Harvard
Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178 (adaptação)
Resumo
Neste trabalho, foram descritas e ilustradas três novas espécies
de Pabstiella da Mata Atlântica brasileira, no Espírito
Santo. As novas espécies Pabstiella lueriana, P. villosisepala e P. muricatifolia são comparadas com P. pellifeloides e P. hypnicola. Foram ainda fornecidas informações
sobre ecologia e distribuição geográfica das espécies.
De acordo com os critérios da IUCN, Pabstiella muricatifolia foi incluída na categoria Dados Deficientes e as demais na categoria
Vulnerável.
Palavras-chave: Pabstiella, Pleurothallidinae, Orchidaceae, Floresta
Atlântica, Brasil
O
gênero Pabstiella Brieger & Senghas foi segregado de Pleurothallis R. Br. por Brieger e Senghas (1976) para abrigar uma única espécie, Pabstiella mirabilis (Schltr.) Brieger & Senghas (originalmente
descrita em Pleurothallis). Com base na evidência molecular,
Pridgeon e Chase (2001) propuseram o gênero Anthereon Pridgeon
& M. W. Chase para abrigar seis espécies também previamente
classificadas em Pleurothallis, incluindo Pleurothallis mirabilis,
o tipo do gênero Pabstiella, conseqüentemente tornando
o gênero ilegítimo.
Barros (2002) restabeleceu o gênero Pabstiella e transferiu
todas as espécies tratadas em Anthereon para Pabstiella.
Mais tarde, Luer (2006) removeu dois táxons da América Central
America e do nordeste da América do Sul, Pabstiella aryter (Luer)
F. Barros e Pabstiella determannii (Luer) F. Barros, e estabeleceu
o gênero Ronaldella Luer. Ele também expandiu a circunscrição
de Pabstiella com a adição de mais um outro nome, Pabstiella
parvifolia (Lindl.) Luer.
Mais recentemente, Luer (2007) expandiu a circunscrição de Pabstiella e propôs 67 combinações baseadas nas
espécies brasileiras de Pleurothallis. No sentido compreendido
atualmente, Pabstiella consiste em torno de 80 espécies (algumas
ainda não publicadas e distribuídas principalmente no sudeste
do Brasil). Algumas poucas espécies têm uma distribuição
mais ampla ocorrendo na Bolívia, na Amazônia brasileira, Colômbia,
Equador, Peru e Venezuela, com uma espécie atingindo o Panamá
e Costa Rica (Luer, 2006). Pabstiella é muito similar a Anathallis Barb. Rodr., mas é distinta principalmente por suas pétalas
mais ou menos suculentas com quilhas, com laterais conadas e pelo
labelo espesso com um par de calos, sem membranas e lóbulos basais
(Luer, 2009).
Após conduzirem um trabalho de campo no estado do Espírito
Santo, Brasil e identificação em espécimes de herbário
depositadas no MBML (seguindo Holmgren et al., 1990), os autores detectaram
três novas espécies de Pabstiella que foram descritas
e ilustradas.
Agradecemos
a Hélio de Queiroz Boudet Fernandes, Curador do herbário do
MBML, Museu de Biologia Mello Leitão, Espírito Santo, pela
sua assistência em campo e trabalho no herbário e Josiane Rossini
pelos desenhos. Nós realmente apreciamos os comentários críticos
de Carlyle A. Luer, Antônio L.V. Toscano de Brito e de dois revisores
anônimos assim como Donna Tremonte - no apoio editorial.
¹Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão, 915, 22.460-030, Jardim Botânico,
Rio de Janeiro, Brasil. Email: cnfraga@jbrj.gov.br. Autor para correspondência.
²Museu
de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML). Av. José Ruschi, 4,
29.650-000 Santa Teresa, Espírito Santo-ES, Brasil.
Email: ludovic@limainfo.com.br
Pabstiella
lueriana Fraga & L.Kollmann
Harvard
Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: Brasil . Espírito Santo, Santa Teresa, Nova
Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 800 m, 16 outubro 2001,
L. Kollmann & E. Bausen 4847 (fl.) (Holótipo: MBML [15561]; Isótipo:
RB). Fig. 1.
