Hoehne e as orquídeas de sua terra natal

Luiz Menini Neto
Samyra Gomes Furtado

 

Breve biografia

Frederico Carlos Hoehne nasceu em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, em 1882, filho de um casal de imigrantes vindos de Brandenburg (Alemanha) em meados do século XIX e que se conheceram apenas quando chegaram ao Brasil, tendo se casado em 1870 (Stehling 1979; Franco & Drummond 2005). Seus pais se estabeleceram na seção agrícola da Colônia Dom Pedro II (também conhecida como Colônia de Cima), nos arredores de Santo Antônio do Paraibuna (posteriormente denominada Juiz de Fora), atrás do Morro do Imperador (Stehling 1979), onde atualmente se localiza o bairro São Pedro.
Além da agricultura, marcenaria e a montagem de máquinas industriais (Franco & Drummond 2005), seu pai também cultivava e comercializava orquídeas, sendo o responsável por despertar seu interesse por essas plantas desde bem cedo, presenteando-o no oitavo aniversário com um exemplar de Laelia crispa (atualmente, Cattleya crispa).


Colônia Dom Pedro II, Juiz de Fora.
Ao fundo, as florestas onde Hoehne provavelmente realizou suas primeiras “expedições” em busca de orquídeas. Autor da foto: provavelmente Henry Klumb (1872)
Fonte: Álbum da Estrada União e Indústria (Vasquez 1997)

 


Cattleya crispa - foto: SergioAraujo
  Iniciava aí sua própria coleção de plantas, as quais vendia nas ruas da cidade, sendo aí conhecido como o “Alemão das Parasitas” (Stehling 1979). Estudou no Colégio Metodista Granbery, onde concluiu o ensino médio aos 17 anos, em 1899.
Não havia na cidade nenhuma escola superior, sendo necessário continuar seus estudos por conta própria, através de livros especializados que comprava no Rio de Janeiro, aumentando seu conhecimento e sua coleção de plantas, enquanto se mantinha com a venda das orquídeas e sonhava com a descoberta de novas espécies para a ciência (Stehling 1979; Franco & Drummond 2005).

Aos 25 anos, quando procurou o Presidente da Câmara Municipal de Juiz de Fora, sr. Duarte de Abreu, com a sugestão de criação de um Orquidário Público no Parque Halfeld, ouviu uma contraproposta de que deveria aspirar voos mais altos, no Rio de Janeiro, onde teria uma estrutura melhor para trabalhar e realizar seus estudos. Duarte de Abreu prometeu que escreveria a seus amigos, Dr. João Barbosa Rodrigues e Dr. João Batista Lacerda, pedindo que intercedessem por ele em alguma instituição de pesquisa desse município (Stehling 1979). Após essa intervenção, conseguiu naquele ano o cargo de Jardineiro-Chefe do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Nos anos seguintes (entre 1909 e 1913), integrou o corpo de naturalistas das expedições organizadas pelo então Major Cândido Mariano da Silva Rondon aos estados do Mato Grosso e Amazonas, incluindo a Expedição Científica Rondon-Roosevelt (Stehling 1979; Franco & Drummond 2005), com a participação do ex-presidente estadunidense Theodore Roosevelt. Coletou milhares de exemplares de plantas nessas expedições, incluindo espécies não descritas de plantas, que foram depositados no acervo do Herbário do Museu Nacional (R).
No entanto, Hoehne escreveria de vez seu nome na história da botânica brasileira, ao ser convidado para ir trabalhar como funcionário do Estado de São Paulo, em 1917,
tendo contribuído de forma fundamental para a criação do Instituto de Botânica de São Paulo, do Jardim Botânico de São Paulo e do Orquidário do Estado, concretizando o sonho da juventude, de estabelecimento de uma coleção pública de orquídeas, sugerida a Duarte de Abreu, quando ainda vivia em sua terra natal (Stehling 1979; Bocchi 2020). 
Ao longo de sua fabulosa carreira, participou de várias expedições científicas por muitos estados do Brasil e alguns países vizinhos, coletando milhares de exemplares de plantas e inúmeras espécies ainda não descritas.
Foi responsável por mais de 600 publicações, entre artigos, livros e livretos científicos e de divulgação científica,
 
