Uma
espécie recentemente descoberta para o Espírito Santo, Brasil.
Este artigo descreve Pseudolaelia pavopolitana M. Frey, uma espécie oriunda das montanhas do norte do Espírito Santo, Brasil, a menor do gênero e que se diferencia bastante das espécies vizinhas, em particular da Pseudolaelia dutrae Ruschi, também encontrada nestas mesmas montanhas. Apresentamos uma comparação desta espécie com a última e também as informações sobre sua ecologia e distribuição geográfica. Este artigo foi publicado na revista Richardiana Vol V (4), de setembro 2005 nas páginas 203 a 209.
Pseudolaelia
pavopolitana M. Frey TIPO : Brasil, Espírito Santo, Vila Pavão, Morro do Cruzeiro, 18° 39’ S, 40° 33’ W, alt. 350 m aproximadamente, coletada em 2004 (com flores) por M. Frey & L.C.F. Perim, M. Frey 672 (holótipo : MBML, n°24007) ; isótipo (LY) coletado em maio 2005 (com flores) por M. Frey & L.C.F. Perim, M. Frey 851. DescriçãoRizoma de 2,5 a 3 mm de diâmetro, com 2 cm de distância entre os pseudobulbos, revestido de bainhas escariosas, aplicadas, imbricadas, violáceas, 5 a 6 entrenós, pouco ramificado; raízes numerosas, esbranquiçadas, nascendo em todos os pontos do rizoma, simples, com até 15 cm de comprimento; pseudobulbos ovóides, eretos, 2 cm de altura e 1 cm de largura, um pouco achatados lateralmente, 4-5 entrenós, recobertos de bainhas escariosas no primeiro ano, em seguida desnudos, violáceos e multisulcados, com duração de 5-6 anos; folhas de 2-3, com até 8 cm de comprimento e 5 mm de largura, dísticas, nascendo no ápice do pseudobulbo, lineares, com base cingindo a inflorescência, extremidade aguda, dobradas longitudinalmente sobre a nervura central, bastante recurvadas, verde-escuras, glabras, margens lisas, nervura central translúcida; inflorescência podendo atingir 25 cm de comprimento, em geral simples, raramente ramificada, nascendo entre as folhas no ápice do pseudobulbo, até 8 (10) flores se abrindo sucessivamente; pedúnculo de até 15 cm, ereto, cilíndrico, diâmetro de 0,6-0,8 mm, púrpura bastante escuro, revestidos de 6-8 bainhas escariosas, inicialmente imbricadas, depois mais espaçadas, comprimento decrescente de 20 mm a 6 mm; ráquis até 10 cm de comprimento, um pouco arqueado, cilíndrico, diâmetro de 0,4-0,5 mm, púrpura intenso; brácteas estendidas, triangulares agudas, 3 mm de comprimento, marrom claro; pedicelo estendido, com até 15 mm com o ovário, diâmetro de 0,3 mm, ocre claro, ovário de 5 mm × 0,5 mm, verde; flor no tamanho de 16 mm, largura de 20 mm e profundidade de 8-10 mm, bem aberta, horizontal ou ligeiramente nutante; sépalas com 10 mm de comprimento, 3 mm de largura, linear-ovais, extremidade aguda, verde claro ligeiramente amarelada, sépala dorsal um pouco côncava, as laterais estendidas, glabras, margens lisas, 3 nervuras bem visíveis; pétalas com 10 × 1 mm, linear-oblongas, extremidade obtusa, estendidas, verde-claras ligeiramente amareladas, glabras, margens lisas; labelo com 8-9 × 4 mm, trilobado, colado à coluna até a metade desta, formando na parte de trás, com as sépalas laterais, um nectário hemisférico verde, com, aproximadamente 1,5mm de diâmetro, colado ao ovário, os lobos laterais envolvendo um pouco a coluna, com o comprimento de 2,5-3 mm, largura de 0,4 mm, lineares com extremidade aguda retorcida, depois formando um istmo de aproximadamente 1mm de comprimento, dividido em dois calos paralelos semi-cilíndrico, ligeiramente rosas, se desenvolvendo em um lobo trapezoidal alongado de extremidade arredondada, o centro formado de 5-7 calos ligeiramente divergentes, hirsutos, branco um pouco amarelado e a periferia, rosa, fortemente ondulada, com largura de 1 mm aproximadamente; coluna de 2,5 × 1 mm, direita, verde, dilatando em duas asas terminais de margem esbranquiçada que envolvem a antera, terminal, estigma ventral; 8 polínias, amarelo ouro, sub-iguais; cápsulas com 15 mm de comprimento, elipsóides, terminando por uma ‘’tromba’’ cilíndrica que carrega os restos da flor, verdes, as linhas da deiscência vem visíveis em relevo. Ver figura 1 e fotografias. Fig. 1, 1a e 1b: Pseudolaelia pavopolitana M. Frey e detalhes desenho: Marcio Lacerda obtido através do tipo
Habitat
e Distribuição geográfica Discussão Esta Pseudolaelia se distingue por ser a de menor tamanho entre as menores espécies conhecidas até agora (P. citrina Pabst e P. maquijiensis M. Frey). Mas ela difere das espécies do gênero conhecidas por muitas particularidades. Primeiramente, por seu habitat, em uma falésia posicionada em direção ao sul não recebendo praticamente nunca o sol. Também diferencia-se das Pseudolaelia de flores amarelas ou verde-amarelas (P. canaanensis, P. citrina e P. maquijiensis) e das Pseudolaelia de flores rosa e branco (P. brejetubensis, P. cipoensis, P. corcovadensis, P freyi, P. geraensis, P. irwiniana, P. vellozicola e P. x perimii) por ter flores tricolores (pétalas e sépalas verdes-amarelas, labelo rosa e branco). Se quisermos encontrar, de qualquer maneira, um ponto em comum com uma espécie já escrita, nos poderíamos salientar os lobos laterais do labelo muito estreitos e terminando em ponta aguda e enrolada, particularidade que a Pseudolaelia pavopolitana tem em comum com a Pseudolaelia dutrae Ruschi, que, aliás, é bem diferente sob todos os aspectos! Podemos também salientar que o nectário prolonga o labelo para trás e o que acontece também com a P. brejetubensis M. Frey sendo ainda mais desenvolvido. Bibliografia Agradecimentos
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