Figura 1. Pabstiella lueriana Fraga & L. Kollmann.
A, hábito vegetativo; B, vista lateral da flor; C, sépala;
D, sépalas laterais; E, pétala; F, vista lateral do labelo;
G, labelo; H, vista lateral da coluna e ovário; I, antera, vista
inferior; J, antera, vista superior.
Desenho a partir do espécime-holótipo.
Haec
species Pabstiella pellifeloide (Barb. Rodr.) Luer similis, sed sepalo dorsali
maiore, apice petalorum mucronato differt.
Planta epífita, até (6-)
8-18 cm de altura, cespitosa, reta. Raízes esbranquiçadas,
fasciculadas, teretes, glabras. Ramicaules (1-)4-6 cm de comprimento, verdes,
teretes, guarnecidos por 2-3 bainhas tubulares ralas; bainhas 0.6-2.5 cm
de comprimento, verde, paleáceas quando maturadas. Folha 4-12
× 0.7-1.7 cm incluindo um pecíolo com 1 cm de comprimento,
verde, reto; lâmina densamente paleácea, lanceolada a estreitamente
elíptica, a base atenuada a estreitamente cuneada abaixo do pecíolo,
o ápice agudo , 3-dentado. Inflorescência 10-25
cm de comprimento, um racimo frouxo, ligeiramente flexuoso, com algumas
flores, emergindo perto do ápice do ramicaule; bráctea floral
verde, tubular e acuminada com 3 mm de comprimento.
Flores não resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente
2 flores permanecem abertas ao mesmo tempo.
Pedicelo 1.2-2.6 de comprimento; ovário com 2.2-3.0 mm de
comprimento, esverdeado, terete, sulcado longitudinalmente.
Sépala dorsal 6.5-7.5 × 5.0-5.5 mm, amarelada com o
ápice laranja, obovada, três veios, convexa e aveludada em
direção ao ápice obtuso a arredondado, externamente
glabra, a base côncava, com veios púrpuro-lilás, atenuada
e pubescente, com as margens de algum modo revolutas a partir do meio.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala, 6.5-7.1
× 2.2-2.5 mm, com ápices subagudos s, amareladas com
quilhas púrpuras ao longo dos veios, côncavas abaixo da região
mediana, externamente glabras com dois quilhas longitudinais em direção
ao ápice, internamente glabras na base pintalgadas de púrpuro-lilás,
a metade apical alaranjada, aveludada com margens revolutas do meio até
as extremidades.
Pétala 4.4-4.5 × 2.3-2.5 mm, rombóide, assimétrica,
áspera nas duas superfícies, externamente espessa e papilada,
verde e atenuada na base, amarelada nas margens pintalgadas de púrpuro-lilás
e veios em direção o ápice preto e mucronado. Labelo 2.7-3.3 × 1.0-1.5 mm, ca. 4.3 mm de comprimento quando expandido,
branco pintalgado de púrpuro-lilás, triangular, espesso, 3-lobado,
a base subtruncada com um par de lóbulos diminutos em ambos os cantos,
o disco superficialmente sulcado no centro entre um par de calos espessos,
glandular-celulares, os lobos laterais pequenos, arredondados, papilado
apical agudo . Coluna 3.6-4.0 mm de comprimento, branca salpicada
de lilás, semi-terete, alada a partir do meio, denticulada no ápice,
prolongada na base em um pé pequeno, espesso e lilás. (ca.
1 mm de comprimento); antera ca. 1 mm de comprimento, oculta, branco-amarelada
com o ápice e margens levemente lilás; 2 polínias,
amarelas, obovóides. Cápsula não vista.
Etimologia: Esta espécie homenageia Carlyle
A. Luer, por suas importantes contribuições para o conhecimento
de Pleurothallidinae.
Habitat e distribuição: até
agora esta espécie só foi encontrada crescendo como epífita
em remanescentes da Mata Atlântica na Reserva Biológica Augusto
Ruschi e na Estação Biológica Santa Lúcia a
600-800m, mas provavelmente ocorre também em áreas adjacentes
no estado do Espírito Santo (Fig. 2).