abordando assuntos variados relacionados à sistemática e taxonomia, arborização conservação, recuperação ambiental, cultivo e uso de plantas, etc. (Franco & Drummond 2005; Molina & Norder 2014)) além de ser o responsável pela organização da Flora Brasilica (Hoehne 1940a,b; 1941a,b; 1942a,b; 1945, 1953; Epling & Toledo 1943; Muniz 1947; Nessel 1955; Smith & Downs 1968), uma tentativa de dar continuidade, atualizando e ampliando a Flora Brasiliensis, editada por von Martius, Eichler e Urban (entre os anos de 1840 e 1906).
Descreveu centenas de espécies, predominantemente de Orchidaceae, mas também de outras famílias tão variadas como Aristolochiaceae, Convolvulaceae, Fabaceae, Gesneriaceae, Opiliaceae, Vitaceae, dentre outras (IPNI 2021), realizando de forma plena o sonho que tinha na juventude de encontrar e descrever novas espécies para a ciência.
Foi um dos primeiros e maiores defensores da natureza brasileira, ressaltando a necessidade de proteção da flora nativa, a qual poderia desempenhar um papel importante na constituição da identidade nacional brasileira, embora também defendesse o seu uso e exploração de forma consciente e sustentável (Franco & Drummond 2007; Bocchi 2020).


As orquídeas de Juiz de Fora, a “Princesa de Minas”

     Apesar de coletar por quase todo o Brasil, curiosamente Hoehne realizou o registro de poucas espécies de orquídeas em Juiz de Fora (além de algumas espécies de Bromeliaceae, Mayacaceae e Solanaceae).
    Foram apenas 16 espécies de Orchidaceae coletadas entre os anos de 1910 e 1917, depositadas nos herbários do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R) e Instituto de Botânica de São Paulo (SP) (conforme disponível no sítio www.specieslink.org.br) e listadas abaixo.

Aspasia lunata
SP (Hoehne 39)
Capanemia thereziae R (Hoehne s/nº, R 44763)
Cattleya cernua R (Hoehne s/nº, R 44765)
Cattleya crispa R (Hoehne s/nº, R 35667)
Cattleya loddigesii SP (Hoehne 270)
Cattleya perrinii R (Hoehne s/nº, R 44764)
Maxillaria subulata SP (Hoehne 266)
Gomesa imperatoris-maximiliani R (Hoehne s/nº, R 44762)
Grandiphyllum divaricatum SP (Hoehne 256)
Gomesa praetexta SP (Hoehne 257)
Gomesa uniflora SP (Hoehne 50)
Isochilus linearis SP (Hoehne 267)
Leptotes bicolor SP (Hoehne 254)
Miltonia clowesii SP (Hoehne 225)
Miltonia flavescens SP (Hoehne 42)
Miltonia spectabilis R (Hoehne s/nº, R 35822)

  No entanto, em sua magnífica obra ‘Iconografia de Orchidaceas do Brasil’, o primeiro grande trabalho sobre as orquídeas publicado em português, Hoehne (1949) convida aos leitores, nas suas palavras, a “acompanhar-nos nesta viagem imaginária e todavia real e sem exagero nos cenários que iremos apresentar”, através de uma “excursão mental pelo país” em que recorda “as impressões colhidas nas longas e arriscadas jornadas pelos sertões de nossa amada terra”, realizadas entre os anos de 1895 e 1946.
   Tem o intuito de responder a uma pergunta que “aflora nos lábios dos leigos, que conhecem as Orchidaceas de maiores flores, que encontram nas vitrinas ou nos salões de festa e nunca as viram nas matas secundárias que, eventualmente, visitaram:
Serão as Orchidaceas efetivamente tão abundantes nas matas do nosso país, para causarem impressão ao
 
naturalista estrangeiro?”, uma vez que “muitos escritores afirmam que os naturalistas estrangeiros, de terras mais frias, que pela primeira vez aportam num país tropical, de duas cousas mais se admiram, ao penetrarem numa floresta virgem: dos cipós e das epífitas”.
  Fato é que dedica duas páginas (120 e 121) da “excursão mental” para se lembrar e listar as espécies que encontrara em Juiz de Fora, em suas andanças pelas florestas da ‘Princesa de Minas’, sua terra natal, durante a juventude. É notável, como destacam Franco & Drummond (2005), que a vegetação local já havia sido muito modificada no final do século XIX e início do século XX, por estradas, ferrovias e fazendas de café, mas que aquelas próximas ao sítio onde vivia eram, em parte, bem conservadas, e afirmou que teve nesse local “oportunidades sem conta de observar os fenômenos da natureza”.

