Cattleya ×hummeliana L. C. Menezes & V.P. Castro
Lou C. Menezes* & Vitorino P. Castro Neto**
Um novo híbrido natural de Cattleya (Orchidaceae) de Roraima (Brasil)
Richardiana VII(4) - 185/191 - outubro 2007


Palavras-chave:
Brasil, Cattleya, C. ×hummeliana, C. violacea, C. lawrenceana, híbrido natural, Orchidaceae, Roraima.

Resumo
Descrição de um híbrido natural de Cattleya violacea (HBR) Rolfe e C. lawrenceana Reichenbach f., originária de Roraima (Brasil), com comentários sobre a hibridação natural de orquídeas brasileiras.

Introdução
A ocorrência relativamente freqüente de híbridos naturais já foi mencionada (Castro & Catharino 2004) e assinalado que, em certos casos, tratam-se de acontecimentos efêmeros enquanto que, em outros, existe a fixação de caracteres como é o caso da Cattleya dukeana Reichenbach f., encontrada no literal do estado de São Paulo ou Cattleya silvana Pabst que se assemelha à Hadrolaelia grandis (Lindley & Paxton) Chiron & V.P. Castro e à Cattleya warnerii Moore. Em todos estes casos, o polinizador não é específico e, se as espécies são simpráticas e os períodos de floração são sobrepõem, a formação do híbrido é realmente possível.

A planta descrita foi descoberta no estado de Roraima, Brasil, em uma região próxima à fronteira com a Venezuela. A morfologia da planta já mostra o caractere híbrido desta planta que é confirmado pela estrutura floral, os progenitores estando em evidência: Cattleya violacea e C. lawrenceana que são encontrados, juntos na região de origem do híbrido natural descrito.

Diagnose
Planta epiphytica et hybrida naturalis inter Cattleya lawrenceana Rchb.f. et Cattleya violacea (Kunth) Rolfe; pseudobulbis fusiformibus,pluriarticulatis (3-5), apice 1-2 foliatis; foliis crassis, coriaceis; inflorescentia terminali, erecta cum 3-5 floribus, speciosis et odoratis; pseudobulbis et flores magnitude et forma media inter species supra dictas; pollinia 4, cápsula perfecta ignota.

Habitat in Statu Roraima. Floruit in mense Octobri, anni 2005 et 2006. Legit Lou Menezes. Holotypus UB 97.

Etimologia
O nome foi dado em homenagem ao Dr. Antonio Carlos Hummel, Diretor do Departamento de Florestas do IBAMA
.

Forma geral da planta
(notar que os pseudobulbos tem uma ou duas folhas)











Segmentos florais
Coluna e polínias





















a : sépala dorsal
b : pétalas
c : sépalas laterais
d : labelo
e : coluna
f : antera
g : polínias
Cattleya x hummeliana L.C. Menezes & V.P. Castro
dessin du type, Vitorino P. Castro Neto, mai 2007




Cattleya x hummeliana



Cattleya lawrenceana
Cattleya violacea  


Descrição
Planta epífita, quase sem rizoma.
Pseudobulbo cilíndrico, de 13 a 26 cm de altura, com 5 entrenós e 1 ou 2 folhas apicais. Folhas elípticas alongadas, com 8-10 cm de tamanho e 4-5 cm de largura, dísticas. Inflorescência curta com, aproximadamente, 5-7 cm, emergindo de uma espata seca. Flores de 9cm de diâmetro tépalas rosa-avermelhada, as pétalas são esbranquiçadas ao longo da nervura central, o lobo mediano do labelo é vermelho-escuro, os lobos laterais com uma borda avermelhada, o interior branco e a borda rosa, e, na extremidade na mesma cor do lobo mediano, coluna branca. Sépala dorsal oblongo-lanceolada, com comprimento de 6,5 cm e com 1,8 cm de largura.
Sépalas laterais falciformes, com 6,0 cm de comprimento e 1,9 cm de largura.
Pétalas
elípticas com 7 cm de comprimento e 3 cm de largura.
Labelo
trilobado, os lobos laterais envolvendo a coluna; lobo mediano reniforme, com 1,8 cm de comprimento e 3,7 cm de largura, borda frisada; istmo curto, com 0,5 cm de comprimento e 2,3 cm de largura; lobos laterais quadrados, arredondados na base e inflados no ápice, com 3,0 cm de comprimento, no total, o labelo possui 6,0 cm de comprimento por 4,5 cm de largura, aberto. Coluna triangular, curvado no ápice, face ventral côncava, com 2,5 cm de comprimento e 0,8 cm de largura. Antera semi-quadrada, branca, com 5 mm de comprimento. 4 polínias, amarelas. Cavidade estigmática triangular, côncava.

Habitat
Roraima. Na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Floração em janeiro-fevereiro.

Discussão
No espécime estudado, as duas folhas lembram a da C. violacea, o lobo mediano do labelo mais ou menos achatado mostra a ascendência da C. violacea, mas as bordas dos lobos laterais, com a extremidade direcionada para o alto, envolvendo totalmente a coluna, assim como as pétalas largas, típicas das espécies unifoliadas de Cattleya, mostram a ascendência de Cattleya lawrenceana.

Bibliografia
Braem, G. J., 1986. The unifoliate Cattleyas. Kurt Schmersow, Hildescheim.
Pabst, G. F. J. & F. Dungs, 1975. Orchidaceae brasiliensis. Vol. 1, Brucke-Verlag Kurt Schmersow, Hildesheim.
Van der Pijl, L. & C.. Dodson, 1966. Orchid flowers : their pollination and evolution. Coral Gables, Univ. of Miami Press.

Fotografias: L.C. Menezes

 

(*)  Lou  Menezes, Engenheira Florestal/Analista Ambiental, Centro Nacional de Orquídeas, Projeto Orquídeas do Brasil, Orquidário Nacional do IBAMA, Brésil - louorquidibama@hotmail.com.br

(**) Rua Vicente Galafassi, 549 – 09770-480 S.B.Campo, SP, Brésil – vpcastro@superig.com.br


Expressamente proibido qualquer tipo de uso, de qualquer material deste site (texto, fotos, imagens, lay-out e outros), sem a expressa
autorização de seus autores, sob pena de ação judicial. Qualquer solicitação ou informação pelo e-mail bo@sergioaraujo.com