Harvard Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178 (adaptação)



Resumo
Neste trabalho, foram descritas e ilustradas três novas espécies de Pabstiella da Mata Atlântica brasileira, no Espírito Santo. As novas espécies Pabstiella lueriana, P. villosisepala e P. muricatifolia são comparadas com P. pellifeloides e P. hypnicola. Foram ainda fornecidas informações sobre ecologia e distribuição geográfica das espécies. De acordo com os critérios da IUCN, Pabstiella muricatifolia foi incluída na categoria Dados Deficientes e as demais na categoria Vulnerável.

Palavras-chave: Pabstiella, Pleurothallidinae, Orchidaceae, Floresta Atlântica, Brasil

O gênero Pabstiella Brieger & Senghas foi segregado de Pleurothallis R. Br. por Brieger e Senghas (1976) para abrigar uma única espécie, Pabstiella mirabilis (Schltr.) Brieger & Senghas (originalmente descrita em Pleurothallis). Com base na evidência molecular, Pridgeon e Chase (2001) propuseram o gênero Anthereon Pridgeon & M. W. Chase para abrigar seis espécies também previamente classificadas em Pleurothallis, incluindo Pleurothallis mirabilis, o tipo do gênero Pabstiella, conseqüentemente tornando o gênero ilegítimo.
Barros (2002) restabeleceu o gênero Pabstiella e transferiu todas as espécies tratadas em Anthereon para Pabstiella. Mais tarde, Luer (2006) removeu dois táxons da América Central America e do nordeste da América do Sul, Pabstiella aryter (Luer) F. Barros e Pabstiella determannii (Luer) F. Barros, e estabeleceu o gênero Ronaldella Luer. Ele também expandiu a circunscrição de Pabstiella com a adição de mais um outro nome, Pabstiella parvifolia (Lindl.) Luer.
Mais recentemente, Luer (2007) expandiu a circunscrição de Pabstiella e propôs 67 combinações baseadas nas espécies brasileiras de Pleurothallis. No sentido compreendido atualmente, Pabstiella consiste em torno de 80 espécies (algumas ainda não publicadas e distribuídas principalmente no sudeste do Brasil). Algumas poucas espécies têm uma distribuição mais ampla ocorrendo na Bolívia, na Amazônia brasileira, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, com uma espécie atingindo o Panamá e Costa Rica (Luer, 2006). Pabstiella é muito similar a Anathallis Barb. Rodr., mas é distinta principalmente por suas pétalas mais ou menos suculentas com quilhas, com laterais conadas e pelo labelo espesso com um par de calos, sem membranas e lóbulos basais (Luer, 2009).
Após conduzirem um trabalho de campo no estado do Espírito Santo, Brasil e identificação em espécimes de herbário depositadas no MBML (seguindo Holmgren et al., 1990), os autores detectaram três novas espécies de Pabstiella que foram descritas e ilustradas.

Agradecemos a Hélio de Queiroz Boudet Fernandes, Curador do herbário do MBML, Museu de Biologia Mello Leitão, Espírito Santo, pela sua assistência em campo e trabalho no herbário e Josiane Rossini pelos desenhos. Nós realmente apreciamos os comentários críticos de Carlyle A. Luer, Antônio L.V. Toscano de Brito e de dois revisores anônimos assim como Donna Tremonte - no apoio editorial.
¹Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão, 915, 22.460-030, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, Brasil. Email: cnfraga@jbrj.gov.br. Autor para correspondência.
²Museu de Biologia Prof. Mello Leitão (MBML). Av. José Ruschi, 4, 29.650-000 Santa Teresa, Espírito Santo-ES, Brasil.
Email: ludovic@limainfo.com.br



Pabstiella lueriana Fraga & L.Kollmann
Harvard Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: Brasil . Espírito Santo, Santa Teresa, Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 800 m, 16 outubro 2001, L. Kollmann & E. Bausen 4847 (fl.) (Holótipo: MBML [15561]; Isótipo: RB). Fig. 1.

