiquira' de vaca |
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O resultado estético foi questionado e o osso (de boi,
claro!) foi para dentro da PET, disfarçado pelo substrato.
E as raízes de catasetum, de Cattleya violacea,
até de micros, envolvem-no firmemente.
As flores mostram mais substância. Duram mais. As folhas
estão maiores, mais robustas. E tem plantas florindo duas
vezes no ano! |
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O
"ouriço" da castanha-do-Pará é descartado
pelos coletores das suas amêndoas, mas virou um atraente porta-orquídeas.
Perfeito para o cultivo de micros, e de pequenas catasetíneas
também. Orgânico, além de vaso, faz as vezes
de adubo. |
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As
tartarugas do lago precisando de areia para reprodução,
desova, e uma prainha artificial foi criada. Espaço que
logo se tornou o "violacetário", aproveitando
a luminosidade e a umidade do lago. Compartilhada com jacarés
e tartarugas.
Nos
meses secos, de maio à setembro, os macacos-prego, bando
barulhento e curioso, freqüenta e explora todos os recantos
da chácara. Bulbos de catasetum são suculentos!
Viram item básico do cardápio. Mas que xixi ácido
estes animais tem. A touceira de Rodriguezia lanceolata
da goiabeira cozinhou, literalmente, sob a urina de um destes
primatas. Atualmente, cinco bandos de diferentes espécies
se revezam em visitas à chácara, em busca de local
seguro para brincar e alimentação garantida. São:
sagüi, quatar, zogue-zogue, macaco-prego e bugio.
O resultado do espaço destinado às violáceas
mostrou-nos o caminho!
As orquídeas adorando o trio luminosidade/umidade/ventilação,
o lago deveria ser melhor explorado.
Embarcações de recreação que ficam
longo tempo ancoradas próximas às ilhas de rios
da região, chamadas flutuantes, mostrou a inspiração.
Em maio construímos o primeiro orquidário sobre
águas de que temos notícias: é o orquidário
flutuante.
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Orquidário-flutuante,
cultivar orquídeas é uma viagem! |
Entrada
- vista externa
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Na
bancada ao centro do orquidário flutuante, ficam as orquídeas
em flor |
Mas
bem antes disso, a chácara se tornou local muito procurado
para visitação, fotos, passeios, piqueniques de
escolas...
Desde 2002 desenvolvemos um programa regular de educação
ambiental. Escolas trazem seus alunos em pequenas turmas, cerca
de 20 por vez.
Eles passeiam, observam animais livres convivendo conosco, admiram
lindas orquídeas em flor, recebem noções
de ecologia, de preservação ambiental, e terminam
num animado lanche.
Orquídeas
são nossa paixão (a família inteira curte
unida). Não conseguimos nos desvincular do valor afetivo
que lhe agregamos, por isso, comercializá-las não
está em nosso projeto.
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Dimerandra emarginata |
Plectrophora iridifolia |
Trizeuxis falcata |
Scaphiglottys violacea (Scgl graminfolia) |
Cycnodes Wine
Delight 'Jem' FCC/AOS |
Coryanthes vieirae |
Encyclia cordigera |
Spathoglottis plicatta |
Cyrtopodium saint-legerianum |
Atualmente
estamos cadastrados no programa municipal de turismo e city-tour,
com passeios remunerados. Que não é apenas para
admirar orquídeas, mas a imensa coleção de
cactos também, helicônias, aráceas. Mais todos
os animais. |
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Animais já fazem outra lenda: o nosso "dom" para
conviver com cobras. Temos duas de estimação, mascotes
mesmo que circulam pelo orquidário em busca das pererecas
para saciar a fome. Tem também a história da imensa
jibóia (três metros!), cuja liberdade foi resgatada
por dez reais |
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Também
tem a Ieca, a perereca albina que obrigou-nos a desalojar uma
orquídea, deixando só a drenagem no fundo da PET
com o reservatório d'água para ficar fresquinho.
