1883 Lil HOrt. 30;73, t. 485

Sinônimo: Cattleya walkeriana var. nobilior Veitch 1887 - Man. Orchd. Plants. Cattleya, p. 50

Sergio Ostetto é Administrador com Mestrado em Administração Universitária e Doutorado em Desenvolvimento Local, com tese voltada para o Cultivo de Orquídeas na própria natureza, visando à melhoria das condições de vida dos povos extrativistas, como índios e outros habitantes das florestas.
É orquidófilo e orquidólogo e trabalha na Ostetto Orquídeas, junto com o filho Rafael e com a esposa Nelide.
Há mais de 20 anos ministra cursos de cultivo de orquídeas nas cidades de Mato Grosso Sul, como instrutor do SENAR-MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Além disto, é consultor da revista "Como Cultivar Orquídeas" e desenvolve pesquisas sobre substratos alternativos.
Atualmente está finalizando um livro sobre as espécies existentes em Mato Grosso do Sul, resultado de mais de 15 anos de trabalhos e buscas, visitando e fotografando os habitats.
Tem como paixão maior o cultivo de Cattleya nobilior



Cattleya nobilior - cultivo de Omar Chmieleski
A ESPÉCIE

Descrita em 1883, seu nome surgiu após uma comparação com a C. walkeriana, que havia sido descrita 40 anos antes, com a qual era confundida. O nome nobilior significa mais nobre e a planta tipo apresenta uma quantidade infinita de tons desde um roxo escuro até um lilás suave. O seu cultivo por colecionadores vem se destacando, principalmente em Mato Grosso do Sul onde, em Agosto de 2010, foi fundada a Associação da Cattleya nobilior com o objetivo de reunir apreciadores e disseminar conhecimento sobre esta maravilha considerada a ‘Rainha do Cerrado’.


Habitat de Cattleya nobilior, em Pedra Bonita - Figueirão - Mato Grosso do Sul
SEU HABITAT

É uma orquídea cujo habitat estende-se por uma vasta região abrangendo os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Sudoeste da Bahia, Sul do Maranhão, leste de Rondônia, além dos vizinhos Bolívia e Paraguai, em regiões sujeitas a longos períodos de estiagem e alta luminosidade.

No habitat, em tronco inclinado No habitat, em tronco inclinado


No habitat, em tronco vertical



SUA FLORAÇÃO

A floração ocorre principalmente nos meses de Julho e Agosto. Exala um odor agradável e duradouro capaz de manter um ambiente permufado durante todo o tempo de floração


VARIEDADES


Cattleya nobilior var. amaliae clone 'Natalia'
(cultivada por Gerson Calore)

Cattleya nobilior
'Nelide' (cultivo próprio)

Cattleya nobilior
var. amaliae clone 'Natalia' é a única planta brasileira que ostenta o título de “Campeã  Mundial das Orquídeas”, premiada como a melhor planta da 15ª. Conferência Mundial sobre Orquídeas, realizada em 1996, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Nessa mesma ocasião, a Cattleya nobilior 'Nelide' foi agraciada com o terceiro lugar.


A variedade mais conhecida é a ‘amaliae’ cuja coloração difere da planta tipo por ter uma tonalidade rósea. O nome é uma homenagem à sua descobridora, a jornalista e orquidófila, já falecida, Amália Hermano Teixeira, que, nos anos 60, encontrou algumas plantas endêmicas nos arredores da cidade de Taguatinga, onde hoje é o estado de Tocantins . A floração desta variedade ocorre nos meses de Setembro e outubro.
Na região centro-oeste, por alguns, ainda é tida como ‘comunzinha’, porém, esta expressão está desaparecendo, visto que cada vez mais orquidófilos vem demonstrando interesse pelo seu cultivo.


Cattlyea nobilior amaliae - cultivo Rustem Irab



OUTRAS VARIEDADES NATURAIS E HORTICULTURAIS

Ainda podem ser encontradas outras variações na coloração como alba, albescens, coerulea, concolor, flamea, estriada, lilacina, rubra, semialba suave, suavíssima, vinicolor e venosa.

Cattleya nobilior rubra uma flor muito escura com tons avermelhados - Cultivo de William Correa Lara
Cattleya nobilior vinicolor, que tem coloração semelhante ao vinho rosé - Cultivo de Cezar Alonso
Cattleya nobilior caerulea ou coerulea, cuja coloração é semelhante à cor do céu - Cultivo Nelide Ostetto

Cattleya nobilior semi-alba, tem pétalas e sépalas brancas e o labelo em um dos tons escuros, é raríssima. Cultivo do Orquidário Gnomus
Cattleya nobilior alba, muito rara, é totalmente branca e de difícil reprodução.
Cultivo Sergio Ostetto
Cattleya nobilior lilacina.
Cultivo do Orquidário Gnomus

Cattleya nobilior flamea.
Cultivo de Silvia e Kalil Chacha
Cattlyea nobilior pelórica.
Cultivo de Marco Antonio Zorzeto

 

DESTAQUES - CLONES

Como ocorre entre os seres humanos que alguns se destacam dos outros por possuirem caracteristicas diferentes como habilidades, força, resistência ou beleza, nas orquídeas o fato também acontece e algumas raras vezes são encontradas plantas que se destacam das outras por alguns pontos peculiares como alterações de forma: trilabelo, pelórica, mini, anã, gigante ou uma forma perfeita onde podemos destacar a C. nobilior 'WWC’ cuja flor tem o formato que mais  se aproxima de uma circunferência. Geralmente as orquídeas que recebem um nome de clone, destacado entre aspas simples, tem alguma diferença especial.

