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O
gênero Epidendrum
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Eric
Hágsater
nasceu na cidade do México e se diplomou em Engenharia Química
e Administração de Negócios pelo Instituto
Tecnológico de Estudos Superiores de Monterey (ITESM), México.
Ele é presidente de "Productos Farmacéuticos,
CHINOIN", um laboratório farmacéutico mexicano
operando no México e em diversos outros países do
Caribe, da América Central e do Sul.
Sua principal área de interesse é a taxonomia do gênero
Epidendrum (Orchidaceae).
Ele é também fundador e diretor do Herbário
AMO, uma instituição de pesquisas dedicada à
taxonomia de Orquídeas nos trópicos, entre muitas
outras atividades ligadas às orquídeas.
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ON:
Dr. Eric Hágsater, há quantos anos o senhor vem estudando
o gênero Epidendrum?
EH: : Eu tenho me dedicado ao Epidendrum há
20 anos entretanto eu me interesso por ele há muito mais tempo.
ON: Como o senhor estruturou seus estudos?
EH: Montando uma equipe para cobrir todos os aspectos
do gêneros e com estudantes fazendo suas teses nos variados aspectos
como morfologia da folha, arquitetura da planta, etc.
ON: Com quem este trabalho tem sido desenvolvido?
EH: Eu comandei uma equipe no Herbário
AMO, com estudantes das universidades locais, com a colaboração
de botânicos amadores e profissionais e propagadores em todas
as Américas. Por outro lado, participamos de várias Floras.
O trabalho tem sido feito através de coleta de plantas vivas
em seus habitats e as cultivando, estudando centenas de espécimes
de herbário em todos os maiores herbários de ambas as
Américas neo-tropicais, Estados Unidos e Europa. Perto de 3000
ilustrações botânicas detalhadas foram preparadas
a partir de plantas vivas ou espécimes de herbário, muitas
vezes tipos; descrições detalhadas, análise cromatográfica
de fragrâncias e 300 espécies foram analisadas com base
nas seqüências de DNA.
ON: Em sua palestra, o senhor disse que concluiu a filogenia molecular
do Epidendrum. Poderia nos explicar em algumas palavras o que
isto significa?
EH: Nós usamos diferentes seqüências:
matK, trnL-F e ITS. Depois combinamos com informações
para descobrir qual árvore seria a mais provável, através
de processamento efetuado em um computador de alta capacidade.
ON: O senhor também falou que incluiu alguns táxons relacionados:
Microepidendrum, Orleanesia, Barkeria and Caularthron. Qual
foi a razão da escolha des gêneros exatamente?
EH: Você precisa ancorar a filogenia com
gêneros que se sabem próximos mas que não sejam
parte de Epidendrum. Este trabalho foi feito em grande parte
por Cassio van den Berg.
ON: Quais foram as características vegetativas que foram mapeadas
na filogenia de Epidendrum e qual o papel exercido por elas?
EH: A arquitetura da planta e a inflorescência.
ON: Poderia nos dar uma idéia de seu hábito vegetativo?
EH: As plantas podem ser basicamente monopodiais
ou simpodiais, a inflorescência pode florir uma vez só
ou produzir novos racimos por anos, ela pode ser racemosa ou dística
com todas as flores no mesmo plano ou se alternando. As espécies
podem produzir brácteas (espatas), como a Cattleya, onde
a inflorescência é protegida pela espata durante o desenvolvimento
anual ou não produzir nenhuma.
ON: Considerando que o gênero Epidendrum é provavelmente
o maior gênero neo-tropical monofilético de orquídeas,
como o senhor disse em sua palestra, o senhor pensa que em função
dos estudos baseados nas seqüências do DNA, ele será
dividido em muitos outros?