Status de conservação: devido à
aparente raridade e distribuição restrita de Pabstiella
lueriana na Mata Atlântica, na região central do estado
do Espírito Santo e sua aparente vulnerabilidade às atividades
humanas, nós incluímos a espécie na categoria de Vulnerável da
Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas de acordo com os critérios seguintes
(IUCN, 2001): VU D2.
Parátipos: Brasil, Espírito
Santo, Mun. Santa Teresa: Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto
Ruschi , 03 dezembro 2002, (fl.), R. R. Vervloet e E. Bausen 1405 (MBML);
Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 8 dezembro 2000
(fl.), L. Kollmann 3454 (MBML, MO); Nova Lombardia, Reserva Biológica
Augusto Ruschi , 24 outubro 2002 (fl.), R. R. Vervloet, E. Bausen e W. Pizziolo
1289 (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 03
outubro 2002 (fl.), R. R. Vervloet, E. Bausen e W. Pizziolo 1155 (MBML,
SP); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 24 outubro
2001 (fl.), L. Kollmann, E. Bausen e W. Pizziolo 4911 (MBML); Valsugana
Velha, Santa Lúcia Biological Station, 10 outubro 2000 (fl.), L.
Kollmann e R. R. Vervloet 3114 (MBML); Valsugana Velha, Santa Lúcia
Biological Station, 25 novembro 1998, L. Kollmann, E. Bausen e W. Pizziolo
1111 (MBML); Valsugana Velha, Santa Lúcia Biological Station, 01
Abril 2004, (fl.), L. Kollmann e M. Sobral 6585 (MBML).
Esta espécie é muito próxima
de Pabstiella pellifeloides (Barb. Rodr.) Luer, da qual se distingue
pelo tamanho da sépala dorsal e a forma das pétalas. A sépala
dorsal em Pabstiella lueriana tem 5.0-5.5 mm de comprimento e as
pétalas possuem um ápice externamente espesso, papilado e mucronado,
enquanto que em P. pellifeloides a sépala dorsal tem 3-4 mm
de comprimento e as pétalas são aguçadas.
Figure 2. Mapa mostrando a distribuição
de Pabstiella lueriana (triângulos pretos), P. muricatifolia (círculos pretos),
e P. villosisepala (quadrados pretos), no Estado do Espírito
Santo.
Pabstiella muricatifolia Fraga & L.Kollmann
Harvard Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: BRASIL. Espírito Santo: Águia Branca, São Pedro,
CEIER roky, elev. 200- 550m, 19˚01'22.2"S e 40˚38'52.8"W,
26 Abril 2006, V. Demuner; L. F. S. Magnago; T. Cruz; E. Bausen 2246 (Holótipo
: MBML [26760];
Isotype: RB). Fig. 3.
Species haec Pabstiella hypnicolae cui affinis, sed foliis obovatis ad
oblongis coriaceis cum superficiebus muricatis, floribus resupinatis, sepalis
apice papilloso, labelo trilobato, apice obtuso et papilloso differt.
Planta epífita, atingindo até 2.5-3.5 cm de altura, cespitosa,
reta. Raízes esbranquiçadas, fasciculadas, teretes, glabras,
emergindo próximas à base do rizoma.
Ramicaules 0.45-0.75 cm de comprimento, verde, cilíndricos, envolvidas
por 2-3 bainhas finas e tubulares; bainhas 0.15-0.50 cm de comprimento,
verde e paleáceas quando maturadas, aguçadas.
Folha 1.4-2.7 × 0.85-1.14 cm incluindo um pecíolo ca.
0.5 de comprimento; lâmina verde escura, reta, densamente coriáceas,
muricada nas duas superfícies, obovada para oblonga, ligeiramente
sulcada na superfície abaxial, a base aguçada, o ápice
obtuso e apiculado, as margens ligeiramente reflexas.
Inflorescência 3-9 cm de comprimento, um racimo reto a subflexuoso
com algumas flores emergindo perto do ramicaule; brácteas florais
ca. 2 mm de comprimento, púrpuro-lilás, tubular.
Flores resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente 2
flores permanecem abertas ao mesmo tempo.
