Sergio Amoretty Souza é médico pediatra, aposentado, orquidófilo e vem estudando as orquídeas há 40 anos.
Foi presidente do CGO - Círculo Gaúcho de Orquidófilos e da SORN - Sociedade Orquidófila do Rio Grande do Norte, assim como o organizador dos julgamentos de todas as Exposições Nacionais da Cattleya intermedia de Gramado promovidas pelo Núcleo Orquidófilo de Gramado (NOGRA) fazendo ainda parte do Conselho Técnico da Federação Gaúcha de Orquidófilos (FGO).
O autor nos informa que este trabalho é baseado em observações e descrições feitas ao longo dos anos sobre os diferentes fenótipos que originam as formas, cores e desenhos dos coloridos nas pétalas, sépalas e labelo das espécies de Cattleya e Laelia assim como em pesquisas feitas literatura botânica e especialmente nas relativas a orquidofilia.
Ele foi elaborado visando a unificação fenotípica das espécies destes dois gêneros e seus híbridos que possuam as cores básicas: Tipo (roseo-lilás-purpúreo), Branco, Azul e Vinho.
Ele revisa a terminologia usada para identificar fenótipos se valendo da classificação da Cattleya intermedia como exemplo e acrescenta que esta espécie é da máxima importância em termos da orquidifilia mundial exatamente por transmitir seus numerosos fenótipos para a elaboração de híbridos de beleza morfocromática inigualáveis e inimagináveis como nos híbridos aquinados, por exemplo.
A variedade de fenótipos que possui, aliada a elegância de suas flores com forma geral variada, sempre bem apresentadas e armadas permite lindas coleções e exposições com julgamentos de dificeis conclusões por parte dos juizes.
O autor nos explica ainda que o termo "fenotipicos" representa a manifestação observável dos genótipos existentes em cada cultivar, através de nossos sentidos, principalmente da visão, mas também o olfato e o tato.
Seu intuito foi elaborar um trabalho que facilitasse o entendimento das variedades horticulturais, principalmente aos orquidófilos iniciantes e teve também a "ousadia" de tentar unificar a terminologia fenotípica nas espécies de Cattleya e Laelia com as cores básicas acima referidas, acrescidas de um mínimo de variações advindas de fenótipos exclusivos a cada espécie.
O marco inicial foi a discordância do autor com a terminologia utilizada a qual, segundo ele, como ovelha de rebanho adotou por muitos anos sem saber a origem e significado reais.

A maior parte das fotografias são da autoria de Luiz Filipe Varella, gaúcho de Porto Alegre, advogado, apaixonado pela Mata Atlântica, pelas orquídeas e que tem também como hobby a fotografia.


Revisão  da  terminologia fenotípica  de orquidáceas, exemplificada pela proposta de classificação horticultural da Cattleya intermedia

Para um melhor entendimento, é necessário inicialmente que se corrija alguns significados, que sob nossa ótica, foram usados de maneira inexata em outros trabalhos referentes a fenotipia, apresentando uma nova visão sobre a terminologia usada na classificação proposta.



Uma nova visão sobre a terminologia usada na classificação proposta

Trilabelia
É uma modificação genética que ocorre nas flores típicas onde pétalas (ou sépalas) se transformam em neolabelos. 


Cattleya intermedia 'Aquinii’

Foi a primeira Cattleya trilabelóide encontrada, considerada erroneamente como nova espécie e depois classificada como variedade “ Aquinii” da C. intermedia.
Hoje sabemos tratar-se de um cultivar da Cattleya intermedia de variedade trilabelo ou seja: Cattleya intermedia variedade trilabelo sub-variedade trilabelóide (cultivar) ‘Aquinii’.


Peloria
“Pelorismo”( pelor grego = monstro) foi um termo utilizado por Linnaeus em 1744, quando denominou de “planta pelórica” a um cultivar de Linaria vulgaris cujas flores se diferenciavam fenotipicamente das de sua espécie, essencialmente por possuir maior quantidade de segmentos sexuais florais completos.
Assim, é errado utilizarmos o termo como sinônimo de qualquer outra anomalia floral .