 

Vista parcial da Cachoeira do Marmelo (ou de Retiro), onde foi instalada a primeira Usina Hidrelétrica da América do Sul. O local era envolto por florestas às margens do Rio Paraibuna e no alto dos morros. Autor da imagem: Companhia de estrada de Ferro Dom Pedro II (fins do século XIX).
Fonte: Biblioteca Nacional Digital

http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon373814/icon1107030.jpg


  Hoehne, no entanto, cita de forma nominal, ao menos 42 espécies encontradas nas florestas que visitou na região (incluindo 10 das 16 espécies registradas em herbário por ele), com destaque para aquelas do Morro do Imperador (nome dado em homenagem à D. Pedro II, quando de sua visita a essa formação granítica no ano de 1861), dos arredores do sítio onde nasceu e das margens do Rio Paraibuna.
   Abaixo, segue transcrito de forma literal (incluindo a grafia das famílias e espécies citadas) o trecho da excursão mental, relacionado a Juiz de Fora e às plantas que encontrou em suas florestas. O relato dá continuidade à “viagem” que vinha sendo realizada pelo Sul de Minas Gerais, na região de Serraria (em Passa Quatro, após comentar sobre Campos do Jordão), seguindo pelo vale do Rio Paraibuna. Chega à região do atual bairro de Retiro, na Zona Leste de Juiz de Fora, local onde foi instalada em 1889 a Usina Hidrelétrica de Marmelos, posteriormente, à região central da cidade. Na Tabela 1 são listadas as plantas citadas por Hoehne e, em alguns casos, os nomes que atualmente são aceitos.
  “Tôda a zona do vale do Rio Paraibuna é acidentada. Abundam, por isso, as curvas, corredeiras e cachoeiras, acidentes fluviais próprios para o aparecimento de Orchidaceas. Mas estas não variam muito, pertencem sempre às mesmas espécies ou pelo menos aos mesmos gêneros referidos.
  Na cachoeira de Retiro, onde Juiz de Fora instalou a sua primeira usina para a produção de energia elétrica para a sua iluminação e indústria, temos uma maravilhosa ilha literalmente tomada pelo Oncidium Bauerii. Florido, é um espetáculo que zona da tôda a veleidade descritiva. As panículas atingem de quatro a cinco metros de comprimento; são como cipós, alastram-se por entre a ramagem das árvores, debruçam-se sôbre as lianas, formando gigantesco ramilhete, que se abre sôbre a espumante água em torno. No meio dêle exemplares de Miltonia Clowesii, vulgo “Dansarina”, proporcionam contraste estupendo com o amarelo áureo manchado de vermelho, porque suas flores, com sépalos e pétalos amarelados, possuem faixas de castanho-pardo, enquanto o labelo é lilás-róseo, ornado de calos mais escuros sôbre fundo alvíssimo. Justamente êste labelo, com sua lâmina alargada como saiote e acima dela cintado, para destacar, nas asas laterais, o que representaria ombros e braços, entre os quais se coloca a coluna, com suas asas e antera, que formam pescoço e cabeça, evoca a imagem. Espetáculos semelhantes não encontramos em nenhuma outra localidade do Brasil que visitamos.
  Todavia, deve ter sido desprezado e inutilizado há muitos decênios, se não foi guardado contra os orquidioclastas, que nada respeitam e nada aproveitam.Chegados a Juiz de Fora, nossos olhos batem no maciço encimado pela estátua de Cristo Redentor. O bem conhecido Morro do Imperador continua ali imutável com os seus flancos cheios de verdes máculas que são grupos de Bromeliaceas, Orchidaceas e Amaryllidaceas. A sua sombra projeta-se sôbre a cidade que em 1850 não existia senão no pensamento, talvez do Engenheiro Alfeld. O casario ascende hoje até aos pontos em que a negra rocha tem as suas abruptas escarpas, nas quais crescem as ditas plantas.
   Quando menino tentamos escalá-las, largando as botas, para aplicar as plantas dos pés contra o granito áspero, seguindo de touceira em touceira de Bromeliacea ou Cyrtopodium Andersonii, até atingir degráus menos íngremes, para ali descançar, contemplando o artístico jardim de Hippeastrum, Cyrtopodium, Aechmea, Vriesea, Corytholoma, Tibouchina, Vellozia, Barbacenia, Pelexia, Stenorrhynchus, Anthurium, Oncidium, Polypodium e dezenas de outros gêneros de plantas, tôdas tipicamente rupícolas heliofilas e todavia humícolas. Os matizes dessas tão variadas flores constituíam para nós uma paleta da mãi natureza, que se imprimiu na retina depois de cinquenta e oito anos passados.
 