EH: Isto depende de onde queremos chegar. Uma
vez que ficou claro que o gênero é monofilético,
quer dizer, derivados de um único ancestral, na minha opinião,
a questão torna-se o quanto isto será útil para
o conhecimento humano e de fácil de identificação,
não importando qual o sistema proposto. Da maneira que o Epidendrum
está estabelecido agora, monofilético, é facilmente
identificável para amadores e botânicos. Se alguém
quer acrescentar seu nome aos autores atuais de espécies, ele
pode perfeitamente propor 1490 novas combinações, mas
ele não adicionará nenhum informação de
valor e tornará a identificação de espécies
tão confusas que isto não ajudará em nada. Com
a informação que temos atualmente, você poderia
dividir Epidendrum em três clades: espécies da América
Central e Mexicanas, espécies dos Andes e espécies com
ampla dispersão mas não há maneira de caracterizar
os três clades já que eles compartilham diversas características.
Por outro lado, você pode dividir Epidendrum em 80 pequenos
e coerentes grupos de espécies, que podem ser definidas pela
combinação de caracteres. Eu acredito que isto deveria
ser feito muito cuidadosamente e em um nível genérico
sendo,
deste modo, desnecessário
mudar a nomenclatura, ainda que o especialista ou o amador possa usar
a informação infragenérica para os detalhes. Entretanto,
em minha experiência, maiores informações serão
obtidas e trabalhos serão desenvolvidos através do neo-trópico
no sentido de se conseguir uma imagem nítida destes pequenos
grupos, seus limites e suas co-relações. Meu próprio
entendimento mudou consideravelmente à medida que adquiri maiores
informações.
ON: Quantas espécies são consideradas hoje em dia como
pertencente ao gênero?
EH: Eu compilei uma lista de 1500 espécies
que eu considero como aceitas. Existem, naturalmente muito mais nomes
publicados.
ON: O senhor muitas espécies nos últimos anos? Quantas?
EH: 450 e ainda tenho mais 100 sendo preparadas.
ON: Quais as espécies com maior dispersão?
EH: As mais espécies de maior dispersão
são as espécies de terras baixas como E. rigidum Jacq.
que é encontrado desde a Flórida, passando pelas Antilhas
até o Brasil, e sua espécie irmã que ocupa o México
e América Central descendo a costa do Pacífico até
o Equador. Outra é o Epidendrum isomerum Schltr. uma espécie
continental ocorrendo desde o México até o Equador no
Pacífico e também na bacia amazônica na Venezuela,
Equador e Peru e da qual ainda não vi material brasileiro. Epidendrum
repens Cogn. tem uma distribuição similar incluindo
ainda as Antilhas. Epidendrum coronatum Ruiz & Pavón
ocorre desde o México central até o Brasil e Bolívia
na Bacia Amazônica. Epidendrum nocturnum Jacq. também
tem uma área de dispersão bastante grande desde o México
e Flórida até o Brasil, mas há muitas outras espécies
que se parecem e não podem ser distinguidas em função
da flor mas pelas hastes, folhas, comprimento do ovário e posição
da cápsula.
ON: Existe um habitat típico para este gênero?
EH: Em todo lugar, desde as áreas pantanosas
a nível do mar até o Páramo na parte mais alta
dos Andes, entretanto eu poderia dizer que a mais alta diversidade se
encontra as florestas de altitudes medianas.
ON: A maior parte é de espécies epífitas ou litófitas?
EH: Eu diria que são basicamente epífitas
e que sua arquitetura variada permite que cresçam ao longo dos
galhos ou se afastando dos galhos, para cima ou pendentes. Em altitudes
médias ou elevadas, elas são frequentemente litófitas,
crescendo nas rochas, nos barrancos ou nas encostas rochosas.
ON: Obrigada, Eric Hágsater.
Epidendrum
amethystinum
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Epidendrum
lacustre
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Epidendrum
rafael lucasii
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Epidendrum
marmoratum
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Epidendrum
porphyreum |

Epidendrum
pseudoschumannianum
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Fotos de Eric Hágsater
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