Cattleya walkeriana |
Este
habitat está localizado em uma reserva
ecológica, a uma altitude média
de1200 metros, no estado de Minas Gerais.
Seu clima é
dividido em duas estações bem definidas:
uma muito seca e com noites frias e outra, muito
chuvosa. Além disso, a região, situada
na bacia de um rio, está em uma zona de
transição de Mata Atlântica
e Cerrado sendo que este último bioma predomina
nas áreas onde a C. walkeriana ocorre.
Existem também grandes extensões
de afloramentos rochosos, onde a vegetação é típica
de campo rupestre.A Cattleya
walkeriana é, geralmente, encontrada
sobre grandes rochas, vegetando a sol pleno ou
apenas sob a proteção de algumas
poucas árvores. Elas podem crescer diretamente
sobre a pedra, entretanto
é mais comum estarem sobre uma camada de
substrato, formando grandes touceiras. É muito
raro vê-la como epífita. Bastante
adaptada
à seca, suporta meses sem chuva, tendo como única
fonte de umidade a névoa das noites
de inverno.
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Um
fato interessante é que quase todas as
plantas estão voltadas para o norte.
A floração ocorre, normalmente, na
primeira quinzena de abril, quando a maioria das
plantas florescem.
O número e o tamanho
das flores variam muito de acordo com o rigor da área
onde as plantas estão localizadas. Em locais
onde a exposição ao sol é mais
prolongada e a umidade é menor, as hastes
costumam portar apenas uma flor pequena.
Além da Cattleya walkeriana, também
podemos encontrar Cattleya loddigesii e Cattleya
x dolosa (híbrido natural entre as
outras duas).
A C. loddigesii é de
rara ocorrência neste habitat específico,
o que pode ser explicado pela falta de uma fonte
permanente de umidade, mas nas matas próximas
ocorre com mais exuberância. Só encontrei
uma planta em uma pedra próxima à uma
mina de àgua. Acho que não seria
correto generalizar e dizer que as plantas de Cattleya
loddigesii desse lugar são rupicolas,
até porque isso é uma anormalidade.
Já a C. x dolosa forma grandes
populações, vegetando nas mesmas
condições da C. walkeriana,
porém separada desta.
As plantas de Cattleya x dolosa encontradas
na natureza possuem um aspecto vegetativo muito
diferente das que normalmente vemos em cultivo.
São maiores e mais robustas. Já seu
período de floração, assim
como nas C. loddigesii, estende-se por
vários meses, começando em março
e terminando em julho.
Apesar de parecer que estas plantas são
abundantes nessa região, isto não
ocorre, já que a área em que ainda
são encontradas é extremamente restrita,
limitando-se a alguns poucos hectares de reserva.
Portanto, é muito importante impedir que
a degradação progrida, evitando,
assim, o desaparecimento dessas plantas tão
exuberantes.
Nesta
mesma serra, ocorrem outras espécies
mas nem todas dividem o mesmo ambiente.
O Oncidium crispum e
o Epidendrum sp estão em áreas
próximas às
walkerianas, só que bem mais úmidas.
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Oncidium
crispum
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Epidendrum
sp
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Cattleya
walkeriana
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Cattleya
walkeriana
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Cattleya
walkeriana durante a seca
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Cattleya
loddigesii
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Cattleya
x dolosa
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Cattleya
x dolosa
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Algumas também vegetam na pedra, outras
na mata ou no campo, mas, em geral é tudo
muito próximo e estes habitats podem
ser assim divididos:
Campo rupestre:
Bulbophyllum
warmingianum e plumosum, Epidendrum
secundum, Pleurothallis johannensis.
Campo alagado (alto da serra):
Phragmipedium
vittatum e Epidendrum dendrobioides.
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Epidendrum dendrobioides
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Campo limpo:
Cyrtopodium triste
Pedreiras:
C. walkeriana, C.
dolosa, Brassavola tuberculata (ou perrinii), Epidendrum (Lanium) avicula, Sacoila lanceolata (nas
fendas), Maxillaria sp., Cyrtopodium
cardiochilum, E.
secundum (sobre Vellozia), Pleurothallis
johanensis.
Brassavola
tuberculata
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Brassavola
tuberculata
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Brassavola
tuberculata
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Epidendrum
avicula
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Pedreiras em
que escorre água no verão:
Bletia catenulata e Habenaria
sp.
Bletia
catenulata
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Habenaria sp |
Borda de mata:
Campylocentrum sp, Polystachya sp.Isochilus
linearis, Sophronitis cernua, Epidendrum (Lanium) avicula, C.
walkeriana, B. tuberculata (ou perrinii), Bulbophyllum
plumosum, Oncidium varicosum var. rogersii
Interior da mata:
Oncidium varicosum var rogersii, Oeceoclades
maculata, Pleurothallis sp, Brassavola
perrinii.
Oncidium
varicosum
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Oncidium
varicosum |
Fotos:
Guilherme de Paula
(1)Guilherme de
Paula Salgado tem 19 anos e é
estudante de engenharia ambiental na UFF.
Tem visitado muitos habitats, sobretudo em
Minas Gerais.
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