Cattlyea nobilior trilabelo.
Cultivo de William Correa Lara
Cattlyea nobilior 'Olhos de Fogo'.
Cultivo de Oscar Dias
Cattlyea nobilior 'WWW'.
Cultivo de William Correa Lara
Cattleya nobilior 'Campo Grande'.
Cultivada em palmeira
Cattleya nobilior 'Supernova".
Cultivo de Nelide Ostetto


O cruzamento entre a Cattleya nobilior tipo e Cattleya nobilior var. amaliae fez surgir uma variedade horticultural conhecida como ‘supernova’ que tende a produzir flores levemente maiores do que a planta tipo além de melhorar sensivelmente a forma. Tal fato, provavelmente, ocorre em consequencia da utilização de matrizes selecionadas pela boa qualidade.

SEU CULTIVO

É uma espécie muito resistente e adapta-se com facilidade em ambientes de clima quente ou ameno. Se cultivada em locais que a temperatura desce muito inverno, ela precisa ser protegida. As geadas queimam suas folhas com facilidade.


Cuidados com a rega.
As raízes de Cattleya nobilior podem apodrecer se ficarem molhadas  ou submersas por longos períodos. Devem ser regadas sempre que estiverem sem umidad, mas o substrato necessita uma boa drenagem para que possa secar rapidamente. 
Visto que é uma planta sujeita a longos períodos de estiagem, ela tem um sistema que controla a perda de umidade durante o dia.  Por isso, ela absorve água após o pôr-do-sol, tornando-se a melhor hora para regar. No período noturno, a planta está apta a absorver água e, inclusive, o fertilizante nela misturada.


Luminosidade, ventilação e temperatura

As plantas devem permanecer em um local que haja boa circulação de ar. Elas precisam da luminosidade solar, mas não toleram mormaço e o excesso de calor irá provocar queimaduras que se transformam em doenças e apodrecem as plantas, se o ambiente está agradável para nós, também estará agradável para elas.


Adubação

As orquídeas se alimentam de sais minerais encontrados em fertilizantes e não vão morrer se forem alimentadas corretamente. A utilização de fertilizantes que contenham micronutrientes, devidamente balanceados, é ponto fundamental para a sua saúde. Um bom adubo traz no rótulo a sua composição com as quantidades de cada elemento. A aplicação de fertilizantes desbalanceados, isto é, aqueles que contém um ou mais elementos em excesso ou em quantidade insuficiente, vão, ao longo do tempo causar enormes danos que serão notados, aproximadamente um ano e meio, após a sua aplicação. A aplicação de um fertilizante balanceado evita riscos pois contém a quantidade correta dos nutrientes que a orquídea necessita. Por exemplo, a aplicação de torta de mamona, rica em nitrogênio, fará com que a planta adquira uma coloração verde forte e brilhante, emita folhas longas e pseudobulbos flácidos, solte muitos brotos e atraia cochonilhas, além de correr sérios riscos de desenvolver o fungo comumente chamado de canela seca.


Prevenção contra pragas e doenças

A prevenção é o melhor remédio para qualquer praga ou doença, assim, é necessário que, mensalmente, a planta receba uma aplicação de inseticida e de fungicida para evitar o aparecimento de cochonilhas, ácaros, vaquinhas e outros insetos, além do aparecimento de podridões causadas por fungos.

Resumindo:não esquecendo nenhum dos itens acima as Cattleya nobilior terão vida eterna e agradecerão com belíssmas flores coloridas e perfumadas.


Substratos e suportes

Cattleya nobilior é uma planta muito rústica e pode ser cultivada em muitos tipos de substrato e suporte: Cascas, tocos, cerne, paineis ou bolachas de madeira, xaxim, ossos (cabeça de boi), cachepot de madeira ou de arame, vidros, pedra, coco ou sabugo de milho, em paredes, pedras, árvores, palmeiras e também no tradicional vaso de argila, como demonstra as experiências bem sucedidas de diversos cultivadores no estado.


casca de peroba

casca

bolacha de madeira

ossos (cabeça de boi)

cachepot de madeira

cachepot de arame

garrafão

pedra

parede

vaso de argila

palmeiras

peroba


Todas as fotos foram cedidas pelo autor e a foto da Cattleya nobilior premiada na XV Conferência Mundial de Orquídeas é de autoria de Carlos Ivan Siqueira