Tá morando ali fazem alguns meses... linda ela, não
é? |
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e
assim, a Chácara Recanto das Orquídeas, em Alta
Floresta-Mato Grosso, 800km à norte de Cuiabá, é
santuário ecológico. Das 17:00hs em diante, pode-se,
sentado sobre o flutuante, aspirando magníficas fragrâncias
de orquídeas e apreciando suas fantásticas cores,
ter a incrível visão de milhares de garças
chegando para pernoite. A árvore escolhida por elas fica
recoberta de branco-puro, a algazarra começa leve com a
chegada das primeiras aves, aumenta muito quando bandos numerosos
se acomodam, vai diminuindo lentamente conforme a noite recobre-as.
E se você olhar as mesmas árvores após as
cinco da matina, pensará que foi tudo um sonho: silenciosamente,
as madrugadeiras partiram com o primeiro piscar do dia, em busca
de suas aventuras alimentares de insetos a degustar. Mas o espetáculo
tem prazo: a cheia está começando, o Pantanal as
chama para o período de reprodução que está
para iniciar. Em novembro poucas restarão por aqui. Em
dezembro, só as fotos reavivarão as lembranças...
mas em julho elas retornam. |
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Garças
- um espetáculo capaz de rivalizar com as orquídeas.
Em pouco mais
de 30 minutos (das dezoito às dezoito e trinta e três)
a árvore muda de cor. |
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Dicas
preciosas para cultivo de Catasetum
Substrato: se possível, use fibra de coco, mas é
preciso retirar o tanino do coco antes. Isso se faz colocando
de molho e trocando a água por vários dias, até
que a água não saia vermelha mais. Xaxim não
permite o melhor desenvolvimento da planta.
Vaso:
use PET ou potes transparentes que são adquiridos nas casas
de embalagens. Lembre de deixar um reservatório de água
no fundo da PET ou pote, pelo menos 5 cm.
Dreno:
o melhor metarial para colocar como dreno é cacos de telha.
Brita varia na composição, as vezes mais ácida,
as vezes mais alcalina, altera o pH final.
Adubação:
assim que despontar raízes nos novos bulbos, faça
uma adubação de suporte. Eu uso osmocote 14-14-14,
liberação lenta, uma colherinha por PET. Também
pode ser um orgânico, tipo bocashi ou o "viagra"
da AOSP. Este procedimento é fundamental para garantir
o vigor do bulbo que vai se formar, dando condições
à planta de desenvolver uma florada em seu
potencial máximo.
Rega:
Jamais irrigue jogando água sobre o bulbinho que surge
ou as folhas jovens. É o ponto fraco do catasetum, a maior
"causa mortis" deste gênero. Molhe somente o substrato,
e mantenha o reservatório cheio enquanto o bulbo está
crescendo.
Luminosidade:
A sol-pleno, você terá incidência de floradas
femininas em suas plantas. Sombreamento de 50% garantem muitas
hastes florais masculinas - que são as desejáveis
pela forma e colorido, com algumas flores femininas ou até
hermafroditas. sombreamento de 70% predominará flores masculinas
somente.
O
melhor espaço para o catasetum: está no alto do
orquidário!!! Pendurado!
Jamais deixe seu catasetum sobre bancada, coloque-o pendurado.
O ideal é que fique um vão livre de 1,5 m entre
a planta e o teto, garantindo boa ventilação.
Na dormência,
após a queda das folhas, deixe seu catasetum em local seco
e bem ventilado. Não molhe de encharcar, apenas umideça
levemente o substrato a intervalos semanais. Jamais adube a planta
no período de dormência. Nem replante. Espere surgir
o broto novo e nele despontar as primeiras raízes, só
então regue em abundância, ou adube, ou replante,
ou divida... enfim, seus tratos culturais.
É
assim que eu faço!
Apolônia
Fotos: René Rocha
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