CLONES FAMOSOS
- a origem

 

 

Laelia purpurata ardósia (werkhauseri)
por Carlos Keller


Quando eu comprei, na Aranda, esta purpurata, ela veio etiquetada como sendo da variedade caerulea. Eu sempre preferi simplificar as variedades nos meus registros, então mantive na etiqueta a variedade caerulea, pois essa é uma variedade clássica em quase todas as espécies de Laelia e Cattleya.
As flores, como se pode ver nas fotos, possuem o labelo de cor cinza ardósia e pouco ou nada de azul se pode ver ali. Mesmo assim mantive a classificação. Posteriormente vi uma foto de outra Laelia purpurata caerulea e pude notar que aquela era bem diferente da minha.
O labelo daquela era de um azul céu muito bonito e esse azul, ali era bem evidente.
A minha e aquela da foto não poderiam ser incluídas na mesma variedade, não tinha como. Eram coisas diferentes.
Mudei então a etiqueta e adotei a variedade ardósia para a flor, pois, além de essa ser uma variedade amplamente aceita, ela reflete exatamente a cor do labelo dessa linda e esquisita purpurata.

Muitos chamam também essa variedade de werkhauseri, uma vez que todas descendem de 3 únicas purpuratas com essa cor até agora encontradas, sendo uma delas, a primeira, uma planta encontrada pelo orquidófilo Karl Werkhäuser próximo a Osório (RS) em 1904. Mais tarde, o próprio Karl encontrou na Praia do Torto, local próximo de onde foi encontrada a primeira, outra Laelia purpurata da mesma cor, com o labelo ligeiramente mais escuro, mas possuindo melhor armação e maior tamanho.
A essa segunda ele deu o nome clonal de ‘Superba’. A primeira ficou conhecida apenas como “Primeira” e algumas vezes a ‘Superba’ é chamada de “Segunda”.
Após a morte de Karl Werkhäuser, em 1914, essas duas lendárias purpuratas de cor ainda desconhecida ficaram trancafiadas pela sua viúva em total clausura, longe das vistas de todos por cerca de 50 anos.
Por conta disso, uma delas passou a ser chamada de “A Joia da Bruxa”, fato já amplamente conhecido no mundo orquidófilo.
Uma terceira purpurata de cor ardósia foi encontrada na mesma região por Walter Dreher e ela diferia das duas anteriores pela parte vegetativa ser mais baixa e mais atarracada e a sua flor, embora sendo de menor tamanho, era a que possuía a melhor armação das três.
A essa terceira e última Laelia purpurata ardósia já encontrada na natureza (outras foram encontradas, mas se perderam), foi dado o nome clonal de ‘Sublime’, sendo também é chamada de ‘Borba’, mas ainda não encontrei o porquê dessa segunda denominação.
Quando, após meio século, a viúva de Karl Werkhäuser, Dona Elvira, concordou em vender uma divisão dessa purpurata para um consórcio de orquidófilos, as portas se abriram para a multiplicação e difusão dessa linda variedade.
Acredita-se que a viúva vendeu na verdade apenas uma divisão da ‘Superba’, não se sabendo ao certo o caminho que seguiu a “Primeira”.
O primeiro cruzamento de sucesso feito com purpuratas dessa variedade foi o de número 1.330 (‘Superba’ x ‘Sublime’) da Florália (RJ), feito por Rolf Altenburg.
Daí em diante inúmeros cruzamentos entre o produto dessa sementeira foram feitos e hoje essa variedade pode ser tida como comum e acessível a todos.
As de boa forma, no entanto, ainda são raras e muito disputadas e mais recentemente começaram a surgir as estriatas, com belas estrias ardósia nas pétalas.


Foto: Carlos Keller