  O olor da Maxillaria picta, como aquêle do Epidendrum Widgrenii e da Encyclia odoratissima, impressionou a nossa pituitaria de tal modo que, até ao presente, encontrando eventualmente essas plantas, a retentiva faz aflorar aquêles dias e aquêles cenários. Acreditamos que a natureza deve ter continuado a ser a melhor defensora dêsse jardim rupestre, mantendo-o inacessível.
  Nas matas que ficam na crista dessa serra, cresciam milhares de exemplares de “Angico Rajado” – Pithecellobium incuriale – e quando florescia o Oncidium crispum, o espaço entre as suas folhas verde-amareladas tornava-se castanho e ouro. Mais viçosos agrupamentos existiam ainda sobre os altaneiros ramos das “Sapopembas” – Sloanea. Podiam contar-se centenares deles, como se os podem ver em São Paulo, em algumas “Figueiras” seculares e no citado “Angico Rajado”. Vetustas árvores tinham os ramos cobertos por tapetes de Sophronitella violacea, ostentavam touceiras lindas do Epidendrum variegatum, E. Widgrenii, E. punctiferum e Encyclia longifolia preferia lugares mais abrigados, onde surgia Elleanthus brasiliensis.
  Ao longo do Ribeirão, da Colônia fundada por Mariano Procópio, existiram matas riquissimas de Orchidaceas. Brejosas era elas e de difícil acesso as árvores em meio do banhado. Nelas viam-se as roxo-lilases flores da Cattleya Loddigesii, em racimos de cinco a oito flores, banhadas na luz, de textura linda, com labelo amarelo-cromo no seu disco. Stanhopea guttulata, Miltonia Clowesii, Oncidium Lietzei, Leptotes bicolor, Lochkartia lunifera e dezenas de espécies interessantes de Maxillaria, tendo entre si Sophronitis cernua, formavam o colorido da paisagem com enormes touceiras de Bromeliaceas, Araceas, Corytholoma epífita entre musgos e samambaias. Mas nos recantos mais sombrios Cirrhaea dependens expandia as flores dos seus racimos delgados e Promenaea stapelioides desabrochava as estrelas maculadas e pintalgadas de castanho sôbre fundo amarelado, ao lado de Gomesa crispa, Tetragamestus modestus e Zygopetalum maxillare sobre o samambaia-assú. Aqui e acolá, podia-se apreciar o efeito de Oncidium pulvinatum – “Orelha de Burro”, ou de O. trulliferum, nas árvores sêcas ou menos ricas de fôlhas.
   Mais adiante, penetrando nas matas das encostas, víamos, nos altaneiros “Jequitibás” e “Cedros”, placas enormes de Sophronitis grandiflora e a linda Laelia crispa, forma roxo-clara, com labelo de bordos purpurinos. Nos lugares mais sombrios, lindos exemplares de Laelia Perrinii e Cattleya bicolor eram comunissimos.
  Retornemos, todavia, ao Rio Paraibuna, que banha e, em tempos idos, se constituía flagelador da cidade de Juiz de Fora, quando numa noite podia fazer o seu nível ascender quatro metros, com eventuais trombas de água caídas nas encostas da Mantiqueira que deixamos mais atrás.
As matas ribeirinhas eram formosas e ricas de Orchidaceas. Entre Mariano Procópio e Chapéu d’Uvas, ostentavam: Miltonia spectabilis, Miltonia flavescens stellata, Laelia Perrinii, Cattleya Loddigesii e sua variedade Harrisoniae, Stanhopea guttulata, Oncidium sarcodes, O. Lietzei, O. trulliferum, O. Forbesii, O. Harrisonianum, O. Hookeri, O. pulvinatum, O. raniferum, Epidendrum Widgrenii, E. fragrans, E. floribundum, E. ellipticum, E. imbricatum, E. ramosum, gigantescos exemplares de Miltonia Clowesii, Stanhopea guttulata, Xylobium squalens e Zygopetalum crinitum. Todavia, a Cattleya Loddigesii e a Laelia Perrinii proporcionavam ali o espetáculo deslumbrante, quando ocupavam, em enormíssimas touceiras, as forquilhas de altaneiras árvores, que da estrada podiam ser avistadas. Eram manchas roxas, entre a folhagem das árvores, que despertavam a atenção mesmo dos menos entusiastas para as Orchidaceas.”





Cartão postal com vista parcial do centro de Juiz de Fora. Destaca-se o Morro do Imperador (Morro do Cristo) ao fundo. Autor desconhecido (1910)
Fonte: Biblioteca Nacional Digital
(http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon1418340/icon1418340.pdf)

 

Vista da Estação Mariano Procópio, localizada em frente à casa de Mariano Procópio Ferreira Lage, responsável pela construção da Estrada União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do Brasil, que facilitou o escoamento do café produzido em Minas Gerais para a capital da nação, Rio de Janeiro. Nota-se ao fundo as florestas na crista do morro (que é a continuação do Morro do Imperador ou Morro do Cristo). Autor da imagem: Henry Klumb (1872)
Fonte: Biblioteca Digital Nacional
(http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or1379801/or1379801_064.jpg)

 

