Reabertura da estufa de vidro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Delfina de Araujo - curadora e responsável pela coleção de orquídeas do Orquidário do JBRJ

 

 

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro apresenta uma significativa coleção botânica de orquídeas brasileiras, assim como de  espécies estrangeiras de diversas origens  e híbridos.
Conhecer o Orquidário do Jardim Botânico é quase obrigatório para a maioria dos visitantes.

Integrante de uma instituição científica, o Orquidário tem como objetivo primordial o cultivo de orquídeas que formam a sua coleção científica, coletadas na natureza por pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e alunos da Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ), para fins de estudo.
O Orquidário é composto de diversos espaços: a estufa de vidro, áreas externas (que serão abertas à visitação pública em breve) e locais de cultivo com acesso restrito ao público e aberto aos pesquisadores: duas estufas fechadas, uma estufa de quarentena e o ripado. 

História da Estufa de vidro
Em 1908,  foram edificadas duas estufas. Uma delas destinava-se à recém formada coleção de orquídeas. A outra, construída seguindo o modelo inglês em madeira e com formato octogonal, era destinada às plantas de salão.
Em 1930, ela foi refeita em ferro e vidro, mantendo o formato original, hoje destinada à visitação e ao cultivo de orquídeas.

 

Devido às características de sua estrutura metálica e cobertura de vidro, são necessárias frequentes reformas para recuperação e pintura.
Inicialmente em função da pandemia e depois em função das obras de reforma da estrutura metálica, com restauração do telhado e de pintura, a estufa de vidro ficou fechada à visitação pública por dois anos, mas agora, devidamente restaurada e repaginada, já está novamente à disposição do público que ali encontra um espaço multifuncional.

Com placas diversas que interpretam o local, a estufa de vidro se tornou um espaço educador, além de sua tradicional vocação de proporcionar ao público um deleite visual e olfativo.  
A disposição das plantas e as placas permitem ao visitante aprender um pouco mais sobre as orquídeas e a grande diversidade de cores, formas, perfumes, maneira de vegetar da família Orchidaceae, seja elas espécies brasileiras, estrangeiras ou híbridos.
Na estufa de vidro, o deleite caminha com o conhecimento. Isto é possível através do cultivo dentro da própria estufa, pela maneira que as plantas são organizadas e das placas que fornecem informações básicas permitindo um rico passeio pelo universo das orquídeas.

Nela, também podem ser encontradas plantas floridas que estão cultivadas em outros locais e lá estão temporariamente enquanto a flor não fenecer.
Atualmente, cerca de 630 indivíduos (entre floridas e cultivadas) podem ser apreciadas neste ambiente.
Neste espaço,  o público tem uma amostra de como as orquídeas ocorrem na natureza.
São mais de 150 espécies e híbridos diferentes de orquídeas brasileiras e estrangeiras que são ali cultivadas.
Há sítios específicos que exploram as características e as curiosidades dessas plantas.
No “jardim dos sentidos”, os visitantes poderão tocar nas plantas para sentir as diferentes texturas de flores e de folhas. Nele, três sentidos podem ser explorados.
A visão é estimulada pelas mais bonitas flores ou aquelas que chamam a atenção pela aparência incomum, lembrando insetos como as mariposas, além de outras que não se assemelham às orquídeas tradicionais.
Pelo tato, pode-se perceber as diversas texturas das folhas.
O sentido do olfato é estimulado pelos aromas agradáveis ou mesmo desagradáveis, como as da espécie Oncidium Sharry Baby, conhecida como orquídea chocolate por causa do aroma que exala.

O paisagismo da estufa é apresentado em “jardins suspensos”, sendo a organização das plantas planejada no sentido de promover uma floração sucessiva possibilitando que o público possa aproveitar a diversidade de flores, cores e odores durante o ano todo.
Nem todas estarão floridas ao mesmo tempo, pois cada uma tem a sua época, mas durante o todo o ano as diversas florações vão se suceder, como ocorre na natureza.
Toda a apresentação, tanto das plantas como das informações contidas nas placas interpretativas, possui conhecimentos científicos agregados, o que possibilita um passeio rico sobre a diversidade das orquídeas brasileiras.
No setor das micro-orquídeas, uma lupa está disponível para que a delicadeza das flores minúsculas, cujo tamanho varia de 2 milímetros a 1 centímetro possa ser admirada.

Neste mesmo local, o  visitante tem a oportunidade de conhecer a Vanilla, a orquídea que tem o maior emprego na culinária, pois produz a baunilha que dá sabor a pudim, sorvetes, bolos e outros doces.   

A Coleção de Orquídeas do Jardim Botânico é composta de plantas nativas, plantas exóticas e híbridos e seu principal foco são as orquídeas que possuem valor científico.

 




Fotos: Sergio Araujo, Delfina de Araujo e acervo JBRJ (orquidário antigo)