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Figura 1. Pabstiella lueriana Fraga & L. Kollmann.
A, hábito vegetativo; B, vista lateral da flor; C, sépala; D, sépalas laterais; E, pétala; F, vista lateral do labelo;
G, labelo; H, vista lateral da coluna e ovário; I, antera, vista inferior; J, antera, vista superior.
Desenho a partir do espécime-holótipo.

    Haec species Pabstiella pellifeloide (Barb. Rodr.) Luer similis, sed sepalo dorsali maiore, apice petalorum mucronato differt.
     Planta epífita, até (6-) 8-18 cm de altura, cespitosa, reta. Raízes esbranquiçadas, fasciculadas, teretes, glabras. Ramicaules (1-)4-6 cm de comprimento, verdes, teretes, guarnecidos por 2-3 bainhas tubulares ralas; bainhas 0.6-2.5 cm de comprimento, verde, paleáceas quando maturadas. Folha 4-12 × 0.7-1.7 cm incluindo um pecíolo com 1 cm de comprimento, verde, reto; lâmina densamente paleácea, lanceolada a estreitamente elíptica, a base atenuada a estreitamente cuneada abaixo do pecíolo, o ápice agudo , 3-dentado. Inflorescência 10-25 cm de comprimento, um racimo frouxo, ligeiramente flexuoso, com algumas flores, emergindo perto do ápice do ramicaule; bráctea floral verde, tubular e acuminada com 3 mm de comprimento.
Flores não resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente 2 flores permanecem abertas ao mesmo tempo.
Pedicelo 1.2-2.6 de comprimento; ovário com 2.2-3.0 mm de comprimento, esverdeado, terete, sulcado longitudinalmente.
Sépala dorsal 6.5-7.5 × 5.0-5.5 mm, amarelada com o ápice laranja, obovada, três veios, convexa e aveludada em direção ao ápice obtuso a arredondado, externamente glabra, a base côncava, com veios púrpuro-lilás, atenuada e pubescente, com as margens de algum modo revolutas a partir do meio.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala, 6.5-7.1 × 2.2-2.5 mm, com ápices subagudos s, amareladas com quilhas púrpuras ao longo dos veios, côncavas abaixo da região mediana, externamente glabras com dois quilhas longitudinais em direção ao ápice, internamente glabras na base pintalgadas de púrpuro-lilás, a metade apical alaranjada, aveludada com margens revolutas do meio até as extremidades.
Pétala 4.4-4.5 × 2.3-2.5 mm, rombóide, assimétrica, áspera nas duas superfícies, externamente espessa e papilada, verde e atenuada na base, amarelada nas margens pintalgadas de púrpuro-lilás e veios em direção o ápice preto e mucronado. Labelo 2.7-3.3 × 1.0-1.5 mm, ca. 4.3 mm de comprimento quando expandido, branco pintalgado de púrpuro-lilás, triangular, espesso, 3-lobado, a base subtruncada com um par de lóbulos diminutos em ambos os cantos, o disco superficialmente sulcado no centro entre um par de calos espessos, glandular-celulares, os lobos laterais pequenos, arredondados, papilado apical agudo . Coluna 3.6-4.0 mm de comprimento, branca salpicada de lilás, semi-terete, alada a partir do meio, denticulada no ápice, prolongada na base em um pé pequeno, espesso e lilás. (ca. 1 mm de comprimento); antera ca. 1 mm de comprimento, oculta, branco-amarelada com o ápice e margens levemente lilás; 2 polínias, amarelas, obovóides. Cápsula não vista.
     Etimologia: Esta espécie homenageia Carlyle A. Luer, por suas importantes contribuições para o conhecimento de Pleurothallidinae.
     Habitat e distribuição: até agora esta espécie só foi encontrada crescendo como epífita em remanescentes da Mata Atlântica na Reserva Biológica Augusto Ruschi e na Estação Biológica Santa Lúcia a 600-800m, mas provavelmente ocorre também em áreas adjacentes no estado do Espírito Santo (Fig. 2).
     Status de conservação: devido à aparente raridade e distribuição restrita de Pabstiella lueriana na Mata Atlântica, na região central do estado do Espírito Santo e sua aparente vulnerabilidade às atividades humanas, nós incluímos a espécie na categoria de Vulnerável
da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas de acordo com os critérios seguintes (IUCN, 2001): VU D2.
      Parátipos: Brasil, Espírito Santo, Mun. Santa Teresa: Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 03 dezembro 2002, (fl.), R. R. Vervloet e E. Bausen 1405 (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 8 dezembro 2000 (fl.), L. Kollmann 3454 (MBML, MO); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 24 outubro 2002 (fl.), R. R. Vervloet, E. Bausen e W. Pizziolo 1289 (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 03 outubro 2002 (fl.), R. R. Vervloet, E. Bausen e W. Pizziolo 1155 (MBML, SP); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 24 outubro 2001 (fl.), L. Kollmann, E. Bausen e W. Pizziolo 4911 (MBML); Valsugana Velha, Santa Lúcia Biological Station, 10 outubro 2000 (fl.), L. Kollmann e R. R. Vervloet 3114 (MBML); Valsugana Velha, Santa Lúcia Biological Station, 25 novembro 1998, L. Kollmann, E. Bausen e W. Pizziolo 1111 (MBML); Valsugana Velha, Santa Lúcia Biological Station, 01 Abril 2004, (fl.), L. Kollmann e M. Sobral 6585 (MBML).
      Esta espécie é muito próxima de Pabstiella pellifeloides (Barb. Rodr.) Luer, da qual se distingue pelo tamanho da sépala dorsal e a forma das pétalas. A sépala dorsal em Pabstiella lueriana tem 5.0-5.5 mm de comprimento e as pétalas possuem um ápice externamente espesso, papilado e mucronado, enquanto que em P. pellifeloides a sépala dorsal tem 3-4 mm de comprimento e as pétalas são aguçadas
.