Detalhe da vegetação de áreas outrora existentes em Juiz de Fora, o “Bosque dos Príncipes” (à esquerda) e o “Bosque da Imperatriz” (à direita). Autor das imagens: Henry Klumb (respectivamente c. 1860 e 1872)
Fonte: Biblioteca Digital Nacional
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon574776/icon574776.jpg
http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or1379801/or1379801_068.jpg

   No relato apresentado acima, Hoehne lista diversas espécies observadas na região de Juiz de Fora. Além das próprias espécies citadas, algumas das quais atualmente raras na natureza, chama a atenção a abundância destacada em alguns pontos “... temos uma maravilhosa ilha literalmente tomada pelo Oncidium Bauerii.”; “Vetustas árvores tinham os ramos cobertos por tapetes de Sophronitella violacea...”; “... placas enormes de Sophronitis grandiflora e a linda Laelia crispa...”; “Todavia, a Cattleya Loddigesii e a Laelia Perrinii proporcionavam ali o espetáculo deslumbrante, quando ocupavam, em enormíssimas touceiras...”.
Infelizmente, de modo geral, o panorama que vemos hoje é muito diferente.
   Dentre as 48 espécies citadas e/ou coletadas por Hoehne (Tabela 1), apenas nove foram registradas em coletas nas quatro últimas décadas na região de Juiz de Fora: Capanemia thereziae, Cattleya bicolor, Cyrtopodium glutiniferum, Elleanthus brasiliensis, Encyclia patens, Epidendrum secundum, Isochilus linearis, Gomesa ranifera e Grandiphyllum auricula (Menini Neto & Furtado, em preparação).
   No Morro do Imperador, por exemplo, foram listadas apenas cinco espécies de Orchidaceae, por Pifano et al. (2007), Cyrtopodium glutiniferum, Epidendrum secundum, Habenaria petalodes, Oeceoclades maculata e Sacoila lanceolata, sendo que as três últimas são praticamente espécies ruderais, com alto grau de tolerância a ambientes com forte impacto antrópico. Algo bem diferente do que foi narrado por Hoehne, provavelmente resultado da ocupação imobiliária na crista do morro ou dos incêndios quase anuais, responsáveis por incinerar grandes trechos da vegetação de suas encostas.
   Embora não seja possível afirmar com total certeza que as espécies não mais encontradas estejam localmente extintas, o fato de que as mesmas não são observadas nos maiores fragmentos florestais do município (p.ex. Parque Natural Municipal da Lajinha, Área de Proteção Ambiental Mata do Krambeck, Reserva Biológica Municipal do Poço D’Anta, Reserva Biológica Municipal de Santa Cândida, Morro do Imperador (ou Morro do Cristo)),os quais são mais bem conhecidos, estudados e, de modo geral, mais conservados que os fragmentos menores, reforça uma grande probabilidade de que não ocorram mais na região, ou pelo menos, se
tornaram extremamente raras.

 


   Talvez essa possibilidade seja corroborada pelo fato de que muitas espécies citadas/coletadas estão presentes e/ou são relativamente comuns e têm suas populações resguardadas em unidades de conservação (ou seu entorno imediato) em municípios próximos, localizados na Microrregião de Juiz de Fora, como o Parque Estadual do Ibitipoca (em Lima Duarte), o Parque Estadual Serra Negra da Mantiqueira (em Rio Preto), a Reserva Biológica da Represa do Grama e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Alto da Boa Vista (em Descoberto), a RPPN Chapadão da Serra Negra (em Santa Bárbara do Monte Verde), a RPPN Usina Maurício (em Itamarati de Minas) ou mesmo em extensos fragmentos florestais não formalmente protegidos, mas que apresentam considerável nível de conservação, como a Fazenda Fortaleza de Sant’Anna (em Chácara) (p. ex.: Cattleya coccinea, Cattleya perrini, Cirrhaea dependens, Epidendrum ramosum, Isabelia violacea, Leptotes bicolor, Maxillaria picta, Miltonia clowesii, Oncidium baueri, Prosthechea fragrans, Prosthechea pachysepala, Xylobium squalens, Zygopetalum maxillare) (Menini Neto et al. 2004, 2007; Abreu et al. 2011; Barbosa et al. 2015; 2021, em preparação; Furtado & Menini Neto 2018).
   O nível de degradação da vegetação de Juiz de Fora é patente, como demonstra o mapa, que indica os remanescentes florestais no município, representando algo em torno de 11% de cobertura vegetal, composta predominantemente por florestas secundárias, em geral de extensão reduzida. Essa fragmentação se deve em grande medida aos séculos de derrubadas das florestas nativas da Zona da Mata mineira para o estabelecimento de culturas diversas, com grande destaque para o café (sendo o município um dos mais relevantes produtores do estado até o início do século XX), sobretudo após a decadência das regiões auríferas. No entanto, a própria formação, crescimento e industrialização da cidade, a partir do final do século XIX, têm considerável parcela nesse distúrbio ambiental (Barros 2015). Juiz de Fora detém a quarta população mais numerosa do estado e tem o território mais extenso dentre os municípios da Zona da Mata mineira. A população aumentou de cerca de 85000 pessoas no final da década de 1950 (Valverde 1958) para quase 517000 no censo de 2010, com estimativa em 2020 de cerca de 573000 habitantes (IBGE 2021), representando um aumento de sete vezes, em pouco mais de 60 anos.




