Considero como plantas ornamentais, todas às plantas que possuem potencial florístico ou paisagístico. Entre elas cito as orquídeas, bromélias, tajas, as bananeiras do tipo das helicôneas, os cactos, as plantas produtoras do Chapéu do Panamá, palmeiras, entre outras.
As Orchidaceae em especial, ocorrem predominantemente nas áreas tropicais e, possuem aproximadamente, 15.000 a 35.000 espécies (WITHNER, 1959; BRAGA, 1987B), o que denota uma alta diversidade de formas e adaptações. Por ser uma família de grande interesse comercial, uma vez que, muitas de suas espécies são altamente ornamentais, atrai o interesse de inúmeros amadores. O seu maior desenvolvimento deu-se no Brasil, que possui cerca de 190 gêneros e 2.300 espécies nativas (PABST & DUNGS, 1975; 1977), perdendo apenas para a Colômbia.

Vários são os fatores que influenciam na sua distribuição. BRAGA (1987B e 1982B,).
A seguir discriminamos esses fatores.


Na Amazônia brasileira ocorrem inúmeras espécies de orquídeas com potencial ornamental. A maioria delas possui o hábito epífito.
São as últimas, plantas que colonizam um ecossistema. Na maioria das vezes, como já mencionado, possuem hospedeiros específicos, denominados de forófitos e, muitas delas, são fiéis a determinados tipos vegetacionais, funcionando como bioindicadoras das condições da preservação desses. Por outro lado, possuem grande valor comercial na floricultura, tornando-as, na natureza, extremamente vulneráveis a extinção (MADSON, 1977).
A floresta amazônica constitui-se de um complexo vegetacional. Nesse sentido as orquídeas não se distribuem uniformemente em todos os ecossistemas. HOEHNE (1949) menciona sua raridade na Floresta de Terra Firme. DUCKE & BLACK (1954), citam sua profusão no Igapó e nas Campinas. BRAGA (1982B), cita 64 gêneros, 155 espécies e 1 híbrido natural da família das orquídeas, para as Campinas da Amazônia brasileira. Nas Várzeas amazônicas também ocorrem muitas epífitas, principalmente na Hevea brasiliensis Muell. Arg. (Seringueira), um dos forófitos deste tipo vegetacional. Dos Campos de Terra-Firme, existem informações escassas.
Usualmente nos inventários florestais de interesse madeireiro ou extrativista, as plantas ornamentais de modo geral e as orquídeas ou quaisquer outras epífitas não despertam nenhum interesse, não sendo sequer registradas suas ocorrências. Inventários florísticos na Floresta de terra firme, ainda que feitos por botânicos, têm poucos registros da coleta destas plantas. Quando forem feitas coletas no norte, sudeste, sul e sudoeste da Amazônia brasileira, e nas áreas de ocorrência da Bertholletia excelsa Humb. & Bompl. (Castanha do Pará), um forófito, que abriga um grande número de epífitas deverá ampliar estes números, Infelizmente estas áreas estão sob forte pressão de colonização e, muitas plantas ornamentais entre elas orquídeas, poderão ser extintas, antes mesmo de serem descritas pelos botânicos.
A Cattleya eldorado Linden que ocorre predominantemente na vegetação de Campina é uma das mais ornamentais orquídeas amazônicas, que vem tendo suas populações continuamente depauperadas por vários anos seguidos.

Para poder fazer uma estimativa da sua situação, minha orientada de doutorado Eliana Fernandez Storti, a estudou como tema de tese.
Na tabela que se segue apresentamos a pontuação e o respectivo “Status de Conservação” da Cattleya eldorado no Estado do Amazonas, de acordo com FERNANDEZ (2008).







Critérios para enquadramento de Cattleya eldorado -Orchidaceae nas categorias de espécies ameaçadas de extinção propostos pela União Mundial para a Natureza, modificado de Lins et aI. (1997), de acordo com FERNANDEZ (2008) e a pontuação apresentada.
A metodologia aqui utilizada traz como vantagem a fácil coleta de informações o que permitirá no futuro a replicação dos resultados e dessa forma será possível fazer uma avaliação do “Status de Conservação” de várias espécies da família Orchidaceae, o que trará como vantagem a possibilidade de manejar essas populações de orquídeas, com o planejamento e implantação de programas de manejo de suas espécies que apresentem “Status de Conservação” desfavorável.