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Figure 2. Mapa mostrando a distribuição de Pabstiella lueriana (triângulos pretos), P. muricatifolia (círculos pretos),
e P. villosisepala (quadrados pretos), no Estado do Espírito Santo.




Pabstiella muricatifolia
Fraga & L.Kollmann

Harvard Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: BRASIL. Espírito Santo: Águia Branca, São Pedro, CEIER roky, elev. 200- 550m, 19˚01'22.2"S e 40˚38'52.8"W, 26 Abril 2006, V. Demuner; L. F. S. Magnago; T. Cruz; E. Bausen 2246 (Holótipo : MBML [26760];
Isotype: RB). Fig. 3.
Species haec Pabstiella hypnicolae cui affinis, sed foliis obovatis ad oblongis coriaceis cum superficiebus muricatis, floribus resupinatis, sepalis apice papilloso, labelo trilobato, apice obtuso et papilloso differt.
Planta epífita, atingindo até 2.5-3.5 cm de altura, cespitosa, reta. Raízes esbranquiçadas, fasciculadas, teretes, glabras, emergindo próximas à base do rizoma.
Ramicaules 0.45-0.75 cm de comprimento, verde, cilíndricos, envolvidas por 2-3 bainhas finas e tubulares; bainhas 0.15-0.50 cm de comprimento, verde e paleáceas quando maturadas, aguçadas.
Folha 1.4-2.7 × 0.85-1.14 cm incluindo um pecíolo ca. 0.5 de comprimento; lâmina verde escura, reta, densamente coriáceas, muricada nas duas superfícies, obovada para oblonga, ligeiramente sulcada na superfície abaxial, a base aguçada, o ápice obtuso e apiculado, as margens ligeiramente reflexas.
Inflorescência 3-9 cm de comprimento, um racimo reto a subflexuoso com algumas flores emergindo perto do ramicaule; brácteas florais ca. 2 mm de comprimento, púrpuro-lilás, tubular.
Flores resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente 2 flores permanecem abertas ao mesmo tempo.
Pedicelos 4.0-5.3 mm de comprimento, púrpuro-lilás; ovário 1.6-2 mm de comprimento, púrpuro-lilás, terete, longitudinalmente sulcado.
Sépala dorsal 5.0-5.5 × 1.8-2.2 mm, púrpuro-lilás, branca pintalgada de púrpuro-lilás em direção à base e margens verdes em direção ao ápice, elíptica-espatulada a obovada, aguçada, externamente glabra e convexa em direção ao ápice, internamente glabra, côncava na base, ligeiramente convexa e papilado em direção ao ápice, as margens apicais reflexas.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala, 4.9-5.1 × 1.1-1.6 mm, com ápices subagudos, púrpuro-lilás, brancas, pintalgadas de púrpuro-lilás na direção da base e margens verdes em direção ao ápice, externamente glabras, carenadas, convexas na direção do ápice; internamente côncavas, glabras na base, aguçadas.