Remanescentes florestais no município de Juiz de Fora, Minas Gerais
Fonte: adaptado de base de dados disponibilizada pelo Instituto Prístino
(https://institutopristino.org.br/)

 

  Certamente, o crescimento da população e do próprio município representam grande impacto, mas, obviamente, essa degradação não é recente, pois o próprio Hoehne comenta em trecho um pouco antes daquele transcrito acima “Talvez não encontremos muitos restos de matas junto a êste tributário do Paraíba... Muita devastação deve ter sido exercida ai depois que palmilhamos essa região nos anos de 1895-1902.” (Hoehne 1949), referindo-se às margens do Rio Paraibuna, antes da “chegada mental” à Juiz de Fora. A degradação da Floresta Atlântica é secular, desde a época em que a colônia portuguesa “recém-descoberta”, em 1500, mantinha a metrópole com produtos da floresta (destacadamente o pau-brasil, dentre outras). Essa destruição da vegetação passa pela necessidade de recurso para o estabelecimento de um país “independente” (sobretudo com suas extensas plantações de cana-de-açúcar, café, etc.) e, continuando ainda hoje (com grandes áreas degradadas por pastagens, monoculturas, invasão de espécies exóticas, retirada de madeira e para o estabelecimento de uma população crescente de forma descontrolada). Isso tudo, a despeito do elevado nível atual de conhecimento científico e forte suporte para a necessidade de manutenção da extensão e biodiversidade que ainda nos resta, uma vez que esse domínio fitogeográfico representa um dos hotspots mundiais de biodiversidade (Myers et al. 2000; Tabarelli et al. 2005; Dean 2010; Rezende et al. 2018).        Certamente, Hoehne ficaria
 
bastante triste, como estamos hoje, se pudesse constatar o quanto foi perdido da flora de orquídeas de sua terra natal, cuja beleza foi testemunhada por ele durante a sua infância e juventude em Juiz de Fora. É verdade que ainda encontramos orquídeas nessas florestas. Mas também é verdade que as espécies que se mantiveram e são mais comuns são aquelas que apresentam pouco apelo ornamental, como espécies epífitas de Campylocentrum, Capanemia, Comparettia, Encyclia, Eurystyles, Polystachya, ou terrícolas, como aquelas dos gêneros Cyclopogon, Habenaria, Mesadenella, Oeceoclades, Prescottia, Sacoila, Sauroglossum, provavelmente refletindo a coleta predatória de espécies mais vistosas por ele citadas, como, por exemplo, as espécies de Cattleya e Miltonia, dentre outras. Ainda, muitas dessas espécies remanescentes são mais tolerantes aos ambientes alterados das florestas secundárias (como Catasetum hookeri, Comparettia coccinea, Encyclia patens, Eurystyles actinosophila, Mesadenella cuspidata, Sauroglossum nitidum, etc.) e ambientes fortemente modificados pelas ações antrópicas, como gramados, árvores urbanas e praças (como Capanemia thereziae, Polystachya estrellensis, Oeceoclades maculata, Sacoila lanceolata, etc.). Tal resistência é o que permite sua existência em um ambiente que não tem mais condições de suportar outras espécies mais exigentes em termos de habitat (como Cattleya coccinea, Cirrhaea dependens, Isabelia violacea, Miltonia clowesii, Stanhopea guttulata, dentre outras).

         
  
Conclusão

   Frederico Carlos Hoehne, filho de imigrantes alemães, brasileiro de nascimento e coração, foi um dos grandes defensores de nossa biodiversidade e um dos pioneiros na luta pela conservação de nosso patrimônio natural, o qual, segundo seu ponto de vista seria também, em última instância, responsável pela nossa identidade como nação. Defensor da implantação, desenvolvimento e consolidação das atividades em instituições científicas públicas, cujas ações e incansável trabalho resultaram na criação do Instituto de Botânica e do Jardim Botânico de São Paulo, além de passagem por várias outras instituições e/ou setores de pesquisa. Sempre ávido pelo conhecimento da flora nativa, com grande destaque para as “Rainhas das Selvas”, como tratava carinhosamente nossas amadas orquídeas.
  Esperamos que sua mensagem de amor à natureza nunca seja esquecida e seja transmitida pelas gerações vindouras e que sua luta pelo conhecimento científico e conservação da biodiversidade não tenha sido em vão, embora o caminho que nosso país e, de modo geral a humanidade, vêm tomando nos últimos anos certamente não seria motivo de orgulho para esse ilustre juiz-forano.

