(Substâncias Químicas relacionadas às cores das flores:
Flavanóides, Caretenóides e Clorofilas)
(Reprodução autorizada pelo Professor Doutor Agnaldo Arroio, da
Faculdade de Educação - USP
Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada. )
Revista Eletrônica de Ciências (http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_29/apredendo.html)
As
cores de folhas e flores das plantas são determinadas por substâncias
(os pigmentos) presentes em sua composição bioquímica,
que absorvem determinadas faixas da luz visível e refletem o restante.
O colorido que vemos é a luz refletida que apresenta uma coloração
complementar à absorvida pela planta.
Muitas das cores que vemos nas plantas dependem da presença, em folhas
e em pétalas de flores, de moléculas de substâncias denominadas
pigmentos (em alguns casos, a estrutura do tecido das pétalas causa um
espalhamento favorável da cor azul, mesmo fenômeno que dá
cor ao céu). A mudança da cor das folhas de diversas espécies
de plantas, no outono, acontece exatamente em função de alterações
nesses pigmentos.
Os polinizadores em geral apresentam preferência por algumas cores, tanto
as cores do espectro visível, as cores do arco-íris, quanto regiões
que nós não vemos como o ultravioleta por exemplo. As abelhas
tendem a ser atraídas pelas cores amarela ou azul. Mas também
são capazes de perceber a região ultravioleta do espectro, que
para nós é invisível. São muito sensíveis
às flavonas e flavonóis, substâncias que absorvem no ultravioleta
e estão presentes em quase todas as flores brancas. As abelhas são
insensíveis ao vermelho, mas visitam flores vermelhas, guiadas pela presença
de flavonas que absorvem luz ultravioleta.
Os beija-flores são sensíveis apenas ao vermelho e sua preferência
por flores de um vermelho vivo, como os Hibiscus, é conhecida. Em habitats
especiais podem visitar também flores brancas.
As outras classes de polinizadores mostram uma menor sensibilidade à
cor das flores. Enquanto as borboletas são atraídas por flores
de cor vibrante, as mariposas preferem as flores de cor vermelha, púrpura,
branca ou rosa-claro e as vespas preferem cores monótonas, escuras e
pardacentas. As moscas são atraídas por flores de cor escura,
marron, púrpura ou verde. Os besouros e os morcegos, que são visualmente
inertes à cor e dependem de outro tipo de sinais para serem levados às
flores principalmente o cheiro.
As características do cheiro da planta são fundamentais. Principalmente
quando pensamos na polinização que ocorre durante a noite, para
atrair os polinizadores pelo odor, uma vez que o apelo visual das cores das
pétalas ficam mais evidentes durante o dia. Por isso a noite sentimos
mais os cheiros das "flores noturnas", seus aromas são mais
fortes. As abelhas respondem fortemente ao estímulo do aroma e têm
preferência pelo cheiro que conhecemos como perfume. Devido à alta
sensibilidade dos insetos ao cheiro, mesmo as flores que parecem não
ter cheiro ao olfato humano, contêm suficientes quantidades de substância
atraente.
Existem três grandes grupos de substâncias químicas relacionadas
as cores das flores: os flavanóides, os carotenóides e as clorofilas.
Os flavanóides são uma categoria de compostos
produzidos por plantas com alto potencial de bioatividade e usados numa diversa
variedade de modos. As antocianinas são os pigmentos
flavanóides responsáveis pelas cores vermelho, rosa, púrpura
e azul. Para os seres humanos estas substâncias têm potencial como
substâncias bioativas, sendo que na natureza seu papel é atrair
insetos para dispersão de sementes e pólen. Outros flavanóides
podem absorver luz em comprimento de ondas menores do que os das antocianinas
e, assim, não podem ser vistos pelo olho humano. No entanto, abelhas
e outros insetos podem ver no ultravioleta e serem atraídos.
As antocianidinas são responsáveis pela maior parte das cores
vermelha, roxa e azul que vemos nas flores. Os três pigmentos principais
dessa subclasse são a pelargonidina (que reflete luz vermelha), a cianidina
(que reflete luz carmim) e a delfinidina (que reflete luz roxo-azulada). A acidez
do meio em que se encontram as antocianidinas também pode influir na
coloração que refletem.
Os carotenóides compreendem uma família de compostos naturais,
dos quais mais de 600 variantes estruturais estão reportadas e caracterizadas,
a partir de bactérias, algas, fungos e plantas superiores. Carotenóides
são pigmentos amplamente distribuídos na natureza, responsáveis
pelas cores laranja, amarela e vermelha das frutas, verduras, flores, alguns
peixes e pássaros, bactérias, algas, fungos e leveduras.
Os carotenóides também são encontrados nas folhas de diversas
plantas, mas sua presença é encoberta pela grande quantidade de
outro pigmento, a clorofila. A molécula de clorofila é o pigmento
que, ao absorver luz nas faixas do carmim e do roxo, reflete a cor verde que
vemos nas folhas. A energia absorvida pela clorofila através da luz é
utilizada no processo de fotossíntese, no qual o dióxido de carbono
e a água se combinam para formar carboidratos, que têm papéis
estrutural e nutricional nas plantas.
Essa enorme diversidade de pigmentos, aliada às combinações
geradas pela presença simultânea de diferentes pigmentos nas várias
partes das plantas, explica a infinita variedade de cores encontrada na natureza.
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