• Sugestões para leitura
BENZING, D. H. - 1986. The vegetatives basis of vascular epphytism. Selbyana, 9(1):23-43.
-------1987. Vascular epiphytism: taxonomic participation and adaptative diversity. Ann. Missouri Bot. Gard., 74(2):183-204.
BONATES, L.C. de M. - 1987. Aspectos Ecofisiológicos de algumas Orchidaceae que ocorrem no estrato terrestre da vegetação de Campina da Reserva Biológica do INPA, Km 45. Tese de mestrado apresentada ao curso de pós-graduação do INPA-UFAM. 269p.
BONATES, L.C. de M. & BRAGA, P.I.S. - 1992. Estudos Ecofisiológicos de Orchidaceae da Amazônia I. - Identificação da via C3 e CAM em quatorze espécies que vegetam no estrato terrestre de uma campina da Amazônia central. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot., 8(2): 163-189.
BRAGA, M.M.N. & BRAGA, P.I.S. – 1976. Estudos Ecológicos na Campina da Reserva Biológica INPA-SUFRAMA, Km 45. Acta Amazon. Manaus, 5(3): 247-260.
BRAGA, P.I.S. - 1976. Atração de abelhas polinizadoras de Orchidaceae com o auxílio de iscas-odores na Campina, Campinarana e Floresta Tropical úmida da região de Manaus. Ciênc. Cult, 28(7): 767- 773.
------- - 1977. Aspectos Biológicos das Orchidaceae de uma Campina da Amazônia Central. Acta Amazon. Manaus , 7(2), Suplemento: 89p.
------- - 1978. Estudos da flora orquidológica do Estado do Amazonas III- Brassocattleya rubyi Braga (Orchidaceae) híbrido novo da flora amazônica. Acta Amazon. Manaus, 8(3): 371-378.
------- - 1979. Subdivisão fitogeográfica, tipos de vegetação, conservação e inventário florístico da floresta amazônica. In: Estratégias para a política florestal na Amazônia brasileira. Acta Amazon. Manaus, (9(4): 53-80. Suplemento.
------- -1981a. Orquídeas da Amazônia brasileira. Bol. Assoc. Orquid. Amazon., 1(2): 16-24.
------- -1981b. Orquídeas das Campinas da Amazônia brasileira. Bradea, 3(23): 170-173.
------- - 1981c. Orquídeas das Campinas da Amazônia brasileira. In: Anais do I Encontro de Orquidófilos e Orquidólogos do Brasil, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura. p. 19-43.
------- - 1982a. - Orquídeas da Amazônia brasileira II. Bol. Assoc. Orquid. Amazon., 2(1): 85-88.
------- - 1982b. Aspectos biológicos das Orchidaceae de uma Campina da Amazônia Central. II- Fitogeografia das Campinas da Amazônia brasileira. Tese de doutorado apresentada no curso de pós-graduação do INPA-UFAM. 345 p.
------- - 1983. Fitossociologia da Família Orchidaceae I. Bol. Assoc. Orquid. Amazon., 3(5): 185-188.
------- - 1987a. Orquídeas- Entrada e Dispersão na Amazônia. Ciênc. Hoje, 5(28): 44-51.
------- - 1987b. Orquídeas- Biologia Floral. Ciênc. Hoje, 5(28): 52-56.
------- -1994. Orquídeas da Amazônia Brasileira III. Bradea, 6(35): 293-296.
BRAGA, P.I.S. & VILHENA, R. - 1981. Estudos sobre a vegetação de campinas amazônicas VII.- Anatomia ecológica de Epidendrum huebneri Schltr. e Phthirusa micrantha Eichl. In: Anais do I Encontro de Orquidófilos e Orquidólogos do Brasil. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura. p. 86-106.
BRAUN BLANQUET J.- 1979. Fitossociologia: bases para el estudio de las comunidades vegetales. Madri, H. Blume Ediciones.
BRIEGER F.B., MAATSCH R. e SENGHASK. - 1971. Die pflantzem geographische verbreitung der Orchideen, R. Schlechter (org.), Die Orchideen. Berlim, Paul Parey.
CAIN S.A.- 1944. Foundations of plant geography. Nova Iorque, Harper & Brothers.
CRUZ, J. da & BRAGA, P.I.S. - 1996. Considerações sobre a relação das Orchidaceae Epifíticas com seus forófitos em floresta de terra firme no campo petrolífero do rio Urucu, Médio Solimões, Amazonas - Brasil. Rev. UA, Série: Ciências Biológicas, Manaus, 1(1): 17-29.
--------- 1997. Aspectos taxonômicos e ecológicos de Orchidaceae epífitas no Campo Petrolífero do Urucu, Amazonas - Brasil. Rev. UA, Série: Ciências Biológicas, Manaus, 1(1): 1-129.
DUCKE, A. & BLACK, G. A. - 1954. Notas sobre a fitogeografia da Amazônia brasileira. Bol. Técn. IAN, Belém, 29:1-62.
GOOD R.- 1974. - The geography of the flowering plants. Londres, Longman Group Ltd.,
HOEHNE, F. C. - 1949. Iconografia de Orchidaceae do Brasil:1-301, 300 tab.
MADSON, M. -1977. Vascular epiphytes: Their systematic occurrence and salient features. Selbyana, 5(2): 207-213.
MIRANDA, F. L. - 1982. As variedades da Cattleya eldorado Linden. Bol. Assoc. Orquid. Amazon., 2(2): 91-95.
NORTHEN, R. T. - 1984. Their innocent past, their promising yet previlous future. IN: Orchid Biology Reviews Perpectives. III. Edited by Joseph Arditti. Comstock Publishing Associates. p. 19-26.
PABST, G.F.J. & DUNGS - 1975. Orchidaceae brasilienses, 1. Hildesheim, Brücke-Verlag Kurt Schmersov. 408 p.
PABST, G.F.J. & DUNGS - 1977. Orchidaceae brasilienses, 2. Hildesheim, Brücke-Verlag Kurt Schmersov. 418 p.
PRANCE G.T. - 1977.The phytogeographic subdivisions of Amazonia and their influence on the selection of biological reserves", Extinction isforever. Nova Iorque, New York Botanical Garden.
PRANCE ET ALII - 1979. Árvores de Manaus, Manaus, INPA. 312 p.
WAECHTER, J. L. - 1980. Estudo fitossociológico das orquídeas epifíticas da Floresta paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul. Porto Alegre, UFRGS, 104p. (diss. mestrado).
WENT, F. W. - 1940. Soziologie der Ephyten eines tropischen Urwaldes. An Jard. Bot. Beutenzorg, 50:98 apud RICHARDS, R. E. - 1966. The Tropical rain forest, an Ecological Study. Cambridge. p. 1-450.
WITHNER, C. L. - 1959. The orchids. A scientific survey, Ronald Press Company, New York: 1-648.


[voltar]