Referências

Abreu, N.L.; Menini Neto, L.; Konno, T.U.P. 2011. Orchidaceae das Serras Negra e do Funil, Rio Preto, Minas Gerais, e similaridade florística entre formações campestres e florestais do Brasil. Acta Botanica Brasílica 25:58-70.
Barbosa, D.E.F.; Basílio, G.A.; Silva, F.R.; Menini Neto, L. 2015. Vascular epiphytes in a remnant of seasonal semideciduous forest in Zona da Mata of Minas Gerais, Brazil. Bioscience Journal 31: 623-633.
Barbosa, D.E.F.; Basílio, G.A.; Pereira, L.C.; Gonzaga, D.R.; Chautems, A.; Menini Neto, L. 2021. Too many floristic inventories? The seasonal semi-deciduous forest in the Serra da Mantiqueira in Minas Gerais state answers this question. Rodriguésia: no prelo.
Barros, K.A.R.T. 2015. Levantamento dos fragmentos florestais da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais – Brasil. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Ecologia. Universidade Federal de Juiz de Fora, 189p.
Bocchi 2020. Frederico Carlos Hoehne e a Seção de Botânica: caminhos cruzados entre as ciências, os cientistas e as instituições (1917-1938). Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em Educação Científica, Matemática e Tecnológica. Universidade de São Paulo, 262p.
Dean, W. 2010. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo, Companhia das Letras. 484p.
Epling, C. & Toledo, J.F. 1943. Fascículo 7 - Labiatae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 107p.
Flora do Brasil 2020. 2021. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em 6 abril 2021.
Franco, J.L.A. & Drummond, J.A. 2005. Frederico Carlos Hoehne: a atualidade de um pioneiro no campo da proteção à natureza no Brasil. Ambiente & Sociedade 8(1): 1-26.
Furtado, S.G.; Menini Neto, L. 2018. Diversity high up: a cloud forest of the Serra da Mantiqueira as a vascular epiphyte hotspot. Rodriguésia 69: 263-279.
Hoehne, F.C. 1940a. Fascículo 1 - Orchidaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 254p.
Hoehne, F.C. 1940b. Fascículo 2 - Leguminosae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 20p.
Hoehne, F.C. 1941a. Fascículo 3 - Leguminosae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 100p.
Hoehne, F.C. 1941b. Fascículo 4 - Leguminosae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 39p.
Hoehne, F.C. 1942a. Fascículo 5 - Orchidaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 218p.
Hoehne, F.C. 1942b. Fascículo 6 - Aristolochiaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 141p.
Hoehne, F.C. 1945. Fascículo 8 - Orchidaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 389p.
Hoehne, F.C. 1953. Fascículo 10 - Orchidaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 396p.
Hoehne, F.C. 1949. Iconografia de Orchidaceas do Brasil. São Paulo, Graphicars F. Lanzara/Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 601p.
IBGE 2021. IBGE Cidades – Juiz de Fora. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/juiz-de-fora/panorama>. Acesso em 6 abril 2021.
Menini Neto, L.; Almeida, V.R.; Forzza, R.C. 2004. A Família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Grama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 55: 137-156.
Menini Neto, L.; Alves, R.J.V.; Barros, F.; Forzza, R.C. 2007. Orchidaceae do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais - Brasil. Acta Botanica Brasilica 21: 687-696.
Molina, A.A. & Norder, L.A.C. 2014. A contribuição de F.C. Hoehne (1882-1959) para o pensamento agroambiental brasileiro. Revista Brasileira de História da Ciência 7(1): 70-80.
Muniz, P.A. 1947. Fascículo 9 - Onagraceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 62p.
Myers, N.; Mittermeier, R.A.; Mittermeier, C.G.; Fonseca, G.A.B.; Kent, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853-858.
Nessel, H. 1955. Fascículo 11 - Licopodiaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 131p.
Pifano, D.S.; Valente, A.S.M.; Castro, R.M.; Pivari, M.O.D.; Salimena, F.R.G.; Oliveira-Filho, A.T. 2007. Similaridade entre habitats da vegetação do Morro do Imperador, Juiz de Fora, Minas Gerais, com base na composição de sua flora fanerogâmica. Rodriguésia 58(4): 885-904.
Rezende, C.L.; Scarano, F.R.; Assad, E.D.; Joly, C.A.; Metzger, J.P.; Strassburg, B.B.N.; Tabarelli, M.; Fonseca, G.A.; Mittermeier, R.A. From hotspot to hopespot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in Ecology and Conservation 16(4): 208-214.
Smith, L.B. & Downs, R.J. 1968. Fascículo 12 - Xyridaceae. In: Hoehne, F.C. (org.), Flora Brasilica. São Paulo, Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. 125p.
Stehling, J.L. 1979. Juiz de Fora – A companhia União e Indústria e os alemães. Juiz de Fora, Edição da Prefeitura de Juiz de Fora. 446p.
Tabarelli, M.; Pinto, L.P.; Silva, J.M.C.; Hirota, M.M.; Bedê, L.C. 2005. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade 1(1): 132-138.
Valverde, O. 1958. Estudo regional da Zona da Mata de Minas Gerais. Revista Brasileira de Geografia 20(1): 3-82.
Vasquez, P.K. 1997. Álbum da Estrada União e Indústria. Rio de Janeiro, Quadratim G. 88p.