Observação:
As fotografias deste bloco são de autoria de Luiz Filipe Varella com exceção daquelas da Linaria vulgaris que foram cedidas por:
Annals of Botany (Oxford University Press) e pelo Sr. Al Schneider (www.swcoloradowildflowers.com e USDA Plants Database)



Forma das flores quanto à simetria

Quanto à simetria, as flores podem ser zygomorfas ou actinomorfas.

Zygomorfas
permitem um único plano espacial de divisão, resultando duas metades iguais.

Actinomorfas
permitem vários planos de divisão, resultando diversos pares de partes iguais tanto em forma quanto em tamanho.
O actinomorfismo, portanto, se refere às flores que possuem as pétalas com mesma forma e tamanho se comparadas entre si, o mesmo ocorrendo com as sépalas e com os outros segmentos florais de um mesmo verticilo, dando à flor uma simetria radial, e permitindo então diversos planos de corte com metades iguais.
As flores zygomorfas permitem apenas um plano de corte, originando apenas duas metades idênticas.
Todas as orquídeas são zygomorfas. As trilabélicas iso-sepálicas (labelos iguais em forma e tamanho entre si, assim como as sépalas) são as que mais se aproximam do actinomorfismo, mas a coluna por ter forma irregular não permite a perfeita semelhança.



Fenótipos Utilizados no Agrupamento dos Cultivares para Julgamento e Classificação Fenotípica (Variações na Forma das Flores)

Fenótipos utilizados para agrupamento dos cultivares para julgamento
a) Formas das pétalas;
b) Cores básicas e estampadas dos segmentos florais;
c) Desenhos formados pelos coloridos estampados nas pétalas e sépalas e também nos labelos e neolabelos.
Considerando-se que na orquidofilia as variedades e sub-variedades sempre foram denominadas em função de formas, cores e desenhos dos coloridos, não cabe denominá-las com nomes de orquidófilos. As homenagens deverão continuar a ser feitas, como sempre, através da denominação de cultivares, preservando-se assim a maior facilidade em separar os grupos para julgamento.

Classificação Fenotípica da Cattleya Intermedia e Variações na Forma das Flores

As variações observadas nas formas da flores e dos coloridos e nas cores das pétalas, sépalas e labelos da Cattleya intermedia nos levaram a propor a classificação abaixo. Das alterações genéticas naturais e artificiais existentes na espécie se originam mutações morfológicas de grande disparidade em relação às flores típicas, torna-se necessário formar, além da típicas diplóides, mais dois grupos diferenciados.





a) Típicas diplóides
A maioria dos cultivares de Cattleya intermedia possui a forma TÍPICA que é a normalmente encontrada na natureza. As flores se caracterizam por possuírem duas pétalas semelhantes em forma, com tamanho médio de 3,5 cm e largura média entre 1cm a 2,2 cm. As sépalas têm praticamente as mesmas dimensões das pétalas, sendo que as inferiores são idênticas entre si e apresentam leve curvatura, diferindo neste aspecto da superior. O labelo (pétala modificada) é formado por três lobos, sendo um frontal ou anterior e dois laterais que se curvam e encobrem praticamente toda a coluna (flores cryptóchilas). A intermédia típica é considerada diplóide (2n).

b) Atípicas pétalas largas

Vários cultivares de plantas poliplóides (3 ou 4 n) se caracterizam pelo aumento do tamanho de segmentos florais, observados principalmente na largura e espessura das pétalas que se apresentam com mais de 2,5cm de largura.



Completam este grupo algumas diplóides atípicas também com pétalas largas.
c) Atípicas trilabelos (ou trilabelos)
Neste grupo varietal estão enquadradas as flores com tendência à formação de dois neolabelos, de origem petálica. Nas espécies monofiliadas de Cattleya, a origem dos neolabelos pode ser também sepálica.





Quando a tendência ao trilabelismo é completa na forma, na cor e no desenho da cor, ou seja, quando os neo-labelos e labelo original são idênticos, temos as TRILABÉLICAS e quando esta tendência não se completa em qualquer dos fenótipos, temos as TRILABELÓIDES.




Exemplos de anomalias perenes e ocasionais que também
não devem ser consideradas como mutações pelóricas










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