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Figure 3. Pabstiella muricatifolia Fraga & L. Kollmann.
A, hábito com flor; B, detalhe da superfície adaxial da folha; C, flor em vista lateral ; D, sépala dorsal; E, sépalas laterais; F, pétala;
G, labelo ; H, vista lateral do labelo; I, vista lateral da coluna e do ovário; J, antera vista superior; K, antera, vista inferior; L, polínia.
Desenho a partir do espécime-holótipo.

Pétala 2.6-2.8 × 1.5-1.6 mm, púrpuro-lilás, base branca, margens verdes em direção ao ápice, deltoíde, assimétrica, margens ligeiramente deflexa externamente ligeiramente carenada, ápice agudo e apiculado. Labelo 2.9-3.1 × 0.9-1.1cm, esverdeado pintalgado de púrpuro-lilás e estrias, oblongo, 3-lobado, base truncada com um par de diminutos lóbulos arredondados nos dois ângulos, o disco superficialmente sulcado entre um par de calos púrpuro-lilás, longitudinais, espessos e papilados, os lobos laterais pintalgados de púrpuro-lilás, o lobo apical ligeiramente côncavo, papilado, externamente glabro e carenado, o ápice púrpuro-lilás, obtuso. Coluna 2.5-2.8 mm de comprimento, branca translúcida pintalgada de púrpuro-lilás, semiterete, alada acima da região mediana, denticulada junto ao ápice, a antera, rostelo e estigma, ventral, o pé engrossado, ca.1 mm de comprimento.
antera 0.7 × 0.4 mm, amarelada com margens apicais ligeiramente púrpuro-lilás, encoberta, gibosas; 2 polínias, amarelas, obovóides. Cápsula 7.1 × 2.5-3 mm, verde, cilíndricas, assimétrica, recurvas.
Etimologia: o epiteto específico deriva do Latim muricatus, muricada, e folium, a folha, em referência às superficies muricadas das folha, o maior caractere para distinguir esta espécie.
Habitat e distribuição: até hoje esta espécie só é conhecida a partir de duas coletas no nordeste do estado do estado do Espírito Santo em inselbergs cobertos por florestas sazonais secas. Entretanto A. L. V. Toscano de Brito (pers. comm.) informa a ocorrência desta espécie na Mata Atlântica, em Domingos Martins, em direção ao sul do Estado(Fig. 2).
Status de conservação: devido à informação sobre a abundância e distribuição, nós incluímos esta espécie na categoria de Dados Insuficientes da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas (IUCN, 2001): DD.
Parátipos: Brasil, Espírito Santo: Pancas, Lajinha, 3 Abril 2007, (fl., cult.) L. Kollmann 10047 (MBML)
Esta espécie é muito próxima de Pabstiella hypnicola e Pabstiella villosisepala das quais se distingue pela forma, textura e tamanho das folhas e pela morfologia floral. Em Pabstiella muricatifolia as folhas são obovadas para oblongas, grossas, coriáceas, muricadas em ambas as superfícies, com menos de 2.7 cm de comprimento, as flores são resupinadas, as sépalas são papiladas na porção apical e o labelo é distintamente 3-lobado, obtuso e papilado no ápice, enquanto quena Pabstiella hypnicola e Pabstiella villosisepala as folhas são lanceolados para elípticaslanceoladas, chartaceas, com mais de 4 cm de comprimento, as flores não resupinam, as sépalas são aveludadas na porção apical e o labelo é íntegro ou indistintamente 3-lobado com ápice arredondado, liso a vericuloso.