Pedicelos 4.0-5.3 mm de comprimento, púrpuro-lilás;
ovário 1.6-2 mm de comprimento, púrpuro-lilás, terete,
longitudinalmente sulcado.
Sépala dorsal 5.0-5.5 × 1.8-2.2 mm, púrpuro-lilás,
branca pintalgada de púrpuro-lilás em direção
à base e margens verdes em direção ao ápice,
elíptica-espatulada a obovada, aguçada, externamente glabra
e convexa em direção ao ápice, internamente glabra,
côncava na base, ligeiramente convexa e papilado em direção
ao ápice, as margens apicais reflexas.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala, 4.9-5.1
× 1.1-1.6 mm, com ápices subagudos, púrpuro-lilás,
brancas, pintalgadas de púrpuro-lilás na direção
da base e margens verdes em direção ao ápice, externamente
glabras, carenadas, convexas na direção do ápice; internamente
côncavas, glabras na base, aguçadas.
Figure 3. Pabstiella muricatifolia Fraga & L. Kollmann.
A, hábito com flor; B, detalhe da superfície adaxial da
folha; C, flor em vista lateral ; D, sépala dorsal; E, sépalas
laterais; F, pétala;
G, labelo ; H, vista lateral do labelo; I, vista lateral
da coluna e do ovário; J, antera vista superior; K, antera, vista
inferior; L, polínia.
Desenho a partir do espécime-holótipo.
Pétala
2.6-2.8 × 1.5-1.6 mm, púrpuro-lilás,
base branca, margens verdes em direção ao ápice,
deltoíde, assimétrica, margens ligeiramente deflexa externamente
ligeiramente carenada, ápice agudo e apiculado. Labelo
2.9-3.1 × 0.9-1.1cm, esverdeado pintalgado de
púrpuro-lilás e estrias, oblongo,
3-lobado, base truncada com um par de diminutos lóbulos arredondados
nos dois ângulos, o disco superficialmente sulcado entre um par
de calos
púrpuro-lilás,
longitudinais, espessos
e papilados, os lobos laterais pintalgados
de púrpuro-lilás, o lobo apical ligeiramente côncavo,
papilado, externamente glabro e carenado, o ápice púrpuro-lilás,
obtuso. Coluna 2.5-2.8 mm de comprimento, branca translúcida
pintalgada de púrpuro-lilás, semiterete, alada acima da
região mediana, denticulada junto ao ápice, a antera, rostelo
e estigma, ventral, o pé engrossado, ca.1 mm de comprimento.
antera 0.7 × 0.4 mm, amarelada com margens apicais ligeiramente
púrpuro-lilás, encoberta, gibosas; 2 polínias, amarelas,
obovóides. Cápsula 7.1 × 2.5-3 mm, verde, cilíndricas,
assimétrica, recurvas.
Etimologia: o epiteto específico deriva do Latim muricatus,
muricada, e folium, a folha, em referência às superficies muricadas
das folha, o maior caractere para distinguir esta espécie.
Habitat e distribuição: até hoje esta espécie
só é conhecida a partir de duas coletas no nordeste do estado
do estado do Espírito Santo em inselbergs cobertos por florestas
sazonais secas. Entretanto A. L. V. Toscano de Brito (pers. comm.) informa
a ocorrência desta espécie na Mata Atlântica, em Domingos
Martins, em direção ao sul do Estado(Fig. 2).
Status de conservação: devido à informação
sobre a abundância e distribuição, nós incluímos
esta espécie na categoria de Dados Insuficientes da Lista Vermelha
da União Internacional para a Conservação da Natureza
e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas (IUCN,
2001): DD.
Parátipos: Brasil, Espírito Santo: Pancas, Lajinha,
3 Abril 2007, (fl., cult.) L. Kollmann 10047 (MBML)
Esta espécie é muito próxima de Pabstiella hypnicola
e Pabstiella villosisepala das quais se distingue pela forma, textura
e tamanho das folhas e pela morfologia floral. Em Pabstiella muricatifolia
as folhas são obovadas para oblongas, grossas, coriáceas,
muricadas em ambas as superfícies, com menos de 2.7 cm de comprimento,
as flores são resupinadas, as sépalas são papiladas
na porção apical e o labelo é distintamente 3-lobado,
obtuso e papilado no ápice, enquanto quena Pabstiella hypnicola
e Pabstiella villosisepala as folhas são lanceolados para
elípticaslanceoladas, chartaceas, com mais de 4 cm de comprimento,
as flores não resupinam, as sépalas são aveludadas
na porção apical e o labelo é íntegro ou indistintamente
3-lobado com ápice arredondado, liso a vericuloso.
