A beleza das orquídeas não se encontra apenas nos híbridos artificiais, de flores grandes, bonitas e chamativas, mas, sobretudo, na grande diversidade que a familia Orchidaceae oferece. No encanto das micro orquídeas, de beleza delicada e de exuberante da floração, de plantas de flores intensamente perfumadas ou mesmo aquelas que exalam mal cheiro, de flores de formas delicadas, estranhas e curiosas, de cores contrastantes e padrões diferenciados. 

A possibilidade de um rico passeio sobre esta diversidade, tanto das orquídeas brasileiras, quanto das estrangeiras e híbridos, é que o oferece o Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro em seu novo formato.

A renovação teve a coordenação do botânico Claudio Nicoletti de Fraga, curador de coleções vivas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e sob a consultoria da especialista em orquídeas, Delfina de Araujo.

 
 


A importância deste espaço não está simplesmente numa mostra de híbridos de orquídeas de flores grandes e coloridas que são, com certeza, bonitas, mas que já são muito conhecidas, que trazem pouco nenhum conhecimento agregado e podem encontrados em qualquer quiosque ou supermercado.

A importância do Orquidário está na possibilidade da aquisição de conhecimentos, além, é claro, de manter viva a coleção.

O Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro é agora um local de cultivo onde o público pode não apenas conhecer um pouco da grande diversidade da família Orchidaceae, mas também aprender como as orquídeas ocorrem na natureza. Como parte integrante de uma instituição científica, ele exerce agora uma função também educativa.

Foram criados espaços específicos,  explorando as características e as curiosidades dessas plantas e foram instaladas placas diversas que interpretam o espaço. Estes espaços foram concebidos de maneira a fazer com que o público tenha o maior contato possível com as formas mais diversas de orquídeas, seja na forma da flor, no tamanho, no cheiro, nas folhas, na maneira que crescem, nas pedras, na terra e, principalmente, nas árvores.

Toda a apresentação, tanto das plantas como das informações contidas nas placas interpretativas, possui um conhecimento científico agregado.
 
 

No “Jardim dos Sentidos”, três sentidos podem ser explorados:
- O olfato, estimulado pelos aromas agradáveis ou mesmo desagradáveis que as orquídeas lançam, dependendo do horário, para atrair seu polinizador;
- A visão, estimulada pelas mais bonitas flores ou aquelas de aparência estranha, parecendo insetos ou mariposas, além de plantas inteiras que não se parecem com as orquídeas em seu formato tradicional.
-O tato, pois as pessoas podem tocar as plantas para sentir as diversas texturas das flores e de folhas ou mesmo dos pseudobulbos que, apesar de não possuir espinhos, pode-se espetar o dedo, como é o caso do Cyrtopodium quando perde as folhas.

Pode-se ver orquídeas terrestres brasileiras e, entre elas, a intercontinental Oeceoclades maculata que, ao contrário das outras, tem uma área de ocorrência tão grande que abrange dois continentes, africano e americano, além da ilha de Madagascar.

Ainda neste local, pode-se conhecer a Vanilla de cujo fruto (chamado cápsula) vem o princípio ativo da baunilha que dá aroma aos bolos, doces e sorvetes.

O paisagismo da estufa principal é apresentado em “jardins suspensos”, sendo a organização das plantas planejada no sentido de promover uma floração sucessiva possibilitando que o público possa aproveitar a diversidade de flores, cores e odores durante o ano todo.
No espaço destinado à monopodiais, plantas do grupo das vandaceas caem do teto presas apenas por finos fios de metal, deixando suas raízes livres balançando ao sabor do vento. Estão também plantadas em um grande tronco e em volta de aramados sem nenhum substrato.

No espaço destinado às micro orquídeas, uma lente de aumento permite enxergar a beleza das flores minúsculas que, às vezes, não chegam a 5mm, mas são carregadas de nuances.

No espaço dedicado as "Laeliinae", um tronco mostra as espécies de Cattleya bifoliada, outro só com Cattleya warneri e labiata e um terceiro mostra as plantas conhecidas tradicionalmente como Laelia hoje classificadas como Brasilaelia ou Cattleya (dependendo do autor)
Em um outro estão instalados Epidendrum e Encyclia mostrando a diversidade do grupo.
Ainda há um tronco só de híbridos e, por último, um outro, com a plantas ainda pertencentes a esse grupo, mas pouco conhecidas do público.

O mesmo ocorre com o grupo das "Oncidiinae", do Bulbophyllum, da Stanhopoea, Gongora e afins
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No Orquidário o público tem a oportunidade de conhecer outras plantas além daquelas que já são muito conhecidas. Pode, enfim conhecer plantas que nunca teve oportunidade de ver, naturais de diversos locais, de diversos ambientes, há plantas africanas, australianas, asiáticas e também das Américas. 
Nem todas estarão floridas ao mesmo tempo, pois cada uma tem a sua época, mas durante o todo o ano as diversas florações vão se suceder, como ocorre na natureza. A reformulação deste espaço foi feita em setembro, portanto, as plantas estão se adaptando a um novo local e espera-se uma exuberância com o passar do tempo.
Toda a apresentação, tanto das plantas como das informações contidas nas placas interpretativas, possuem um conhecimento científico agregado, o que possibilita um passeio rico sobre a diversidade das orquídeas brasileiras, estrangeiras e híbridos.

O entorno, ainda não reaberto ao público, está sendo retrabalhado também.

  



O enriquecimento da coleção foi possível graças a doações de colecionadores particulares e desta doação participaram Maria do Rosário A. Braga, Fernando Setembrino, José Maluf, Sergio Oliveira e Maria Rita Cabral. A coleção científica foi agraciada com plantas de resgaste da Serra da Cantareira, através de Luciano Zandoná (Orquidário Municipal de Guarulhos) e Marcos Rezende, estado do Paraná.

Graças a uma doação particular, foi construída uma estufa climatizada permitindo o cultivo de plantas de clima mais ameno.

Orquídeas da coleção
       
     
     
   


Orquidário do Jardim Botânico continua apresentando duas grandes exposições por ano, no mês de maio e no mês de setembro onde são apresentadas orquídeas de todos os continentes assim como os híbridos feitos pelo homem por diversos expositores, sob a coordenação da OrquidaRio- Orquidófilos Associados.
O novo espaço foi reaberto justamente em uma destas exposições, "Orquídeas na Primavera", em setembro 2015.



Fotos: Marco Carvalho, Delfina de Araujo, Claudio Nicoleti e Sergio Araujo