Pabstiella villosisepala L.Kollmann & Fraga
Harvard Papers in Botany, VOl. 15, nº 1, 2010, pp. 171-178
Tipo: BrasiL. Espírito Santo: Santa Teresa, Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, 25 Março 2004 (fl.), L. Kollmann 6571 (Holótipo: MBML [22235]; Isótipo: RB). Fig. 4.

Haec species Pabstiella hypnicolae (Lindl.) Luer affinis, sed foliis angustioribus et apice sepalorum villoso differt.

      Planta epífita, até 4.0-8.5 cm de comprimento, cespitosa, reta. Raízes esbranquiçadas , fasciculada, terete, glabras. Ramicaules 1.2-2.5 cm de comprimento, verde, terete, cercada por 1-2 bainhas tubulares ralas; bainhas 0.7-1.5 cm de comprimento, verdes e paleáceas quando maturadas.
Folha 2.5-6.5 × 0.3-1.0 cm, incluindo um pecíolo 1.0-3.5 cm de comprimento, verde, reta; lâmina espessamente paleácea, , lanceolate a estreitamente elíptico-lanceoladas, a base acuminada a subpeciolada, o ápice agudo , 3-dentado.
Inflorescência 5-12 cm de comprimento, racimo frouxo, ligeiramente flexuoso com algumas flores, emergindo de perto do ápice do ramicaule; brácteas florais, ca. 2 mm de comprimento, verdes, tubulares, acuminadas.
Flores não resupinadas, abrindo em sucessão, ocasionalmente 2 flores permanecem abertas ao mesmo tempo. Pedicelos 0.7-1.3 de comprimento; ovário 1.5-2.2 mm de comprimento, esverdeado, subterete, longitudinalmente sulcado.
Sépala dorsal 6.3- 7.8 × 3.5-4.2 mm, amarelada em direção ao ápice e translúcida pintalgada de púrpuro-lilás em direção à base, elíptico-espatulada a obovada, base atenuada, ápice obtuso, côncavo na base e convexo em direção ao ápice, externamente glabra, internamente glabra na base e vilosa em direção ao ápice, margens de algum modo reflexas.
Sépalas laterais conadas, formando uma sinsépala, 5.5-6.6 × 2.2-2.7 mm, com ápices subagudos, translúcidas na porção mais larga, brancas no centro desde a base até o ápice, amarelo translúcido perto das margens pintalgado de púrpuro-lilás na base, externamente glabras, internamente glabras margens laterais revolutas, vilosas desde a região mediana até as extremidades, a base ligeiramente cuneada, as extremidades obtusas Pétala 3.8-4.1 × 2.2-2.4 mm, e
spatulo-obovada a rombóide, assimétrica, áspera nas duas superfícies, atenuada na base, amarelo pintalgado de púrpuro-lilás na base, púrpura-escura em direção ao ápice agudo, papilado e externamente espesso.

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Figure 4. Pabstiella villosisepala L. Kollmann & Fraga.
A, hábito com flor; B, flor em vista lateral ; C, Sépala dorsal; D, Sépalas laterais; E, pétala; F, Labelo em vista lateral;
G, Labelo ; H, Coluna e ovário em vista lateral; I, antera em vista lateral; J, antera vista de cima.
Desenho a partir do espécime-holótipo.