Pabstiella
villosisepala L.Kollmann & Fraga
Harvard
Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: BrasiL. Espírito Santo: Santa Teresa, Nova
Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, 25 Março 2004
(fl.), L. Kollmann 6571 (Holótipo: MBML [22235]; Isótipo:
RB). Fig. 4.
Haec species Pabstiella hypnicolae (Lindl.) Luer affinis, sed foliis
angustioribus et apice sepalorum villoso differt.
Planta epífita, até
4.0-8.5 cm de comprimento, cespitosa, reta. Raízes esbranquiçadas
, fasciculada, terete, glabras. Ramicaules 1.2-2.5 cm de comprimento, verde,
terete, cercada por 1-2 bainhas tubulares ralas; bainhas 0.7-1.5 cm de
comprimento, verdes e paleáceas quando maturadas.
Folha 2.5-6.5 × 0.3-1.0 cm, incluindo um pecíolo 1.0-3.5
cm de comprimento, verde, reta; lâmina espessamente paleácea,
, lanceolate a estreitamente elíptico-lanceoladas, a base acuminada
a subpeciolada, o ápice agudo , 3-dentado.
Inflorescência 5-12 cm de comprimento, racimo frouxo, ligeiramente
flexuoso com algumas flores, emergindo de perto do ápice do ramicaule;
brácteas florais, ca. 2 mm de comprimento, verdes, tubulares, acuminadas.
Flores não resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente
2 flores permanecem abertas ao mesmo tempo. Pedicelos 0.7-1.3 de
comprimento; ovário 1.5-2.2 mm de comprimento, esverdeado, subterete,
longitudinalmente sulcado.
Sépala dorsal 6.3- 7.8 × 3.5-4.2 mm, amarelada em direção
ao ápice e translúcida pintalgada de púrpuro-lilás
em direção à base, elíptico-espatulada a obovada,
base atenuada, ápice obtuso, côncavo na base e convexo em direção
ao ápice, externamente glabra, internamente glabra na base e vilosa
em direção ao ápice, margens de algum modo reflexas.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala,
5.5-6.6 × 2.2-2.7 mm, com ápices subagudos, translúcidas
na porção mais larga, brancas no centro desde a base até
o ápice, amarelo translúcido perto das margens pintalgado
de púrpuro-lilás na base, externamente glabras, internamente
glabras margens laterais revolutas, vilosas desde a região mediana
até as extremidades, a base ligeiramente cuneada, as extremidades
obtusas Pétala 3.8-4.1 × 2.2-2.4 mm, espatulo-obovada
a rombóide, assimétrica, áspera nas duas
superfícies, atenuada na base, amarelo
pintalgado de púrpuro-lilás na base, púrpura-escura
em direção ao ápice agudo, papilado e externamente
espesso.
Figure 4. Pabstiella villosisepala L. Kollmann & Fraga.
A, hábito com flor; B, flor em vista
lateral ; C, Sépala dorsal; D, Sépalas laterais; E,
pétala; F, Labelo em vista lateral;
G, Labelo ; H, Coluna e ovário em vista lateral; I, antera em vista
lateral; J, antera vista de cima.
Desenho a partir do espécime-holótipo.
Labelo 2.5-3.1 × 1-1.2 cm, 4 × 1.4 mm largura quando expandido,
branco no centro com margens pintalgadas de púrpuro-lilás,
elíptico a oblongo, 3-lobado, espesso, a base subtruncada com um
par de lóbulos brancos, diminutos e redondos em ambos os cantos,
o disco superficialmente sulcado no centro entre um par de calos
espessos, oblongos, glandular-celulares, os lobos laterais curtos, arredondados,
o lobo apical, elíptico, papilado e agudo .