 

 

Nomes citados por Hoehne (1949)
Nomes aceitos de acordo
com a Flora do Brasil (2021
)
Cattleya bicolor Cattleya bicolor
Cattleya Loddigesii Harrisoniae Cattleya harrisoniana
Cattleya Loddigesii Cattleya loddigesii
Cirrhaea dependens Cirrhaea dependens
Cyrtopodium Andersonii Cyrtopodium glutiniferum
Elleanthus brasiliensis Elleanthus brasiliensis
Encyclia longifolia Encyclia oncidioides
Encyclia odoratissima Encyclia patens
Epidendrum ellipticum Epidendrum secundum
Epidendrum floribundum Epidendrum paniculatum
Epidendrum fragrans Prosthechea fragrans
Epidendrum imbricatum Epidendrum ramosum
Epidendrum punctiferum Prosthechea calamaria
Epidendrum ramosum Epidendrum ramosum
Epidendrum variegatum Prosthechea pachysepala
Epidendrum Widgrenii Prosthechea widgrenii
Gomesa crispa Gomesa crispa
Laelia crispa Cattleya crispa
Laelia Perrinii Cattleya perrinii
Leptotes bicolor Leptotes bicolor
Lochkartia lunifera Lochkartia lunifera
Maxillaria picta Maxillaria picta
Miltonia Clowesii Miltonia clowesii
Miltonia flavescens stellata Miltonia flavescens
Miltonia spectabilis Miltonia spectabilis
Oncidium Bauerii, Oncidium baueri
Oncidium crispum Gomesa imperatoris-maximiliani
Oncidium Forbesii Gomesa forbesii
Oncidium Harrisonianum Grandiphyllum auricula
Oncidium Hookeri Gomesa ranifera
Oncidium Lietzei Gomesa lietzei
Oncidium pulvinatum Grandiphyllum divaricatum
Oncidium raniferum Gomesa ranifera
Oncidium sarcodes Gomesa sarcodes
Oncidium trulliferum Gomesa venusta
Promenaea stapelioides Promenaea stapelioides
Sophronitella violacea Isabelia violacea
Stanhopea guttulata Stanhopea guttulata
Sophronitis cernua Cattleya cernua
Sophronitis grandiflora Cattleya coccinea
Tetragamestus modestus Scaphyglottis modesta
Xylobium squalens Xylobium squalens
Zygopetalum crinitum Zygopetalum crinitum
Zygopetalum maxillare Zygopetalum maxillare

Tabela 1
– Espécies citadas por Hoehne na Iconografia de Orchidaceas do Brasil (Hoehne 1949) e comparação com os nomes considerados aceitos pela Flora do Brasil (2021). Em negrito, na coluna da direita, estão destacadas espécies que foram (re)coletadas nas últimas quatro décadas no município de Juiz de Fora, conforme apresentado no texto

 

Orquídeas citadas no texto


Capanemia thereziae
Catasetum cernuum
Cattleya bicolor
Cattleya cernua
Cattleya coccinea
Cattleya loddigesii
Comparettia coccinea
Encyclia patens
Epidendrum secundum
Eurystyles actinosophila
Habenaria petalodes
Isabelia violacea
Isochilus linearis
Leptotes bicolor
Maxillaria subulata
Miltonia clowesi
Oeceoclades maculata
Oncidium sarcodes
Polystachya estrellensis
Sauroglossum nitidum
Zygopetalum maxillare
Sacoila lanceolata
Miltonia spectabilis
Mesadenella cuspidata
Cyrtopodium glutiniferum

Fotos: Luiz Menini Neto