Labelo 2.5-3.1 × 1-1.2 cm, 4 × 1.4 mm largura quando expandido, branco no centro com margens pintalgadas de púrpuro-lilás, elíptico a oblongo, 3-lobado, espesso, a base subtruncada com um par de lóbulos brancos, diminutos e redondos em ambos os cantos, o disco superficialmente sulcado no centro entre um par de calos espessos, oblongos, glandular-celulares, os lobos laterais curtos, arredondados, o lobo apical, elíptico, papilado e agudo .
Coluna 3-4 mm de comprimento, branco pintalgado de púrpuro-lilás, semiterete, alada acima da região mediana, denticulada no ápice, prolongada na base em um pé espesso e púrpuro-lilás (ca. 1 mm de comprimento), antera, rostelo e estigma ventral. antera 0.8 mm de comprimento, amarelada com ápice ligeiramente púrpuro-lilás e margens ocultas, o ápice papilado; polínias 2, amarelas, obovóides. Cápsula não vista.
      Etimologia: o epíteto específico deriva do Latim villosus, viloso e sepalum, a sépala; em referência à porção apical adaxial vilosa das sépalas, o caractere mais distinto da espécies.
      Habitat e distribuição: até agora esta espécie só foi encontrada em duas localidades no município de Santa Teresa: a Reserva Biológica Augusto Ruschi, em Nova Lombardia, e Mata Fria, em São Lourenço. É uma epífita em pequenos trechos da Mata Atlântica, a 700 m, mas provavelmente ocorre em áreas adjacentes no estado do Espírito Santo (Fig. 2).
      Status de conservação: devido à aparente raridade e distribuição restrita de Pabstiella villosisepala na Mata Atlântica na região central do estado do Espírito Santo e sua aparente vulnerabilidade às atividades humanas, nós incluímos esta espécie na categoria de Vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas segundo os seguintes critérios (IUCN, 2001): VU D2.
      Parátipos: Brasil : Espírito Santo, Mun. Santa Teresa: Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 11 Abril 2002 (fl.), R. R. Vervloet e E. Bausen 109 (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , Julho 1976 (fl.), W. Emerich s.n. (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi , 27 Maio 2003 (fl.), R. R. Vervloet e W. Pizziolo 2498 (MBML, RB). São Lourenço, Mata Fria, 18 agosto 2004 (fl.), L. Kollmann e W. Pizziolo 6954 (MBML).

Esta espécie é muito similar à Pabstiella hypnicola, da qual se distingue pela largura da folha e indumento das sépalas. As folhas de Pabstiella hypnicola tem normalmente mais de 1.5 cm de largura e as sépalas são aveludadas na porção apical, enquanto que na P. villosisepala as folhas têm menos de 1 cm largura e as sépalas são ásperas na porção apical.



Literatura citada

Barros, F. 2002. Notas nomenclaturas em Pleurothallidinae (Orchidaceae), principalmente brasileiras. Bradea
      8: 293-297.
Brieger, F. G., and K. Senghas. 1976. Pabstiella, eine neue Orchideengattung aus Brasilien. Die Orchidee
     27: 193-196.
Holmgren, P. K., N. H. Holmgren, and L. C. Barnett, (eds.). 1990. Index Herbariorum Part I: The herbaria of the world.
      8 ed. New York Botanical Garden, New York. 704p.
IU CN. 2001. IUCN Red List Categories and Criteria: Version 3.1. IUCN Species Survival Commission. IUCN, Gland, 
     Switzerland, and Cambridge, United Kingdom.
Luer, C.A. 2006. Icones Pleurothallidinarum XXVIII. A reconsideration of Masdevallia, Systematics of Specklinia and
      vegetatively similar taxa. (Orchidaceae). Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 105: 23-274.
      - 2007. Icones Pleurothallidinarum XXIX. A Third Century of Stelis of Ecuador, Systematics of Apoda-Prorepentia, Systematics of Miscellaneous Small Genera, Addenda New Genera, Species and Combinations (Orchidaceae). Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 112: 1-130.
      -. (2009). Icones Pleurothallidinarum XXX. Addenda: Miscellaneous new combinations. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard 115:
257-260.
      Pridgeon, A. M., and M. W. Chase. 2001. A Phylogenetic reclassification of the Pleurothallidinae (Orchidaceae). Lindleyana 16: 235 -271.

Observação da editoria de Orchid News: Foram omitidos os dados que poderiam indicar a localização exata.

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