AS SOCIEDADES ORQUIDÓFILAS


ACEO, uma associação que traz “no sangue” a Cattleya labiata

A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) foi fundada em 26 de outubro de 1977, sendo uma das entidades pioneiras do Norte e Nordeste em seu segmento.
O norte-americano Arthur Peterson foi o idealizador da então Sociedade Cearense de Orquidófilos. Coube-lhe o papel de agrupar as pessoas interessadas no cultivo de orquídeas e liderar o trabalho de instalação da nova entidade.
As primeiras reuniões aconteciam em sua casa. Nesses encontros, conversava-se sobre técnicas de cultivo, novas aquisições de plantas e eventuais expedições de coleta nas serras úmidas cearenses. Não se realizavam exposições e, segundo o saudoso Waldir Lima Leite, um dos sócios fundadores, que presidiria mais tarde a ACEO, “não nos preocupávamos em saber quem possuía a planta mais bonita”.
Em depoimento ao jornalista Italo Gurgel, para o site da ACEO, Waldir comentou que, na época, era comum encontrar pessoas vendendo Cattleya labiata nas ruas da Capital. Grandes quantidades de “parasitas”, como as plantas eram chamadas, se exibiam, penduradas por cordões, nas duas pontas de uma vara que o vendedor equilibrava sobre os ombros.
Pouco a pouco, a Sociedade contribuiu para que se disseminassem conhecimentos e belos orquidários começaram a surgir.  O próprio Waldir Leite chegou a reunir cerca de 10 mil plantas.

A beleza das labiatas cearenses, de porte menor que as de outras regiões do Nordeste, porém com melhor forma e belos padrões de cores,e não tardaria a atrair a atenção dos colecionadores de outros Estados.

Reproduzindo o que já havia acontecido nas décadas de 40 e 50, nos anos 90 presenciou-se deplorável extermínio de populações inteiras de C. labiata nas serras de Maranguape e Urubueretama. A demanda vinha dos colecionadores de Fortaleza mas, sobretudo, daqueles do Centro-Sul do país.
Não era raro encontrar, no quintal de algumas casas, dezenas de indivíduos apodrecendo amontoados, como consequência de coletas irracionais, sem os devidos recursos para manter as plantas saudáveis, antes de exportá-las.
Aos poucos, a Associação perdeu força, chegando a suspender totalmente suas atividades durante alguns anos.
Em 21 de abril de 2007, graças ao empenho de um pequeno grupo de novos colecionadores, a entidade foi reestruturada e rebatizada de Associação Cearense de Orquidófilos.
Iniciou-se um calendário de reuniões regulares e organizaram-se exposições, que chegaram a atrair até 20 mil pessoas, sendo prestigiadas pela presença de grandes nomes da orquidofilia nacional, convidados para proferir palestras e confraternizar com os orquidófilos cearenses.



   

Graças à visão dos novos dirigentes, a ACEO começou a divulgar a ideia de se combater o comércio ilegal de orquídeas. Para desestimular a compra de “orquídeas do mato”, organizaram-se aquisições coletivas em orquidários comerciais criteriosos.


Aos poucos, as coleções foram se enriquecendo, enquanto se investia no conhecimento e na difusão de modernas técnicas de cultivo. Um dos resultados desse trabalho: ao contrário do que acontece em várias cidades, nas exposições da ACEO não se verifica a deplorável presença de “mateiros”.

Fortemente impactada pela pandemia de Covid 19 – como, de resto, todas as demais entidades orquidófilas do país – hoje a ACEO cuida de reagrupar seus membros, tendo voltado a se reunir, uma vez por mês, na Casa de José de Alencar, belíssimo equipamento cultural da Universidade Federal do Ceará.

Também promove sorteios, com generosa distribuição de plantas, e já realizou reunião informal no orquidário de um dos associados, assim como pequena exposição, em um shopping de Fortaleza, buscando encantar de novo o público com a beleza das orquídeas.
A ACEO, cujo símbolo é uma representação estilizada da Cattleya labiata Lindl., tem entre seus objetivos, além de reunir pessoas interessadas pela orquidofilia: lutar pela preservação das orquidáceas em seu ambiente natural, apoiar a pesquisa de espécies nativas, compartilhar informações técnicas com entidades correlatas, estimular a publicação de trabalhos técnico-científicos, levantar e reconstituir a história da orquidofilia cearense e promover exposições, feiras, cursos, palestras, seminários, simpósios e outros eventos que contribuam para divulgar o cultivo responsável de orquídeas no Ceará.