"Encontrar uma orquídea na natureza é emocionante. Reencontrar é melhor ainda !...” 
Assim, o ambientalista Plínio Senna nos procurou, contando a sua felicidade em ter reencontrado, viva, uma orquídea que ele observava no Pão-de-Açúcar, em torno do ano de 2002, e que depois a havia perdido de vista.
E continuou :
“-Há alguns anos atrás, vi suas flores amareladas, numa escarpa vertical, junto à mata.   No ano seguinte, ela também floresceu, mas logo um grande galho tombou sobre ela, encobrindo toda sua touceira.  Parecia que ela não resistiria.  Qual não foi a surpresa, agora (dezembro de 2007), em vê-la viva, liberta dos galhos que a encobriam, e com três hastes em floração, já com cinco flores e dois botões.
Acho que é uma Cattleya forbesii.  Você poderia checar para mim ?...”
Plínio é um costumeiro observador da flora e da fauna, sobretudo carioca. 
É cirurgião-dentista, mas também pós-graduado em Análise Ambiental (pela PUC-Rio).
Permeia a botânica e a ornitologia em suas horas de lazer.  
É o grande incentivador, há mais de 20 anos, do Projeto de Reflorestamento e Conservação Ambiental do Morro do Leme (nota do edior: habitat de Brassavola tuberculata, Oeceoclades muculata, Habenaria leptoceras, Sophronitis cernua, Epidendrum denticulatum e outras),
( http://morrodoleme.tripod.com ).  
 Participou da criação da Área de Proteção Ambiental local, e é fundador do Clube de Observadores de Aves (COA-RJ).

Ele, há anos, acompanha de binóculo esta touceira única de Cattleya forbesii, na face sul do morro do Pão-de-Açúcar, numa escarpa rochosa vertical, voltada para oeste, junto à mata.  Ela está localizada a mais ou menos 9 metros de altura, do ponto de observação.
Cauteloso, tinha medo de revelar sua localização exata e descobrir, posteriormente, que alguém correu para coletá-la.  No entanto, resolveu dividir conosco esta descoberta, à condição que não fosse revelada a localização exata.   Mas, ele já está mais tranqüilo, pois constatou que a planta é muito cultivada em orquidários, custa bem barato, e, por isso, não há mais razão em ser coletada na natureza. Qualquer um pode cultivá-la em casa, comprando uma planta saudável e já adaptada ao vaso. E, as que resistem na natureza, podem ficar lá, e ter a beleza de suas flores admirada no seu ambiente, ano após ano.
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A Cattleya forbesii é uma espécie da Mata Atlântica e tem uma distribuição bastante ampla que abrange os estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo.
Vegeta, em geral, ao nível do mar, nas regiões litorâneas, sobretudo nas restingas ou mangezais, mas se estende até altitudes mais elevadas. Seu porte pode chegar a 25cm e seus pseudobulbos, tipo cana, são particularmente finos. Quando forma grandes touceiras, faz sobressair a beleza delicada de suas flores, com até 12cm de diâmetro.
Suas flores, de perfume suave de maçã verde, às vezes imperceptivel, nascem em número de 2 a 5 por haste floral, que emerge de espata ainda verde. Floresce desde a primavera até o verão. Seu colorido varia do verde-maçã até o castanho claro. Seu labelo é esbranquiçado estriado de vermelho e quilhas salientes na parte discal.
Na variedade alba, as pétalas e sépalas são verdes e o labelo é branco.
Fritz Dungs coletou uma planta, na Gávea, a 600m de altitude e a considerou como variedade rosea (Hort), esta planta, no entanto, foi considerada como sendo um cruzamento de Cattleya harrisoniana e Cattleya forbesii (Cattleya x venosa) (Fowlie).
Esta espécie é conhecida deste o final do século 18, mas foi introduzida no cultivo por volta de 1820. Foi descrita como Epidendrum pauper, por Vellozo, em 1790, no entanto só foi publicada em 1825, quando um novo nome já lhe havia sido atribuído, em 1823, através de publicação feita por Lindley, em Collectanea Botanica, sub t. 33.

Cattleya forbesii alba

Habitats na cidade do Rio de Janeiro:
Esta espécie crescia nas rochas e nas árvores na cidade do Rio de Janeiro, incluindo a Lagoa Rodrigues de Freitas, Copacabana e as lagoas de Jacarepaguá. Os registros de coleta indicam nos arredores da cidade (Forbes, Lund e Gardner). Na Lagoa Rodrigues de Freitas (Burchell) era encontrada às suas margens, sobre as pedras (Beyrich), em Jacarepaguá, como rupestre e epífita (Glaziou) e também em Copacabana (Riedel).


Espécies associadas:
Bifrenaria inodora, C. guttata, Cattleya harrisoniana, Catasetum hookerii,
diversas espécies de Epidendrum e de Maxillaria,Oncidium flexuosum, Gongora sp.



Híbridos naturais:
x dayana Rolfe - sine loco (C. guttata Lindl. x C. forbesii Lindl.) (842)
x isabellae Rchb. f - (C. forbesii Lindl. x C. intermedia Grah.) (843)
x venosa Rolfe - RJ (C. harrisoniana Batem. ex Lindl. x C. forbesii Lindl.)
Hoehne (Album das Orchidaceaes Brasileiras - página 108 - 1930) cita registro de Cattleya forbesii x Cattleya leopoldii e Cattleya intermedia x Cattleya forbesii.
João S. Decker (Cultura das Orquídeas no Brasil, página 69 - 1946) cita ocorrência de híbrido natural entre Cattleya forbesii e Cattleya bicolor.

Blc. Cadmium Light 'Belle Glade' x (C. loddigesii alba x guttata alba)
Muito utilizada em hibridações, já foram registrados mais de 1.300 híbridos que a incluem em suas árvores genealógicas. Ela transmite para sua progênie o bom desenvolvimento, flores amarelas e marrons e colorido rajado característico de seu labelo.


Cultivo:
É uma espécie facilmente adaptável às diversas condições de cultura, mas precisa de calor no verão.
Deve ser em locais mais claros e de condições de umidade atmosférica elevada.
Em cultivo, é preciso cuidado ao reduzir a rega durante o inverno para que seus pseudobulbos não corram o risco de enrugarem

Sinônimos:
Cattleya vestalis Hoffman - 1843
Cattleya fulva Beeer - 1854
Cattleya isopetala Beeer - 1854
Cattleya pauper
(Vellozo) Stellfeld - 1945
Epidendrum pauper
Vellozo - 1790
Epidendrum forbesii
Rchb. f. - 1861
Maelenia paradoxa
Du Mort - 1834


Bibliografia:

Ther Brazilian Bifoliate Cattleyas and Their Color Varieties - J. A. Fowlie,
Orquídeas do estado da Guanabara , G. F. J. Pabst - Revista Orquídeas Março-Abril 1966
The The Cattleyas and Their Relatives, Vol I. Carl L. Withner
Album das Orchidaceaes Brasileiras, Hoehne, 1930
Cultura das Orquídeas no Brasil, 1946, João S. Decker


Fotos: Plínio Senna e Sergio Araujo


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