Coluna 3-4 mm de comprimento, branco pintalgado de púrpuro-lilás,
semiterete, alada acima da região mediana, denticulada no ápice,
prolongada na base em um pé espesso e púrpuro-lilás
(ca. 1 mm de comprimento), antera, rostelo e estigma ventral. antera
0.8 mm de comprimento, amarelada com ápice ligeiramente púrpuro-lilás
e margens ocultas, o ápice papilado; polínias 2, amarelas,
obovóides. Cápsula não vista.
Etimologia: o epíteto específico
deriva do Latim villosus, viloso e sepalum, a sépala;
em referência à porção apical adaxial vilosa
das sépalas, o caractere mais distinto da espécies.
Habitat e distribuição: até
agora esta espécie só foi encontrada em duas localidades no
município de Santa Teresa: a Reserva Biológica Augusto Ruschi,
em Nova Lombardia, e Mata Fria, em São Lourenço. É
uma epífita em pequenos trechos da Mata Atlântica, a 700 m,
mas provavelmente ocorre em áreas adjacentes no estado do Espírito
Santo (Fig. 2).
Status de conservação: devido
à aparente raridade e distribuição restrita de Pabstiella
villosisepala na Mata Atlântica na região central do estado
do Espírito Santo e sua aparente vulnerabilidade às atividades
humanas, nós incluímos esta espécie na categoria de
Vulnerável na Lista
Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas segundo os seguintes critérios (IUCN, 2001): VU D2.
Parátipos: Brasil : Espírito
Santo, Mun. Santa Teresa: Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto
Ruschi , 11 Abril 2002 (fl.), R. R. Vervloet e E. Bausen 109 (MBML); Nova
Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , Julho 1976 (fl.), W.
Emerich s.n. (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi
, 27 Maio 2003 (fl.), R. R. Vervloet e W. Pizziolo 2498 (MBML, RB). São
Lourenço, Mata Fria, 18 agosto 2004 (fl.), L. Kollmann e W. Pizziolo
6954 (MBML).
Esta espécie é muito similar à Pabstiella hypnicola,
da qual se distingue pela largura da folha e indumento das sépalas.
As folhas de Pabstiella hypnicola tem normalmente mais de 1.5 cm
de largura e as sépalas são aveludadas na porção
apical, enquanto que na P. villosisepala as folhas têm menos
de 1 cm largura e as sépalas são ásperas na porção
apical.
Literatura
citada
Barros, F. 2002. Notas nomenclaturas em Pleurothallidinae (Orchidaceae),
principalmente brasileiras. Bradea
8: 293-297.
Brieger, F. G., and K. Senghas. 1976. Pabstiella, eine neue Orchideengattung
aus Brasilien. Die Orchidee
27: 193-196.
Holmgren, P. K., N. H. Holmgren, and L. C. Barnett, (eds.). 1990. Index
Herbariorum Part I: The herbaria of the world.
8 ed. New York Botanical Garden, New York.
704p.
IU CN. 2001. IUCN Red List Categories and Criteria: Version 3.1. IUCN
Species Survival Commission. IUCN, Gland,
Switzerland, and Cambridge, United Kingdom.
Luer, C.A. 2006. Icones Pleurothallidinarum XXVIII. A reconsideration
of Masdevallia, Systematics of Specklinia and
vegetatively similar taxa. (Orchidaceae). Monogr.
Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 105: 23-274.
- 2007. Icones Pleurothallidinarum XXIX.
A Third Century of Stelis of Ecuador, Systematics of Apoda-Prorepentia,
Systematics of Miscellaneous Small Genera, Addenda New Genera, Species
and Combinations (Orchidaceae). Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard.
112: 1-130.
-. (2009). Icones Pleurothallidinarum XXX. Addenda:
Miscellaneous new combinations. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard
115:
257-260.
Pridgeon, A. M., and M. W. Chase. 2001.
A Phylogenetic reclassification of the Pleurothallidinae (Orchidaceae).
Lindleyana 16: 235 -271.
Observação da editoria de Orchid News: Foram
omitidos os dados que poderiam indicar a localização exata.
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